Você Verá
Depois de publicar, em 2011, o romance Perdição, você, com o Você Verá, volta ao conto...
Não, na realidade eu não voltei, porque
os contos de Você Verá foram escritos
nos últimos dez anos, o mesmo período em que escrevi o Perdição e a novela Bóris e
Dóris, publicada em 2006.
Ao
longo de seu percurso literário você sempre transitou entre o conto, a novela e
o romance. Como que é isso?
É simples: eu sou um contador de
histórias, e romance, novela e conto são para mim apenas diferentes formas de
contá-las.
Você
viveu nos Estados Unidos, depois na Espanha, passou temporadas em Cuba, na
Alemanha e no México, mas sempre retornou a Ituiutaba, sua cidade natal, no
interior de Minas. É nela que você encontra o maior impulso para escrever?
O
maior impulso para escrever me vem de tudo o que eu vivi nos lugares onde morei
ou por onde passei e que ficou registrado na minha memória.
Quais
foram as suas principais referências literárias nos seus inícios como escritor?
Tendo começado a ler muito cedo e a escrever
ficção aos 13 anos, aos 20 eu já tinha lido quase tudo o que mais importava ler
na literatura nacional e na estrangeira, e embora eu pudesse destacar aqui
alguns autores, prefiro dizer que, de um modo ou outro, todos esses livros me
influenciaram.
Você Verá parece habitado especialmente
por personagens mineiros...
Como sou mineiro e como passei a maior
parte de minha vida em meu estado, é natural que alguns de meus personagens
tenham traços mineiros, mas não é isso o que mais interessa neles, e sim o que
eles têm em comum com pessoas de outros estados e até de outros países. Acho
que qualquer pessoa de qualquer parte do mundo que ler os meus contos irá se
identificar com os meus personagens.
Há
em vários contos a presença de animais. Qual é a sua relação com eles?
Eu gosto muito de bichos. Sempre gostei, desde
criança, e sempre os tive. Ainda recentemente, eu tinha em casa três gatos: um
rajado, um preto e um siamês, branco e bege, da cabecinha preta e olhos azuis.
Os dois primeiros morreram de doença, e o terceiro, que era o meu companheiro
inseparável, uma noite saiu e, sem que eu saiba o que aconteceu com ele, não
voltou mais, me deixando na maior tristeza.
Alguns
contos são marcados por momentos de humor...
O humor, para mim, é fundamental, não só
na literatura, mas também na vida, declaração que já fiz dezenas de vezes e que
aqui volto mais uma vez a fazer.
Outros
contos são marcados pelo desencanto...
Um dos personagens de um dos contos, uma
velha senhora, diz: “Do ser humano tudo se pode esperar: das melhores às piores
coisas.” Infelizmente são as piores as que mais temos visto. Alguém discordará
de mim?...
Você
se dedica inteiramente à literatura. Como é a rotina de um dos escritores mais
importantes do Brasil?
A maior parte do tempo eu passo em casa,
escrevendo, resolvendo questões ligadas à minha atividade, lendo os jornais do
dia. No restante do tempo eu cuido de minhas necessidades pessoais, quando
então geralmente saio à rua e encontro amigos e conhecidos, com quem sempre
bato um papo e às vezes tomo um cafezinho ou uma cerveja. É essa, em resumo, a
minha rotina.
Editora Record
Novembro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário