terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Uma entrevista com Luiz Vilela


Você Verá


       Depois de publicar, em 2011, o romance Perdição, você, com o Você Verá, volta ao conto...
      Não, na realidade eu não voltei, porque os contos de Você Verá foram escritos nos últimos dez anos, o mesmo período em que escrevi o Perdição e a novela Bóris e Dóris, publicada em 2006.

      Ao longo de seu percurso literário você sempre transitou entre o conto, a novela e o romance. Como que é isso?
     É simples: eu sou um contador de histórias, e romance, novela e conto são para mim apenas diferentes formas de contá-las.

      Você viveu nos Estados Unidos, depois na Espanha, passou temporadas em Cuba, na Alemanha e no México, mas sempre retornou a Ituiutaba, sua cidade natal, no interior de Minas. É nela que você encontra o maior impulso para escrever?
     O maior impulso para escrever me vem de tudo o que eu vivi nos lugares onde morei ou por onde passei e que ficou registrado na minha memória.

     Quais foram as suas principais referências literárias nos seus inícios como escritor?
     Tendo começado a ler muito cedo e a escrever ficção aos 13 anos, aos 20 eu já tinha lido quase tudo o que mais importava ler na literatura nacional e na estrangeira, e embora eu pudesse destacar aqui alguns autores, prefiro dizer que, de um modo ou outro, todos esses livros me influenciaram.

     Você Verá parece habitado especialmente por personagens mineiros...
      Como sou mineiro e como passei a maior parte de minha vida em meu estado, é natural que alguns de meus personagens tenham traços mineiros, mas não é isso o que mais interessa neles, e sim o que eles têm em comum com pessoas de outros estados e até de outros países. Acho que qualquer pessoa de qualquer parte do mundo que ler os meus contos irá se identificar com os meus personagens.

      Há em vários contos a presença de animais. Qual é a sua relação com eles?
      Eu gosto muito de bichos. Sempre gostei, desde criança, e sempre os tive. Ainda recentemente, eu tinha em casa três gatos: um rajado, um preto e um siamês, branco e bege, da cabecinha preta e olhos azuis. Os dois primeiros morreram de doença, e o terceiro, que era o meu companheiro inseparável, uma noite saiu e, sem que eu saiba o que aconteceu com ele, não voltou mais, me deixando na maior tristeza.

      Alguns contos são marcados por momentos de humor...
      O humor, para mim, é fundamental, não só na literatura, mas também na vida, declaração que já fiz dezenas de vezes e que aqui volto mais uma vez a fazer.

      Outros contos são marcados pelo desencanto...
      Um dos personagens de um dos contos, uma velha senhora, diz: “Do ser humano tudo se pode esperar: das melhores às piores coisas.” Infelizmente são as piores as que mais temos visto. Alguém discordará de mim?...

      Você se dedica inteiramente à literatura. Como é a rotina de um dos escritores mais importantes do Brasil?
      A maior parte do tempo eu passo em casa, escrevendo, resolvendo questões ligadas à minha atividade, lendo os jornais do dia. No restante do tempo eu cuido de minhas necessidades pessoais, quando então geralmente saio à rua e encontro amigos e conhecidos, com quem sempre bato um papo e às vezes tomo um cafezinho ou uma cerveja. É essa, em resumo, a minha rotina.

Luiz Vilela e "Lindo", um de seus gatos

Entrevista de divulgação
Editora Record
Novembro de 2013

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