quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A primeira notícia sobre "Perdição"

No início de dezembro estará nas livrarias o romance Perdição. Narrativa que nasceu como conto, cresceu como novela e foi finalizada como romance, Perdição vem sendo - já há quase uma década - objeto das entrevistas concedidas por Luiz Vilela, e alguns capítulos curtos foram publicadas em órgãos de imprensa. O GPLV publicou, na digital luiz vilela, o capítulo "Oração aos cowboys".

A primeira menção a Perdição aconteceu na entrevista "Indestrutíveis diálogos", que Vilela concedeu ao jornal literário Rascunho, de Curitiba, publicada no nº 28, ano 3, em agosto de 2002, tendo por mote o lançamento do livro de contos A cabeça.

Eis o trecho sobre Perdição:

E projetos? O senhor está planejando escrever algum novo livro? Ou já o está escrevendo?

Nem uma coisa nem outra. É melhor: eu já estou com um novo livro pronto. Só faltam os retoques finais. É uma novela, a minha terceira, e se chama Perdição. O título é extraído de um capítulo da segunda epístola de São Pedro, chamado "Os falsos mestres": "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá, também, falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E, por avareza, farão de vós negócio, com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." Mas pode também o título, quem sabe, ter sido extraído de uma passagem em que o personagem, depois de dizer que tivera tudo, dinheiro, carro, mulheres, confessa que não tinha mais nada, que perdera tudo. Ou, por que não?, de uma frase do narrador falando dos brincos da mulher que o procura com a aparente intenção de seduzi-lo: "ah, brincos de argolas grandes, minha perdição! será que ela sabia disso? será que ela sabia?" Ou, finalmente, ele não passaria de uma brincadeira do autor com as palavras, numa curiosa paronomásia? São Pedro e Perdição. Qual? Qual deles? O leitor que leia o livro e tire a sua conclusão. Pois mais não diz nem dirá o autor.

Ressaltam no trecho diversos topoi da ficção de Luiz Vilela:

  1. a presença da religião, invocada pelo intertexto bíblico e pela brincadeira com o nome de São Pedro;
  2. o erotismo, aqui na suave lembrança de que os brincos da mulher eram causa de perdição;
  3. o jogo lúdico com a linguagem, na paranomásia entre São Pedro e Perdição;
  4. o humor, próximo ao cáustico na paranomásia, com algo de ironia machadiana quando o narrador reduz momentaneamente a mulher que o quer seduzir a um par de brincos, escorrendo para a sátira na invocação da Bíblia em trecho que fala da mercantilização da religião;
  5. o humano hic et nunca, na tragédia da queda, da história sempre repetida do homem que perde tudo após alcançar sucesso, conquistas e glórias.

Fosse novela, Perdição seria - hoje - a quarta de Vilela, que já publicou, no gênero, O choro no travesseiro (1979), Te amo sobre todas as coisas (1994) e Bóris e Dóris (2006). Sendo um romance, é o quinto na obra de Vilela. Para uma relação completa da bibliografia do escritor, veja a lista no final da biografia, atualizada até o lançamento de Perdição, que consta na aba Luiz Vilela.

Como se percebe, àquela época o romance ainda era visto, pelo autor, como uma novela, na terminologia em que a novela é uma narrativa cuja extensão está a meio caminho entre o conto e o romance. Vilela informa que faltavam apenas "retoques finais". Entre tal informação, a primeira sobre o romance, e o livro ser publicado, quase uma década só nos retoques, o que desvela mais uma característa do artesanato literário de Luiz Vilela: o trabalho constante de refazimento, de polimento, de busca da melhor e mais adequada forma para cada palavra, cada frase, cada período, cada parágrafo, cada fala de cada uma das personagens. Não seria assim, se não fosse Luiz Vilela, para quem, em afirmação que ele certa vez fez e que deveria ser um mantra para todos os escritores: "Uma única vírgula fora de lugar destroi um romance".

(Rr).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Contos de Vilela são adaptados para o teatro


"MECA encena Luiz Vilela"
peça teatral baseada em contos do escritor Luiz Vilela

Dia: 26/11/11
Horário: 20:30
Local: Teatro Vianinha
Direção: Júlio Maciel
ENTRADA GRATUITA

SINOPSE:


"MECA encena Luiz Vilela " é uma adaptação teatral, baseada em seis contos do escritor Luiz Vilela. 

Realizado pelo Grupo MECA, de Ituiutaba, MG, o espetáculo estreou em 2010, como resultado de um processo de pesquisa, criação e oficinas, acompanhadas pelo diretor, convidado pelo grupo, Júlio Maciel.

A peça aborda temas como a solidão, o abandono e as frustrações humanas, através de cenas cotidianas e de diálogos minuciosamente escritos. Essas, entre outras características marcantes do autor, são valorizadas no espetáculo, que mostra personagens e conflitos diversos: 

1) uma paixão entre primos;
2) uma mulher idosa e solitária; 
3) um casal que enfrenta o desgaste da 
relação por suas visíveis diferenças;
e outros mais.

Esses, entre outros personagens, são apresentados em situações-limite; os desfechos dos conflitos que esses personagens vivem são, quase sempre, surpreendentes.

Os contos de Luiz Vilela são realistas, mas trazem em si uma delicadeza poética que se apresenta no que não é dito com palavras, mas no sub-texto sutil das pausas, dos gestos e ações das personagens. Assim também segue a concepção do diretor do espetáculo, cujas cenas são realistas e poéticas simultaneamente.

O resultado é uma montagem teatral que fala de seres-humanos comuns e de sentimentos universais.

REALIZAÇÃO
UFU ONDE O POVO ESTÁ (FACIP)
CTBC
GRUPO MECA 

sábado, 12 de novembro de 2011

Revista do GPLV n.º 1

O primeiro número da digital luiz vilela, acessada no link Revista GPLV, está disponível, trazendo informações gerais sobre o Grupo de Pesquisa Luiz Vilela, apresentando os objetivos da publicação, normas para colaboradores, Corpo Editorial e Corpo Consultivo, endereços físico e virtuais do GPLV, um histórico das pesquisas sobre Luiz Vilela na UFMS, ampla fortuna crítica na qual consta parte expressiva da recepção às obras de Vilela, súmulas com quatro das pesquisas neste instante em andamento sobre o escritor, e - o mais importante - um capítulo inédito do aguardado romance Perdição, anunciado já há cerca de dez anos, e que finalmente será lançado, na primeira quinzena de dezembro, pela Editora Record. Clique e conheça a revista:

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Depoimento ao Itaú Cultural


Durante os "Encontros de interrogação" que o Itaú Cultural promoveram em setembro deste ano, diversos escritores também gravaram depoimentos. Assim como os "Encontros" foram filmados e já estão disponíveis no Canal do Itaú Cultural no You Tube, esses depoimentos também estão disponíveis, no mesmo canal. 

Eis o depoimento de Luiz Vilela, complementado pela leitura do conto "Ninguém":


sábado, 5 de novembro de 2011

"Eu estava ali deitado", de Luiz Vilela


A série Contos da meia noite, que foi ao ar na TV Cultura entre 8 de dezembro de 2003 e 3 de junho de 2005, adaptou vários contos de 60 autores nacionais, e os exibiu de segunda a sexta-feiras no horário da meia noite. Entre os escritores selecionados estavam Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, Machado de Assis, Mário de Andrade, Lygia Fagundes Telles, Antônio de Alcântara Machado, Clarice Lispector e Luiz Vilela.

Os programas foram gravados com Marília Pêra, Matheus Nachtergaele, Antônio Abujamra, Maria Luísa Mendonça, Beth Goulart, Giulia Gam e outros atores.

Reproduzimos a adaptação do conto de Luiz Vilela "Eu estava ali deitado", da obra No Bar, coletânea publicada em 1968. A versão tem como interprete o ator Matheus Nachtergaele.



Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Qv0f1H7DnTA.

 E possível encontrar outras gravações da série Contos da meia noite no You Tube.