quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Luiz Vilela e Clarice Lispector

LUIZ VILELA E CLARICE LISPECTOR

            No dia 10 de dezembro último, Clarice Lispector, que morreu há 35 anos, faria 93 anos. A data foi lembrada e a escritora homenageada nas principais cidades do país com palestras, amostras e publicações promovidas por várias instituições, dentro da programação Hora de Clarice, que aconteceu pelo segundo ano consecutivo.
            Em 1973, Luiz Vilela, que não chegou a conhecer pessoalmente a escritora, dela recebeu o telegrama que estampamos abaixo. Numa entrevista a Giovanni Ricciardi, em 2007, “Eu escrevo porque gosto de escrever”, Vilela conta como isso aconteceu:
            “Em 72, quando saiu a 3.ª edição do Tremor de Terra, eu tinha à disposição alguns exemplares, e como não havia mais necessidade de enviá-los à crítica, resolvi enviá-los a alguns dos ilustres nomes de nossas letras. Era uma espécie de teste: eu queria ver quem me responderia e quem não responderia. Só um escritor respondeu: Clarice Lispector. Só Clarice, com toda a sua fama de fechada, de estranha, de distante, teve esse gesto de delicadeza. Ela o fez por meio de um telegrama, que guardo com carinho e que na ocasião me deixou muito feliz: ‘Obrigada livro ótimo. Peço escrever-me.’ Aí veio para mim o segundo capítulo da história: ‘Escrever?’, pensei, ‘escrever a Clarice Lispector? Mas o que eu vou dizer a ela?’ Eu tinha, e continuo a ter, pela escritora uma grande admiração, mas era aí mesmo que estava o problema: o que eu ia dizer a uma pessoa que eu admirava tanto e com a qual nunca tivera, até então, nenhum contato? Fiquei nessa indecisão por muitos dias, e acabei não escrevendo. O tempo passou, os anos se passaram, e um dia, ao abrir o jornal, dou com a notícia da morte dela, prematura. Então me lembrei do telegrama e da minha indecisão, e pensei: ‘Eu devia ter escrito...’ Assim somos nós...”
            Na rara palestra que, a convite, Clarice deu em um congresso na Universidade do Texas, em 1963, intitulada “Literatura de vanguarda no Brasil” — palestra que ela daria também, depois, com alguns acréscimos, em cidades brasileiras e que foi incluída no seu livro póstumo Outros Escritos (Rocco, 2005) —, ela diz que “a vanguarda de 1922 continuou frutificando” e cita a seguir, como exemplo, alguns autores, entre os quais Luiz Vilela.
            Em 1967, quando Vilela publicou o Tremor de Terra e com ele ganhou, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção, o Diário de Minas, de 22 de abril, dando a notícia, dizia sobre o autor: “Atualmente é secretário do Departamento de Filosofia, da Faculdade de Filosofia da UFMG, e está inscrito no curso de doutorado da mesma faculdade, preparando tese sobre a escritora Clarice Lispector.”
            A segunda informação é só em parte verdadeira: é que para a efetivação no cargo que passou a ocupar depois de formado no Curso de Filosofia, Luiz Vilela teve de se inscrever no “Doutoramento”, o que implicava na realização de exames iniciais e na futura apresentação de um trabalho acadêmico equivalente a uma tese, quando ele então escolheu como tema a obra de Clarice Lispector.     No início de 1968, sob a alegação de “contenção de verbas”, um grupo de professores da Faculdade foi demitido. Ainda que não desse aulas, Vilela estava entre eles. E, assim, o projeto sobre Clarice foi abandonado, sem ter sido sequer começado.
            Logo depois da demissão, convidado para trabalhar no Jornal da Tarde, Luiz Vilela mudou-se para São Paulo.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Registro da entrega do Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2012


VENCEDORES DO PRÊMIO LITERÁRIO NACIONAL PEN CLUBE DO BRASIL 2012

As três categorias de premiações (Poesia, Ensaio e Narrativa) foram vencidas, respectivamente, por Ferreira Gullar, que recebeu prêmio das mãos da editora Maria Amélia, pelo livro "Em alguma parte alguma", publicado pela José Olympio Editora; Mary del Priore, que recebeu das mãos do historiador Arno Wehling, presidente do IHGB, pelo livro "Histórias Íntimas: Sexualidade e Erotismo na História do Brasil", publicado pela Editora Planeta; e, Luiz Vilela, pelo romance "Perdição", no ato representado pela editora-responsável do Grupo Record, Guiomar de Grammont.
As premiações consistiram na entrega de troféu “PEN”, originalmente concebido pelo escultor pernambucano Cavani Rosas, valor em dinheiro e certificado de participação. Criado em 1938, o prestigioso Prêmio do PEN Clube, considerado um dos mais antigos certames literários brasileiros, ao longo das décadas já foi conquistado pelos mais importantes escritores brasileiros. Restaurado e reestruturado no ano passado, as inscrições são abertas anualmente durante o período de maio a outubro por meio de edital amplamente divulgado. Poderão inscrever-se escritores brasileiros, inclusive por iniciativa de suas respectivas editoras, que tenham publicado livro nos últimos dois anos, sempre excluído o da realização do certame.
Informação publicada em <http://www.penclubedobrasil.org.br/  >,
referente a evento ocorrido no Rio de Janeiro
em 10 de dezembro de 2012.