sexta-feira, 28 de junho de 2013

Clara Ornellas conclui avaliação externa do GPLV

A pesquisadora Clara Ávila Ornellas, professora-visitante do PPG-Mestrado em Letras da UFMS, entregou na tarde de hoje, em evento que ocorreu em uma sala do Mestrado, a "Avaliação externa do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela - GPLV / UFMS".

A professora proferiu a palestra "Pesquisa em fontes primárias", valendo-se, em diversos momentos, do trabalho desenvolvido pelo GPLV para exemplificar maneiras de elaborar e desenvolver projetos que envolvam fontes primárias e estudos de acervos de fortuna crítica. Além disso, pontuou os procedimentos imprescindíveis para a tarefa de pesquisa na área de Letras e de Estudos Literários.

O estudo da professora sobre as atividades desenvolvidas pelo GPLV contém quarenta folhas, constituindo-se praticamente em uma monografia acadêmica. Para proceder à avaliação, ela colheu depoimentos ou fez entrevistas com professores, com mestrandos, com egressos e com profissionais não ligados à área de Letras, mas com contribuição a fazer quanto às atividades desenvolvidas pelo Grupo, em especial para melhorias do Blog.

Eis o último parágrafo do trabalho:
Espera-se que este relatório contribua para reflexões do GPLV quanto à viabilidade das propostas apresentadas, selecionando as que julgarem cabíveis e passíveis de serem realizadas. Dado recorrente nesta avaliação encerra-se na perspectiva de que o Grupo de Pesquisa tem arregimentado esforços louváveis em relação à divulgação, estudo e informação sobre Luiz Vilela. A interação entre os membros tem se mostrado uma das principais qualidades que se espera quando se tem em mente a criação de um grupo de pesquisa. O incentivo mútuo para a participação em eventos, discussões críticas e publicações, entre outros aspectos, revela outra instância positiva do GPLV, bem como o esforço em conjunto para democratizar toda informação a respeito do escritor. Além disso, como se enunciou várias vezes neste texto, o blog ocupa espaço singular na projeção do autor mineiro e na divulgação de trabalhos científicos a ele atinentes. Esse espaço virtual vem oferecendo novas possibilidades para os estudos literários em termos de divulgação de produções acadêmicas que, em tempos anteriores à criação e popularização da internet era praticamente impossível ou pelo menos de muito difícil realização. E essa inovação fomentada pelo GPLV deve ser muito bem considerada pela comunidade científica brasileira, principalmente no que se refere a pesquisa na área de Letras.
Solicitaremos autorização aos entrevistados pela professora Clara para publicarmos, aqui no Blog, o inteiro teor da avaliação.

Por outro lado, para marcar este momento, republicamos ontem os primeiros registros sobre a criação do GPLV. Para ver, ou rever, essas notas, clique aqui.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O PRIMEIRO REGISTRO SOBRE O GPLV, EM 17 DE MAIO DE 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011            .

4º SEMANA LUIZ VILELA, EM ITUIUTABA, MINAS GERAIS!

por  Rosana  Araújo
Orientador, alunas e objeto de pesquisa
Oi, leitores.

O post de hoje é sobre viagem que eu e as alunas do mestrado Fabrina, Janaina, Raquel, Pauliane e Laura fizemos para Ituiutaba, MG, com o nosso professor orientador, Rauer.

Fomos participar da 4ª SEMANA LUIZ VILELA, nos dia 09 a 13 de maio. A semana foi uma realização da Fundação Cultural e Fundação Educacional de Ituiutaba. 

Luiz Vilela é escritor de diversos livros de contos e romances, entre eles Tremor de TerraO inferno é aqui mesmoOs Novos, No bar e A cabeça, entre outros.

Durante a semana, assistimos a palestras sobre a obra de Luiz Vilela e apresentamos trabalhos a partir do que estudamos no mestrado.

Foi uma semana muito boa, muito produtiva, tiramos dúvidas com o orientador e com o escritor Luiz Vilela, nosso objeto de pesquisa. Compramos livros, visitamos sebos e fizemos umas comprinhas básicas. Hehehe!

Além de fazer umas comprinhas e aproveitar a boa vida de hotel, adorei o passeio e o clima cultural da viagem! Bom demais!



Escritora Alciene Ribeiro Leite
VIlelaaaaaaaaa
  

Eu, Jana e Raquel, no hotel

Apresentando trabalho


Eu e Luiz Vilela






Luiz Vilela
Pauliane e Laura

Autografando meu objeto de estudo, Os novos

Para ver o primeiro post do Grupo aqui no Blog do GPLV, clique aqui; para ver outro registro de Rosana sobre o início do GPLV, clique aqui; e para ver ampla notícia sobre a 4a. Semana Luiz Vilela, clique aqui.

sábado, 22 de junho de 2013

CORRIGINDO UM EQUÍVOCO

           O suplemento literário Pernambuco trouxe, em seu último número, do mês de junho, na seção “inéditos”, um conto de Luiz Vilela, com o título de “Você verá”. Com base em comunicado do autor, este blog informa que houve um equívoco do jornal: o título do conto publicado é “Céu estrelado”. “Você verá” é o título de um outro conto de Vilela, que circulou pela internet e foi depois incluído na antologia coletiva de contos Bem-vindo, publicado pela Bertrand Brasil, em 2012. Além disso, é ele o conto que dá título ao novo livro, de contos, de Luiz Vilela, Você Verá, que sai este ano pela Editora Record.
            Abaixo republicamos o conto “Céu estrelado”.





Céu estrelado


Mesmo sabendo que naquela noite — véspera de Ano Novo — a estrada não teria muito movimento, admirava-se do tanto que ela estava calma. A própria noite, carregada e ameaçadora de chuva nos dias anteriores, irradiava agora a mesma calma, com seu límpido e estrelado céu.
Era bom dirigir assim, tranquilo, sem pressa, depois de mil correrias para sair a tempo de chegar antes da meia-noite, quando todos os da família se reuniriam em sua casa para comemorar a passagem do ano.
Olhou as horas: quinze para as dez. Naquela marcha, devia chegar às onze e meia, mais ou menos. Podia chegar até antes se acelerasse, mas não, não ia acelerar, não ia correr.
"Chega”, disse para si mesmo, “chega de correr.”
Propósitos de Ano Novo? Pois ali estava um bom: não correr. E já começara agora, na véspera, a poucas horas do novo ano, indo assim, bem devagar, contemplando a noite, a estrada — e lá estava, na frente, um... Veja só, um tatu! Parecia paralisado pela luz dos faróis. Apagou-os então, de imediato, e desviou o carro para o acostamento.
"Pode passar, meu caro", ele disse; "antes que alguém passe por cima de você..."
Esperou um pouco. Então acendeu novamente os faróis, e já não viu mais o tatu. Voltou à estrada e seguiu.
Um tatu... Há quanto tempo não via um... Aquela parecia ser mesmo uma noite especial, uma noite...
O celular tocou.
"Alô."
"Bem, onde você está?"
"Estou na estrada."
"Que hora que você chega?"
"Espero chegar à hora que eu disse: antes da meia-noite."
"Já está quase todo mundo aqui."
"É?"
"Quase todo mundo."
"Eu vi um tatu."
"Tatu? Você matou ele?"
"Matei. Eu passei por cima, e ele fez crec!"
"Eco."
"Eu vou levando ele pra te mostrar..."
"Eu não! Deus me livre!"
Ele riu.
"Já está quase todo mundo aqui. Seus irmãos chegaram mais cedo: o Jonas e a Judimar, com as famílias."
Jonas, o Psicopata, e Judimar, mar de ignorância, burrice e mentira.
“O Paulo chegou há pouco e quer o carro para levar a namorada ao clube."
"Ele só aparece quando precisa de alguma coisa, né? Dinheiro, carro..."
"Como, bem?..."
"Nada."
"Sabe quem também está aqui?"
"Quem?"
"A Dona Ofélia."
"Dona Ofélia? A troco de quê?"
"Ela pediu para eu te dizer que ela trouxe as fotos para mostrar para nós, as fotos da viagem que ela fez ao Egito."
"Egito?"
"Espera aí, amor..."
Ele esperou.
"Não é Egito, não; ela está aqui pedindo para eu corrigir: é Patagônia."
"Parecem..."
"É Patagônia, amor."
"Já ouvi."
"Ela está dizendo que as fotos são lindas, que as paisagens são maravilhosas, os desertos... Hem? Como, Dona Ofélia? Espera um pouco, amor..."
"Estou esperando..."
"A Dona Ofélia vai falar com você..."
"Sim."
"Boa noite, José."
"Boa noite, Dona Ofélia."
"É só para fazer uma correção: os desertos; a Léa entendeu mal."
"Sei."
"Eu fiz referência aos desertos do Egito."
"Sim."
"Os desertos do Egito em contraste com as geleiras da Patagônia."
"Sim."
A linha caiu.
Ele ligou o rádio.
Simon e Garfunkel!
"Hello, darkness, my old friend"...
Ele cantou junto, até o fim.
Era mesmo uma noite especial: ligar àquela hora o rádio e dar com Simon e Garfunkel e uma de suas canções prediletas...
Tinha todos os discos deles, todos os LPs — mas havia tempos que, por falta de tempo, não os escutava.
Então outro bom propósito para o Ano Novo: escutar novamente todos os discos de Simon e Garfunkel.
Ah, a década de 60! Quanta coisa... Os sonhos, as lutas, a rebeldia, a coragem, a loucura... O que ficara de tudo aquilo? O que ficara? E ele? E sua vida?
O celular.
"Amor.”
"Quê."
"Eu quero saber se eu já posso colocar o pernil no forno."
"Pode."
"Que hora que você vai chegar?"
"Eu já disse: antes da meia-noite."
"Então eu já posso pôr o pernil?"
"Pode."
"Então eu vou pôr, hem?..."
"Tá."
Ele casara com um par de peitos. Isso: um par de peitos. Depois vira que, por trás dos peitos, não havia nada. Ou, melhor, havia, havia sim: havia o nada.
O celular.
"E aí, campeão?"
"Quem?"
"O Silva."
"Silva?..."
"Sim, meu caro."
"Onde você está, Silva?"
"Adivinha..."
"Só pode ser na firma."
"Não, na firma, não... Sabe onde eu estou?"
"Onde?"
"Sentado confortavelmente no sofá de sua casa."
"De minha casa?..."
"Sim, senhor."
"Hum..."
"Eu trouxe os relatórios para você ler."
"Mas hoje, Silva?..."
"Não, hoje não; claro que não... Mas como amanhã é feriado, eu pensei que você já gostaria de ir dando uma olhada. É só pra agilizar as coisas."
"Hum."
"Só pra agilizar, entendeu?"
"Sim."
"A perspectiva é boa, viu?"
"É?"
"Muito boa. A previsão é de um aquecimento das vendas já a partir de março."
"Sei."
"Está aqui o relatório; quinhentas páginas."
"Quinhentas?..."
"É, mas é que estão aqui também os balanços, as planilhas... Está tudo aqui, reunido."
"Hum."
"Você vai ter uma boa diversão para o feriado; estou até com inveja..."
"É, né?..."
"Ah, Zé, sabe quem está aqui também?"
"Quem?"
"O Teco."
"Teco?"
"O Teco Telecoteco."
"Ah."
"Eu encontrei com ele ontem à noite na rua. Aí eu perguntei: 'Teco, onde você vai passar o reveillon?' 'Em lugar nenhum', ele respondeu, 'eu vou ficar em casa, quieto no meu canto.' 'Não vai, não', eu disse; 'você vai comigo lá no Zé.'"
"Hum."
"Ele topou, e agora ele está aqui também. Ele e a Glorinha, a mulher dele. E o filho, o Pimentinha."
"Sei..."
"Acho que eu não fiz mal em convidar, fiz?"
"Não."
"Como?..."
"Eu disse que não."
"Seja sincero: eu fiz mal?"
"Claro que não, Silva!"
"Ele está aqui, ao meu lado, o Teco. Ele está te mandando um abraço."
"Outro para ele."
"Você já está vindo?"
"Já; eu e minha amiga darkness."
"Quem?..."
"Minha amiga darkness."
"Os meninos estão fazendo muito barulho aqui, eu não ouvi direito..."
A linha caiu.
Ele desligou o rádio.
Dez para as onze.
Uma placa: "Não perca tempo."
Perco sim. Eu agora vou perder todo o tempo que eu puder. Serei o maior perdedor de tempo do mundo. O que você está fazendo aí, parado nesse mesa, Zé? Não estou fazendo nada, estou perdendo tempo, vamos?
Ele riu.
O celular tocou.
"Bem, que história é essa?"
"Ou vocês param de me ligar ou eu vou acabar batendo."
"Quem é essa amiga que está aí com você."
"Amiga?..."
"Essa que está aí com você."
"Não tem nenhuma amiga aqui comigo, Léa; você ficou doida?..."
"Tem sim, eu estou sabendo."
"Como está sabendo?"
"O Silva me contou."
"O Silva?..."
"Ele me contou que você está aí com uma amiga."
"O Silva ficou maluco; ele não entendeu nada. Você está aí na sala?"
"Estou no banheiro, e daqui não saio enquanto eu não souber que amiga é essa."
"Está bem; tem, sim, tem uma amiga aqui comigo: é a darkness."
"Aquela do escritório?"
"Do escritório?..."
"A Joana D'Arc, a Darquinha."
Santo Deus, é hoje...
"Vai cuidar do seu pernil, Léa; vai cuidar do seu pernil, antes que ele vire carvão."
"Pois que ele vire, que o pernil vire carvão e que a casa pegue fogo: eu não saio desse banheiro enquanto eu não souber quem é que está aí com você."
Droga...
"Eu aqui feito uma idiota, nesse calorão, no meio desse povo, assando um pernil e te esperando para dar um abraço, e você me traindo com uma colega de serviço..."
"É..."
"Eu sei que é ela, eu já desconfiava; à hora que eu liguei, eu ouvi a voz dela."
Santa Mãe de Deus...
"Você quer saber de uma coisa? Quer? Que esse seu carro bata e que você e sua amiga morram carbonizados e não sobre nada, tá? Nem cinza."
Ela desligou.
Ele passava diante da mata de eucaliptos, à sua esquerda, e abriu os vidros para deixar entrar o ar perfumado e revigorante.
Eucaliptus citrodorea...
O celular tocou.
Merda!
"Alô."
"Pai?"
"Sim."
"Que hora que você chega?"
"Primeiro a gente diz boa noite; não é, não?"
"Ah, Pai, isso é caretice."
"Caretice, né?"
"Que hora que você chega? Estou precisando do carro pra levar a mina no clube; ela está lá na casa dela, me esperando."
"Hum."
"Eu vou com ela passar o reveillon. Já são onze horas, você já está chegando?"
"Estou."
"Vê se dá uma acelerada."
"Não, não vou dar uma acelerada."
"Você está a quanto?"
"Cinquenta."
"Ah, Pai, vai curtir com a minha cara, é?"
"E vou passar para quarenta; depois trinta; depois vinte; depois..."
O celular foi desligado.
Tabuletas, outdoors — a capital ia aparecendo. Mais quinze minutos e ele estaria à porta de casa.
Quando viu, no horizonte, a comprida faixa de luzes, desviou o carro para o acostamento e parou. Apagou os faróis e ficou algum tempo quieto.
Então deu meia-volta: atravessou a pista e entrou pela estradinha de terra que ia dar na mata de eucaliptos. Quando chegou em frente à mata, ele novamente parou.
Olhou as horas: onze e meia.
Pegou o celular e teclou.
"Léa, eu tive um problema aqui; eu só vou chegar mais tarde."
"Eu sabia."
"Sabia?"
"Sabia que você não ia chegar."
"Então está bem."
Ela desligou.
Ele encostou a cabeça no banco, fechou os olhos e ficou ali, na escuridão, esperando passar o tempo, esperando o Ano Novo passar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

REUNIÃO DO GPLV - CONVITE

Caríssimos gepeelevistas,

Caros estudiosos da obra de Luiz Vilela,

Demais pesquisadores interessados na literatura brasileira contemporânea em geral ou, em específico, na obra de Luiz Vilela,

Convido-os para reunião do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela no dia 29 de junho, sábado, com início às 7h30, na Sala do 3º Ano de Letras, no Câmpus 1 da UFMS de Três Lagoas.

A reunião será dividida em dois blocos, um deles administrativo e outro acadêmico. 

No bloco acadêmico, haverá leitura - e debate - de estudos inéditos sobre a obra do Vilela, de autoria dos presentes, antecipando para os colegas textos que serão apresentados em eventos ou enviados para periódicos no segundo semestre de 2013.

No bloco administrativo, tomaremos conhecimento do teor do relatório das atividades do GPLV em 2011-2012, relatório que a professora Clara Ornellas entregará no dia anterior, e debateremos os projetos propostos para o biênio 2013-2014.

Convido-os, também, a comparecer à entrega do Relatório, no dia 28, às 13h30, no mesmo local da Reunião, momento em que a professora Clara fará uma palestra sobre a importância da pesquisa em acervos literários e com a fortuna crítica dos escritores e o modo de abordar essas questões em pesquisas de mestrado e de doutorado.

Conto com a sua presença. Para organização prévia do espaço, solicito a especial fineza de que me confirme, por e-mail e o quanto antes, a presença.

Cordial abraço,

Prof. 
Rauer.


P
rofessor de Literatura Brasileira na UFMS; Doutor em Estudos Literários pela UNESP de Araraquara; Pós-Doutor pela UERJ; atua no Mestrado em Letras da UFMS de Três Lagoa
 s e no Mestrado em Estudos de Linguagens, na UFMS de Campo Grande
; editor-chefe da 
Guavira Letrascoordenador do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela – GPLV

Grupo de Pesquisa Luiz Vilela: http://gpluizvilela.blogspot.com/

 
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terça-feira, 11 de junho de 2013

Natália Borges defende TCC sobre Luiz Vilela na UCDB

A estudante Natália Borges defende, na tarde de hoje, a partir das 17h, na Universidade Católica Dom Bosco, no Bloco A do Câmpus da UCDB, em Campo Grande, Trabalho de Conclusão de Curso no qual aborda aspectos da 0bra de Luiz Vilela, em particular do romance Entre amigos (1983).

A orientadora do TCC é a professora Angela Cristina do Rego Catonio, presidente da Banca; atuarão como arguidores as professoras Arlinda Canteiro Dorsa e Neli Porto Soares Betoni Escobar Naban.

Nos próximos dias traremos detalhes do trabalho de Natália Borges.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

UMA ENTREVISTA DE LUIZ VILELA

Com exclusividade, damos abaixo, na íntegra, a entrevista que Luiz Vilela concedeu ao repórter Carlos Andrei Siquara, do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, em 28 de maio, quando de sua participação no Ofício da Palavra, do Museu de Artes e Ofícios, na capital mineira. Damos também, a seguir, uma foto batida durante o evento, em que aparece o escritor conversando com o público. Veja ainda, a respeito, neste blog, as matérias jornalísticas aqui postadas anteriormente.




"A LITERATURA É O MEU BRINQUEDO DE ADULTO"

Vilela, seu livro mais recente, o Perdição, publicado no final de 2011 e que ganhou o Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil de 2012, é um romance. O que o fez retornar ao gênero, depois da publicação, em 1989, do romance Graça?
Retornar não seria a palavra, pois eu nunca me afastei do romance. O romance sempre fez parte dos meus projetos como escritor, desde o começo. Quando meu primeiro livro foi publicado, o Tremor de Terra, de contos, eu já tinha escrito várias páginas do que viria a ser o meu primeiro romance, Os Novos, e, acrescente-se, escrito também uma novela, que eu não cheguei a publicar. Assim, e diferentemente do que muitos pensam, eu, além de contos, sempre escrevi romances e novelas. Depois de Os Novos vieram, com intervalos de anos, os romances O Inferno É Aqui Mesmo, Entre Amigos e, então, o Graça. E, depois da novela que eu não publiquei, foram publicadas três novelas minhas: O Choro no Travesseiro, Te Amo Sobre Todas as Coisas e Bóris e Dóris. Para concluir, informo que, além do meu novo livro de contos, que está para sair, eu tenho pronta uma nova novela e quase pronto um novo romance.


Entre o Perdição e os seus outros romances existe alguma relação?
Se relação existe, e ela certamente existe, é pelo fato de os cinco romances terem sido escritos pelo mesmo autor. Não é uma coisa intencional. Quando eu começo um novo romance, eu procuro esquecer os que eu já escrevi e pensar somente nele e em escrevê-lo da melhor maneira que eu puder. Desse modo, cada um dos romances foi, a seu turno e a seu tempo, o melhor romance que eu pude escrever. Se os leitores gostaram ou não, já é outra história. Mas acredito que eles gostaram, uma vez que os romances, alguns deles com mais de uma edição, estão esgotados e só podem ser encontrados atualmente em sebos. Todos eles serão dentro de pouco tempo reeditados.


O que o leva a escrever?
Os motivos são vários e variam ao longo do tempo, de livro para livro. Lembremo-nos que comecei a escrever aos 13 anos, e, como já estou com 70, é mais de meio século de estrada, ou, como gosto de dizer, mais de meio século esfolando a bunda na cadeira. Basicamente, porém, eu diria que o que me leva a escrever é o desejo de contar histórias, de criar personagens. Quando menino, por influência do cinema e das revistas em quadrinhos, eu estava sempre inventando histórias com os meus bonequinhos, histórias de cowboys, de piratas, de soldados... Começando a escrever na adolescência, foi como se a literatura tivesse vindo para substituir os brinquedos da infância. E como eu nunca mais parei de escrever e continuo escrevendo até hoje, costumo dizer que a literatura é o meu brinquedo de adulto.

           
Você Verá é seu novo livro de contos, que será lançado este ano pela Editora Record, na Bienal do Livro do Rio. Os contos são recentes ou mais antigos?
Meu livro de contos anterior é A Cabeça, de 2002. Você Verá, minha sétima coletânea de contos, reúne os contos que eu escrevi de lá para cá, ao longo destes dez anos. São 11 contos. Alguns já foram publicados em jornais e revistas. Outros são absolutamente inéditos. O conto menor tem duas páginas, o maior mais de 20. Os tipos dos contos também variam: há contos em forma de monólogo, contos em forma de diálogo, que é a minha característica mais comentada pela crítica, e outros ainda em outras formas. Há contos trágicos, contos líricos e contos cômicos, e ainda contos em que a tragédia, o lirismo e a comédia se misturam de maneira inextrincável, como, aliás, acontece tantas vezes na vida.


E qual é o conto que você vai ler hoje à noite no Ofício da Palavra?

O conto que eu vou ler é o “Zoiuda”. É um conto pequeno, que abre o meu novo livro. Zoiuda é o nome que o personagem, um rapaz solitário, numa cidade grande, dá a uma lagartixa que aparece em seu apartamento e pela qual ele toma afeição. O conto saiu primeiro no Mais!, da Folha de S. Paulo. Depois, sucessivamente, ele foi incluído em quatro antologias, publicadas por diferentes editoras: uma comum, com outros autores, outra didática, outra paradidática e, por fim, uma só de contos meus. Ele circula também na internet. Em 2004, na Flip, eu o li para o público e, modéstia à parte, fui muito aplaudido. Espero que o mesmo aconteça hoje à noite, no Ofício da Palavra. Se acontecer, ficaremos muito felizes: eu, o rapaz do conto, e, é claro, a Zoiuda...