sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

GPLV RECEBE APOIO FINANCEIRO DO CNPQ


Projeto vinculado ao Grupo de Pesquisa Luiz Vilela
recebe 19 mil reais de Edital CNPQ / Capes

O projeto “Luiz Vilela: Documentário e acervo”, dos pesquisadores Rauer Ribeiro Rodrigues e Pauliane Amaral,  do câmpus da UFMS em Três Lagoas, foi contemplado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) com apoio financeiro em edital para projetos de inovação científica, tecnológica e de inovação na área de Ciências Humanas. O valor total do benefício, 19 mil reais, será utilizado na aquisição de material permanente, que ficará à disposição do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela (GPLV) após a conclusão do projeto, e para custeio tendo em vista a realização de um documentário biográfico sobre o escritor Luiz Vilela.
O GPLV, criado a partir de proposta do professor Rauer a mestrandos ligados à UFMS, foi fundando em 2011 no câmpus de Três Lagoas. Hoje, o GPLV conta com cerca de 20 pesquisadores que desenvolvem trabalhos sobre ou a partir da obra do escritor Luiz Vilela no Programa de Pós-Graduação em Letras e no PROFLETRAS. No momento, o GPLV articula uma série de iniciativas com professores e grupos de pesquisadores de outras instituições, em especial no âmbito da Rede CO3 (Rede Centro-Oeste de Pesquisa e Ensino em Arte, Cultura e Tecnologias Contemporâneas) e com a UFU – Universidade Federal de Uberlândia.
Pesquisadora participante do projeto “Luiz Vilela: Documentário e acervo”, Pauliane Amaral, doutoranda em Letras, também atuou na fundação do GPLV. Sobre a importância do projeto, Pauliane afirma que pode contribuir para o ensino de literatura no ensino regular ao possibilitar que o professor traga para a sala de aula mais uma ferramenta de ensino, o documentário: “Com o documentário, o professor não só terá a chance de apresentar a obra de Luiz Vilela aos alunos de uma maneira diferente, mas também dinamizar o ensino de literatura”. Para o professor Rauer, com a liberação desses recursos por parte do CNPQ, o Grupo de Pesquisa Luiz Vilela ingressa em novo momento, a partir do qual, com outros editais, ampliará seu leque de pesquisas e atividades.
O projeto agora aprovado, inscrito na Chamada MCTI / CNPQ / MEC / CAPES nº 22/2014 - Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas, através do Processo 471856/2014-2, deve ser realizado em até 36 meses e compreende diversas etapas, inicialmente com pesquisa em fonte documental junto ao acervo particular do escritor e entrevistas com Luiz Vilela, e em seguida com as fases finais de edição e finalização do vídeo-documentário. Rauer e Pauliane, no entanto, pretendem concluir o vídeo e disponibilizá-lo gratuitamente para as escolas até o primeiro semestre de 2016.
Mais informações sobre o GPLV, seus membros e o projeto “Luiz Vilela: Documentário e acervo” podem ser solicitadas pelo e-mail < gpluizvilela@gmail.com > ou encontradas no site do grupo: 
                                          
http://www-nt.ufms.br/research/view/id/460


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Whisner Fraga resenha o conto “Tarde da noite”

           O escritor, engenheiro e professor Whisner Fraga resenha seu conto predileto de Luiz Vilela, o “Tarde da noite”, do livro homônimo de 1970. Esse conto, como diversos outros de Vilela, tem, como principal estratégia de construção narrativa, o diálogo, e nele mais uma vez fica evidenciado que o escritor é, conforme afirma Whisner Fraga, “o grande mestre neste quesito, na literatura brasileira e até em termos mundiais”. A resenha foi escrita a partir de uma proposta de Sérgio Tavares e foi publicada originalmente na revista digital Homoliteratura (veja aqui). Reproduzimos abaixo a publicação.




     Whisner Fraga resenha seu conto predileto:                        “Tarde da noite”, de Luiz Vilela



     Posted by: Sérgio Tavares , dezembro 4, 2014


Foto-Whisner-PB



O conto se inicia com um casal em uma cama e com um telefone que toca em um criado no quarto escuro. O homem atende e aos poucos é levado para um mundo estranho e ao mesmo tempo instigante. Luiz Vilela sempre trabalha com paradoxos e diálogos. Ficamos sabendo que, do outro lado da linha, uma moça afirma que vai se matar e que ela deseja que alguém a convença a não fazer isso. Evidentemente, ele pensa que é tudo brincadeira, mas a dúvida o leva a conversar seriamente. Há tempos não sentia o coração pulsar tão rapidamente, aquele frio na barriga, aquela emoção da juventude e, de repente, é ele que não deseja que aquela conversa não acabe mais.
Então, o homem repensa sua própria vida de decisões pretensamente equivocadas enquanto tenta convencer a moça de que tem um futuro à frente e que não é sensato colocar fim à vida dessa maneira. O problema é que vai ficando claro que acredita cada vez menos nisso. Assim, a conversa segue pela madrugada, enquanto a esposa, cansada e rabugenta, não se interessa por dramas alheios e insiste para o marido desligar, que não se acorda alguém assim de madrugada. Vamos percebendo que o homem se envolve com a moça e pensa até, quem sabe, que está tendo um caso.
Não há grandes argumentos, as falas são simples, corriqueiras e o papo prossegue até que, em determinado momento, a garota desliga e não se pode saber mais nada.
Vilela usa, desde seu primeiro livro, o recurso do diálogo. Para mim, o diálogo é uma forma complicada de representar a realidade e a menos verossímil, mas tenho no escritor mineiro um expert nessa arte. Opta pela norma culta para reproduzir uma oralidade que em nada se parece com a língua escrita. Funciona, mas é bom que o leitor tenha em mente que, por mais que se esforce para se aproximar da fala, é apenas uma tentativa frustrada. É uma fantasia dentro de um mundo de ficção. As conversas são lineares, um interlocutor não interrompe o outro, como se fossem um algoritmo, que obedece a uma ordem preestabelecida. Os diálogos na vida real nunca são assim. Mesmo com todas essas ressalvas, não há dúvidas de que o grande mestre neste quesito, na literatura brasileira e até em termos mundiais, é Luiz Vilela.

                     Trecho do conto Tarde da noite, de Luiz Vilela

“Olha, senhorita, sabe que estou quase desligando o telefone?
Pode desligar. A responsabilidade é sua.
Responsabilidade porque?”, falou irritado.
Porque minha vida está em suas mãos.
Ah é né?
Sério. Não estou brincando. O senhor não percebeu ainda? Que minha vida está em suas mãos?”


Trecho do conto x, de Whisner Fraga

“[...]ao ríspido guincho do fusca, que empregávamos para as aulas de volante, quando os trâmites da embreagem desafiavam a coordenação dos seus pés encolhidos nas havaianas, afif, quando um galho amputado se interpunha na promiscuidade entre o pneu e o asfalto e os pelos de duas meninas se ouriçavam com o zurro descautelado do ramo partido e estacionávamos para analisar aqueles seios ressabiados nos coldres do poliéster e da lycra, as convocávamos para um sorvete e também para um cinema, onde aproveitaríamos uma que outra cena umbrosa na insignificância da fita para atacar o crepe daquelas coxas juvenis e quem sabe conquistar a mercê de um beijo. entretanto, afif, o mocinho da película acalcava a inquietação do negrume de um quarto sem janelas ou lâmpadas ou mesmo lampiões ou velas e nesta hora eu interpelava a arrelia dos flashes na mansidão da tela, os olhos escapando da agilidade da palma, que investigava a angustiante morfologia do joelho, daquele pontifício joelho representando a aflitiva transição para o âmbito das responsabilidades. contudo, afif, a ansiedade bordejava pelos subterrâneos da garganta, preparando o sobressalto de um grito e a glutinosa serenidade de um toque a ponderar os estratagemas do zíper de minha bermuda, era a sua audácia, garota, rompendo os entraves até ao termo do que julgava sua obrigação, quando você recolheu o fantoche da glande embrulhado com a casca daquela novidade ondulante e eu já comprovava a vantagem dos filmes em preto e branco para o encobrimento de peripécias. a rebeldia tentacular bamboleando a carenagem do sexo até à catastrófica descarga escalando as suas mãos, menina, e você a emborcar os dedos na língua, extirpando as evidências daquele incidente, para em seguida me oferecer o lenço, para depois hastear a saia e afastar com o desatino do polegar as rendas da lingerie e com o indicador encorajar uma morosa confidência com o prazer.”

Whisner Fraga é professor, engenheiro e escritor. Autor dos livros Coreografia de danadosA cidade devolvidaAs espirais de outubroAbismo poenteO livro da carne e Sol entre noites. Site: www.whisnerfraga.com.br.



Autor de 'Queda da Própria Altura' (Confraria do Vento), finalista do 2º Prêmio Brasília de Literatura, e 'Cavala' (Record), vencedor do Prêmio Sesc Nacional de Literatura - Categoria Contos. Tem textos publicados em jornais, revistas e sites literários nacionais e internacionais.


   Estudos sobre o livro Tarde da noite, de Luiz Vilela,  estão disponíveis em Rauer (2006), Rauer e Kelcilene (2010), e Rauer e Waleska (2013); contos do livro já foram adaptados para o teatro, para a tevê ("Tarde da noite”, Globo) e para o cinema (“Françoise”). 

Há também, no conto, os temas da incomunicabilidade e da solidão, temas que foram estudados em outras narrativas de Vilela, como na tese de Wania Majadas, nas dissertações de Ronaldo Franjotti e de Lucas Gonçalves, em TCC's e em artigos, conforme se pode verificar nos itens listados na aba Fortuna Crítica do Blog. 

Abaixo, reprodução do trecho do conto citado por Whisner tal como consta na 3ª edição, de 1983, da Editora Ática:

       "Olha, senhorita, sabe que eu estou quase desligando o telefone?"
       "Pode desligar. A responsabilidade é sua."
       "Responsabilidade por quê?", falou irritado. 
       "Porque minha vida está em suas mãos."
       "Ah, é, né?"
       "Sério. Não estou brincando. O senhor não percebeu isso ainda? Que                   minha vida está em suas mãos?"

sábado, 13 de dezembro de 2014

LUIZ VILELA E TCHEKHOV

      Denise Sales, mineira de Belo Horizonte, formada em jornalismo pela UFMG, doutora em Literatura e Cultura Russa pela USP, por dois anos repórter e locutora da Rádio Voz da Rússia, em Moscou, e atualmente  professora de Língua e Literatura na UFRGS, publicou várias traduções, entre as quais as novelas Minha Vida e Três Anos, de Tchekhov, e A Fraude e Outras Histórias, de Nicolai Leskov.

      Em março deste ano, Denise deu a Joselia Aguiar uma entrevista para o jornal Gazeta Russa, sob o título de "Uma tradução simples, concisa e profunda para Tchekhov".

      Da entrevista transcrevemos abaixo o trecho "Caminho para a tradução":
     "A formação do tradutor se dá lentamente. É preciso coragem para começar. É importante estar atento, ser curioso, querer aprender cada dia mais", recomenda.
       "No caso da tradução literária, ler é fundamental. Ler as traduções dos mestres, dos colegas, de tradutores de outros idiomas. Ler a literatura nacional, dos clássicos aos contemporâneos. E eleger o que se pode chamar de autores-guia."
        Por exemplo, quando está traduzindo Tchekhov e Mikhail Zóschenko, Denise sempre lê muito Luiz Vilela. "Sim, é um autor brasileiro contemporâneo, enquanto os outros dois são russos do século 19 e da primeira metade do século 20, respectivamente. Entretanto, no estilo dos três há muitas semelhanças e Tchekhov é uma influência declarada na obra de Luiz Vilela."

Para ler a entrevista na íntegra,
clique aqui

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Livro de contos "Você Verá" está no vestibular UEMG 2015

12/12/2014 às 21h32 - http://www.clicfolha.com.br/noticia/41396/vestibular-uemg-2015

VESTIBULAR UEMG 2015

Clic Folha


A Comissão Permanente de Processo Seletivo da Uemg divulgou o edital do Vestibular Uemg 2015 específico para as Unidades de Passos e Divinópolis (além de cursos fora de sede vinculados a essas sedes). Nele, definiram-se os cursos oferecidos, as vagas disponíveis, cronograma ,entre outras informações indispensáveis para quem deseja concorrer a uma vaga no primeiro vestibular público nessas unidades recém-absorvidas pela Uemg.

Serão oferecidas 2.330 vagas em 38 cursos de graduação nas modalidades licenciatura, bacharelado e tecnológicos. As inscrições serão abertas no dia 16 de dezembro de 2014 e seguem até 11 de janeiro de 2015, no endereço eletrônico da Uemg (www.uemg.br).

As Provas Gerais, que abordarão disciplinas e conteúdos do Ensino Médio e uma questão de Redação, poderão ser realizadas no município de Abaeté, Belo Horizonte, Cláudio, Divinópolis ou Passos. Para a realização das provas, foram indicadas as leituras de duas obras literárias: o livro de contos Você Verá, do autor Luiz Vilela, e o livro de ensaios O tempo é um rio que corre, de Lya Luft.

Os cursos de graduação anteriormente oferecidos nessas unidades e que não constam do atual edital serão parte de um futuro vestibular, lançado oportunamente, conforme nota da Pró-reitoria de Ensino da Uemg. Em Passos a Uemg não fará vestibular para os cursos de Letras, Engenharia, Moda e Design e Nutrição, em decorrência da Resolução 459/2013, do Conselho Estadual de Educação – CEE/MG, segundo a qual só deverão ser disponibilizadas vagas para cursos de graduação avaliados in locco.

Procan

O Processo de Seleção Socioeconômica da Uemg (Procan) foi criado de forma a atender os requisitos da Lei estadual n° 15.150/04, de forma a garantir isenção da taxa de inscrição e/ou garantir o acesso ao Ensino Superior a quatro categorias de candidatos, desde que comprovadamente carentes: afrodescendentes, egressos de escola pública, portadores de deficiência e indígenas. Do total de vagas do vestibular, 45% são reservadas a candidatos habilitados pelo Procan, que concorrem somente com pessoas em condições socioeconômicas similares.

Para inscrever-se, o candidato deverá acessar a página www.uemg.br entre os dias 16 e 31 de dezembro de 2014, e no edital do Vestibular Uemg 2015 - Divinópolis e Passos, ler atentamente as instruções para participação.

Sisu

Uma outra opção de ingresso nos cursos da Uemg, além do vestibular tradicional, é o Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que utiliza-se das notas do Enem. 50% de todas as vagas são oferecidas nessa modalidade.

Para participar do Sisu é necessário acessar a página www.sisu.mec.gov.br no início de 2015 e cadastrar-se. A participação no vestibular não impede que o candidato também se inscreva no Sisu.

Para mais notícias sobre o
Você Verá. clique aqui.