HOMENAGEM
AO AMIGO LUIZ VILELA
Lidiane
Ribeiro
Escritora,
Ficcionista[i]
Dia
31 de dezembro é um dia especial, pois é o dia em que se comemora o nascimento
de um mestre da literatura: Luiz Vilela. Desde a infância, esteve rodeado de
livros, pois era caçula e na sua família todos liam e tinham sua biblioteca
particular. Aos 13 anos, começou a escrever. Depois, formou-se em Filosofia, em
Belo Horizonte. Aos 24 anos estreou com os contos de Tremor de Terra, livro
que ganhou, em Brasília, em 1967, o Prêmio Nacional de Ficção. Foi jornalista
em São Paulo e viveu nos Estados Unidos e na Espanha. Também recebeu o Prêmio
Jabuti, em 1974, pela coletânea de contos O Fim de Tudo (1973). E em 2012,
pelo romance Perdição (2011), recebeu o Prêmio Literário Nacional PEN Clube
do Brasil. Narrativas suas já foram adaptadas para o teatro, o cinema e a
televisão, e traduzidos para diversas línguas.
Por
seus quinze livros já lançados, pelos outros já anunciados, pelos prêmios
recebidos, pela qualidade de sua obra, pela disponibilidade com que ensina a
quem, como eu, está começando, eu o chamo de mestre e comemoro esse 31 de dezembro, data do aniversário de
nascimento de Luiz Vilela. Hoje é dia, pois, de brindar e festejar sua saúde,
comemorar com alegria e agradecer sua amizade e suas obras.
Faço
meu agradecimento falando um pouco de algumas coisas que ele me ensinou e um
pouco de seus livros. É meu jeito de agradecer ao amigo a quem chamo,
simplesmente, e carinhosamente, de Vilela.
Assim
que o conheci e falei a ele da minha vontade de me tornar escritora, ele me
falou: “leia muito, quanto mais você ler, mais vai aprimorar seus conhecimentos”.
Segui o conselho, começando, claro, pelos livros dele, todos disponíveis na
Biblioteca Municipal de Ituiutaba. Fiquei fascinada com o conteúdo dos livros,
as personagens, os narradores, o enredo —
todas as suas narrativas, contos, novelas e romances, me envolviam, me
entusiasmavam, me encantavam.
Tendo lido esses livros, foi lançado
aqui em Ituiutaba, agora em dezembro de 2013, o livro de contos Você
Verá. Foi no dia 13 de dezembro, uma sexta-feira, noite inesquecível,
com centenas de amigos e de admiradores, com sessão de autógrafos que seguiu
por horas. Participei passo a passo desse momento e posso testemunhar: foi uma
noite de muitas e fortes emoções, para mim, que acompanhava, e também para o
Luiz Vilela.
Você verá é um livro que prende o leitor a cada
novo conto. É de leitura fácil, de palavras transparentes, que ao mesmo tempo
em que não deixam dúvidas quanto ao que significam, aprofundam sentidos e
sentimentos. Cada leitor interpreta as narrativas de Vilela a seu modo, e
retorna e volta a ler e a reler cada um de seus contos, novelas ou romances sem
se cansar. Ao apresentar minha leitura, quero que minhas palavras sejam de
convite para que cada um que me leia se sinta interessado em também descobrir
os sortilégios da obra do Luiz Vilela.
O primeiro conto do Você
Verá é o “Zoiuda”: “Foi numa noite que ele conheceu Zoiuda. Foi numa
noite”. E Zoiuda se torna presença constante, até que um dia se vai e deixa
saudade...
“Era aqui” é o segundo conto. Um casal,
uma praça, em uma cidade pequena, do interior. Lembranças. Imagens do tempo de
criança. O passado se presentifica.
O terceiro conto tem por título “O que
cada um disse”. Retrata diferentes opiniões sobre uma personagem — e sua
tragédia — que surge no conto apenas pela fala de terceiros: conhecidos
distantes ou próximos, freiras, amigos, colegas da faculdade ou do trabalho, um
especialista em psicologia em entrevista ao jornal.
O quarto conto, “Céu estrelado”, mostra
a noite de ano novo, com suas expectativas transformadas em obrigação — e aí,
cumprir ou não cumprir tais obrigações?
E “Todos os anjos”, quinto conto da
coletânea, o diálogo entre um pai e o filho mostra a curiosidade infantil e a
capacidade inventiva do adulto.
Um dos contos mais tocantes do volume é
“O bem”, o sexto e mais longo conto do livro, exatamente na metade da
coletânea. Mostra dificuldade na rotina diária, na qual um momento simples se
torna importante com o passar dos dias.
“Quando fiz sete anos” é o sétimo
conto. Um criança ganha do avô um presente quebrado. E mais não digo, para não
estragar as surpresas do leitor com a narrativa.
O oitavo conto é “Corpos”, no qual
imagens e cenas tristes, trágicas, povoam o diálogo de pessoas insensíveis aos
acontecimentos que comentam.
“Noite feliz”, é o nono conto.
Imaginação? Solidão? Sentimentos confusos, misturados? Em uma noite de Natal,
uma jovem aguarda o planejado e esperado encontro familiar.
O décimo conto é “Mataram o rapaz do
posto”. A notícia de um assassinato indicia o fim de um bairro tranquilo, de
uma rua pacata... será que ainda há rua pacata em bairro tranquilo no Brasil?
O conto “Você verá”, o décimo primeiro da
coletânea, encerra o volume, com os sonhos de todos nós de um país que realize
os sonhos de prosperidade sonhados quando da construção de Brasília.
Com esse percurso encerro essa
homenagem a Luiz Vilela, o mestre e o amigo, parabenizando-o por fazer parte da
vida de tantas pessoas, como escritor, como personalidade ituiutabana, como
alguém que se doa para todos, na obra e na vida, na ficção e na realidade, aos
familiares e aos amigos, e até aos somente conhecidos, sejam jovens, sejam
experientes.
Para contar sua história, Luiz Vilela,
uma biografia de quinhentas páginas seria pouco. Minha homenagem singela, passe
o lugar-comum, pois que a vida é feita de lugares-comuns, não é mesmo?,
representa algumas linhas dessa biografia aqui imaginada, aqui sugerida.
Agradeço-o por ser o exemplo que é, por ser amigo e ser professor, ser
companheiro nas letras e pelas letras, a cada amanhecer, me ensinar algo.
Parabéns pelo novo livro, o fascinante Você verá, e pelos outros, que
virão. Parabéns pelo aniversário. Continue escrevendo e nos engrandecendo com
suas obras e com seu jeito simples, humilde, que muito nos ensina.
[i] Lidiane Ribeiro nasceu
em 1981 em Ituiutaba, MG. Passou a infância na região rural onde nasceu. Publicou
até o momento seis livros: uma biografia, dois de genealogia, com depoimentos de
diversos familiares, e três de ficção. Contatos: https://www.facebook.com/people/Lidiane-Ribeiro-Borges/100004451824828.