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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

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Em abril de 1967, em Belo Horizonte, o jovem Luiz Vilela, então com 24 anos, lançou seu primeiro livro, Tremor de Terra. Na noite do lançamento, chegou de Brasília o telegrama com a notícia de que aquela coletânea de contos ganhara o Prêmio Nacional de Ficção, desbancando alguns escritores consagrados e gerando saborosas histórias de bastidores. O volume se firmou, sendo seguidamente republicado por editoras de alcance nacional, e chega agora – nos seus 50 anos – à 10ª edição, constando das leituras obrigatórias do vestibular da UNIMONTES. Por seu lado, Luiz Vilela se consolidou como um dos maiores contistas da literatura brasileira em todos os tempos, e atualmente seus lançamentos – romances, novelas ou contos – alcançam repercussão crítica e obtêm premiações expressivas. Trataremos, neste minicurso, dos contos do livro, apresentado inicialmente um panorama da sua diversidade formal, estilística, e discorrendo sobre algumas das invariantes temáticas que retornarão obsessivamente nas obras posteriores do escritor. Em um segundo momento, à maneira de uma oficina pedagógica, trabalharemos coletivamente na análise de alguns dos contos, aprofundando as questões gerais apontadas na primeira parte do curso.
Leituras prévias: Tremor de terra, de Luiz Vilela. (Recomenda-se que o livro esteja em mãos durante o curso.)
Data: 18 de Outubro, 2017
Horário: 08:00 – 12:00 | Local: Unimontes
Vagas Limitadas
Para se inscrever entre em contato pelo e-mail: crimesnaliteratura@gmail.com 
o minicurso é gratuito para inscritos no evento.
Público alvo: Estudantes das licenciaturas em letras e professores de Literatura que atuam no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Confira a programação completa do IX Seminário de Pesquisa e Criação Literária do Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários da Unimontes:

segunda-feira, 20 de março de 2017

Diversas atividades confirmadas para Seminário em Ituiutaba

        Diversos nomes e atividades estão confirmadas para o 8º Seminário do GPLV, que acontecerá em Ituiutaba de 18 a 20 de abril, em paralelo às comemorações pelos 50 Anos do Tremor de Terra.

Confira a programação geral aqui.

Faça aqui sua inscrição.

E confira as normas aqui.


       Para debater os projetos de pesquisa em anda-mento no âmbito do GPLV estarão em Ituiutaba os professores Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha (UFU), Wilton Barroso Filho (UnB) e Yvonélio Néri Ferreira (UFAC). Esses professores, a eles se juntando a professora Wania Majadas (Faculdade UNIDA, Goiânia), também farão palestra. Os professores Wilton e Yvonélio ministrarão minicurso, na área intrínseca dos estudos literários, e também será oferecido minicurso na interface do ensino e da escolarização da literatura, por Karina Torres Machado.

        Também teremos sessões de comunicações, feitas para estudiosos da literatura e professores de Ituiutaba e região interessados no tema, e os pesquisadores do GPLV irão a diversas escolas da cidade para falarem sobre a obra de Luiz Vilela a estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio.

          Veja mais informações aqui.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Pesquisadores do GPLV apresentam comunicações na ABRALIC

Três integrantes do GPLV participaram, na semana passada, de 19 a 23 de setembro, do XV ENCONTRO ABRALIC, Associação Brasileira de Literatura Comparada. o evento aconteceu no Rio de Janeiro, na UERJ, sob o título "Experiências literárias, textualidades contemporâneas"

O coordenador do GPLV, Professor Rauer Ribeiro Rodrigues, apresentou no simpósio “Literatura e Dissonância” a comunicação “Cartas ao Pai: Vozes Dissonantes em Luiz Vilela e Franz Kafka”, escrita em coautoria com a pós-doutoranda Eunice Prudenciano de Souza e o doutorando Rodrigo Andrade Pereira.

No mesmo simpósio, a doutoranda Pauliane Amaral apresentou a comunicação “A ausência do narrador e o protagonismo das personagens em “O Que Cada Um Disse”, de Luiz Vilela: entre cortes e enquadramentos”. Por outro lado, no simpósio “A História Da Literatura Como Problema: Reflexões Sobre A Crise Permanente Nos Estudos Diacrônicos De Literatura”, Pauliane Amaral apresentou a comunicação “O advento dos estudos (auto)biográficos: entre a ascensão do privado e a identidade do autor”. Também nesse simpósio, Rauer Ribeiro Rodrigues apresentou a comunicação “O conceito de epifania: dissonâncias críticas”.

Por fim, a doutoranda Elcione Ferreira Silva, no simpósio Ficção Brasileira Contemporânea em Perspectiva Comparatista”, apresentou a comunicação “Os Sentidos Dos Silêncios Representados Pelas Personagens Protagonistas em Ricardo Ramos e Luiz Vilela”.

Veja, abaixo, os resumos dos simpósios e das comunicações.

 

XV ENCONTRO ABRALIC


André Dias (UFF), Marcos Pasche (UFRRJ)
e Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS)

Resumo: A proposta do simpósio é examinar a manifestação da dissonância em diferentes obras literárias das mais variadas nacionalidades, com vistas a compreender o modo pelo qual alguns autores se constituíram, através dos discursos literários, como vozes questionadoras de seus tempos, sociedades e condições existenciais. O tema está associado aos artistas e intelectuais que analisaram de maneira profunda aspectos primordiais de diferentes épocas e construíram uma crítica contundente aos mais distintos valores presentes nessas realidades sociais. A ideia central é abrir espaço para o diálogo entre pesquisadores que investigam variados autores, cujas obras expressam inquietações e questionamentos, tanto na esfera social, quanto na ideológica ou na existencial. O que se espera é que os trabalhos apresentados no âmbito do Simpósio Literatura e Dissonância discutam, entre outras questões, o problema teórico do intelectual frente às variadas ideologias, quer sejam elas hegemônicas ou não, e o problema histórico dos escritores diante do status quo, manifestado na esfera da política, da moral, dos costumes, da economia, etc. Mikhail Bakhtin, falando sobre o grande tempo histórico e o trabalho dos escritores, chama atenção para o seguinte fato: “o próprio autor e os seus contemporâneos veem, conscientizam e avaliam antes de tudo aquilo que está mais próximo do seu dia de hoje. O autor é um prisioneiro de sua época, de sua atualidade. Os tempos posteriores o libertam dessa prisão, e os estudos literários têm a incumbência de ajudá-lo nessa libertação.” (BAKHTIN, 2003, p. 364). Sendo assim, ao abordarmos a temática Literatura e Dissonância, temos clareza de que todo autor, para o bem e para o mal, é antes de tudo um homem de seu tempo. Desse modo, aos que se ocupam da investigação literária cabe a desafiadora tarefa de, dialogicamente, atualizarem os diversos discursos literários produzidos nos mais variados tempos e espaços históricos. Agindo assim, os estudiosos da literatura contribuirão para manter a vivacidade de distintos autores e suas obras. Sobre a criação romanesca, o pensador russo adverte que “o autor-artista pré-encontra a personagem já dada independentemente do seu ato puramente artístico, não pode gerar de si mesmo a personagem, esta não seria convincente” (BAKHTIN, 2003, 183-184). Em outras palavras, nenhuma personagem é fruto do gênio criador de um autor adâmico, pois a matéria de memória da literatura está no mundo social, local de onde os escritores extraem os motivos para criar. De maneira análoga, a palavra do outro é fundamental para a tomada de consciência de si e do mundo, segundo aponta ainda Bakhtin: “como o corpo se forma inicialmente no seio (corpo) materno, assim a consciência do homem desperta envolvida pela consciência do outro” (BAKHTIN, 2003, p. 374). Dessa forma, as premissas bakhtinianas apresentadas aqui fundamentam o desenvolvimento das nossas reflexões e ajudam a ampliar os sentidos das análises. O fórum, observada a perspectiva da dissonância no campo dos estudos literários e do comparativismo, acata propostas que vão desde o enfoque do ensino da literatura, passando pela questão do trabalho crítico, até chegar à discussão teórica das experiências literárias e da diversidade de textualidades contemporâneas. Seja no espaço das territorialidades, cujos limites se esvaem diante da instantaneidade das comunicações globais, seja no âmbito do regional esvaziado no mesmo diapasão em que os conceitos de literatura e de literariedade vigentes nos séculos XIX e XX perdem sentido com as realizações e as propostas estéticas dos autores do século XXI , procura-se o dissonante na antiga ordem hierarquizada, no recente e finado mundo bipolar ou no universo multilateral que se instaura. Há que se considerar, ainda, estudos comparativos entre autores que, mesmo distantes no tempo e no espaço, fixam a seu modo o questionamento de valores hegemônicos e não hegemônicos. Tais autores, independente se no espaço da prosa ou no da poesia, acabam por constituir uma aproximação literária mediada pelo estado de permanente inquietação. Do ponto de vista da historiografia literária, qualquer que seja o modo analítico proposto, os problemas se sucedem, pois os últimos anos têm sido de deslocamentos incessantes dos postulados teóricos. Tais deslocamentos transformaram os embates com o mundo concreto cada vez mais inglórios, considerando a acelerada mutabilidade das circunstâncias sociais, políticas, históricas e das representações simbólicas, no âmbito das artes em geral e da literatura em particular. Levantar questionamentos, de preferência contundentes, e, eventualmente, produzir alguma conclusão, ainda que dissonante e provisória, é o que se espera alcançar com o presente Grupo de Trabalho, cuja sequência de participações na Abralic, sempre com intensa adesão dos colegas, indica a importância e a pertinência do debate proposto. 

Palavras-Chave: Dissonância; Literatura; Poesia; Prosa

Referências:

BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I: a estilística. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2015.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 

BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Cia das Letras, 2002. 

DIAS, André. Lima Barreto e Dostoiévski: vozes dissonantes. Niterói, RJ: Editora da UFF, 2012.

SARTRE, Jean-Paul. Que é literatura? Trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Ática, 1989. 

TEZZA, Cristovão. Entre a prosa e a poesia: Bakhtin e o formalismo russo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003. 

TEZZA, Cristovão. O espírito da prosa: uma autobiografia literária. Rio de Janeiro; Record, 2012. 

VARGAS LLOSA, Mário. A verdade das mentiras. Trad. Cordelia Magalhães São Paulo: ARX, 2004.


A AUSÊNCIA DO NARRADOR E O PROTAGONISMO DAS PERSONAGENS EM “O QUE CADA UM DISSE”, DE LUIZ
VILELA: ENTRE CORTES E ENQUADRAMENTOS

Pauliane Amaral (UFMS)

Considerando que cada autor edifica ao longo de sua obra uma determinada voz, associamos a do escritor mineiro Luiz Vilela ao protagonismo do discurso direto como estratagema narrativo. Essa peculiaridade, que transpassa grande parte dos contos, romances e novelas do autor, é o ponto de partida para uma proposta de leitura do conto “O que cada um disse”, que integra a coletânea Você Verá (2013) e que apresenta o discurso direto em uma configuração diferente das já vistas em outras narrativas do autor. Nesse conto, o diálogo entre as personagens se dá apenas quando seus depoimentos surgem lado a lado e quando se percebe que essas personagens se reportam a um mesmo interlocutor. Porém, além do interlocutor, enunciado apenas por inferências coletadas nas pistas dadas pelo discurso de cada personagem, há nesse conto o que Rauer Ribeiro Rodrigues – Faces do conto de Luiz Vilela (2006) – chama de “narrador ausente”, quando há o apagando de qualquer marca de enunciação do narrador. A ausência do narrador subsumido pelo testemunho gera um efeito de sentido sui generis: permite às personagens representarem através de suas falas diferentes esferas sociais, gêneros, faixa etária etc., gerando na malha textual o que Mikhail Bakhtin chama de heterodiscurso. A dissonância encontrada nas vozes dessas personagens surge do contraste entre cada “língua comum”, ou seja, do contraste entre a linguagem falada e escrita em determinado círculo, segundo a acepção de Bakhtin. Essa forma de narrativa dialoga, por sua vez, com a linguagem cinematográfica, quando transforma o leitor em espectador, omitindo (com exceção dos créditos iniciais, que no livro equivaleria ao nome do autor impresso na capa do livro) a presença do narrador como um mediador, um intermediário entre as escolhas do autor-criador e a fruição do leitor, estreitando ao máximo a distância entre essas duas instâncias narrativas. Prosseguindo com a analogia, podemos comparar os blocos narrativos do conto com as cenas de um filme que, montadas em determinada sequência, dão ao leitor instrumentos para apreender as camadas profundas da história. Mas o narrador desse conto funciona menos como um diretor que orienta a ação dos atores/personagens e mais como um editor, que seleciona o que será exibido ao espectador/leitor. Assim, encontramos nesse conto recursos de linguagem também compartilhados pelo cinema, como enquadramentos, planos, ângulos e movimentos de câmera, só para citar alguns dos elencados por Marcel Martin em seu clássico livro A linguagem cinematográfica (1955). O movimento de edição, por exemplo, em que se selecionam trechos da fala de cada personagem, remete ao momento do próprio exercício de criação, àquele momento em que o autor-criador decide o que é essencial ou não ao seu texto. Assim conjugadas, a força da oralidade da “língua comum” de cada personagem, acrescidas da ausência de um narrador nos moldes convencionais (e aqui pensamos nas categorias propostas por Gerárd Genette em 1972 no livro Figures III) e o empréstimo de recursos da linguagem cinematográfica marca não só uma escolha estética, como um posicionamento ético do autor-criador, que faz pulsar no texto diferentes vozes sociais


CARTAS AO PAI: VOZES DISSONANTES
EM LUIZ VILELA E FRANZ KAFKA

Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS), Eunice Prudenciano de Souza (UFMS) e Rodrigo Andrade Pereira (UFMS)

A proposta deste artigo é estabelecer diálogo comparativo entre o texto epistolar Carta ao Pai (1919), de Franz Kafka, e o conto, em formato epistolar, “Carta”, da coletânea O fim de tudo (1973), de Luiz Vilela. Observamos, no conto de Luiz Vilela, a retomada da tradição do pater families absolutista, paradigmática em Kafka, na clave da dissonância, pois encena a releitura do acerto de contas fazendo do pai figura que ­­paradoxalmente oprime na ausência de autoridade, na fraqueza da inação. Para comprovar tal perspectiva, utilizamos, como base teórica, o ensaio “Tradição e Talento Individual” (1919), de T. S. Elliot, o livro Lima Barreto e Dostoiévski: vozes dissonantes, de André Dias (2012), e proposições de Ângela Maria Dias (1981) em O resgate da dissonância: sátira e projeto literário brasileiro.

Referências:

DIAS, Ângela Maria. O resgate da dissonância: sátira e projeto literário brasileiro. Rio de Janeiro: Antares; Inelivro, 1981.

DIAS, André. Lima Barreto e Dostoiévski: vozes dissonantes. Niterói, RJ: Editora da UFF, 2012.

ELIOT, T. S. Tradição e talento individual. In: ______. Ensaios. Trad., introdução e notas de Ivan Junqueira. São Paulo: Art, 1989. p. 37-48.

KAFKA, Franz. Carta ao Pai. Trad. Modesto Carone. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.

VILELA, Luiz. O fim de tudo. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.


Simpósio: Ficção Brasileira Contemporânea
Em Perspectiva Comparatista

Anne Begenat-Neuschaeffer (Aachen, Alemanha)
e Helena Bonito C. Pereira (UPM)

Resumo: Atualmente, o acompanhamento da produção literária parece exigir maior atenção por parte dos pesquisadores de teoria, crítica e historiografia literárias, em razão da migração do espaço crítico dos periódicos e de toda a mídia impressa para sites e blogs, com variáveis graus de confiabilidade. A teorização sobre o nosso tempo, no contexto dos avanços tecnológicos que interferem diretamente na veiculação dos produtos não deixa de constituir um risco adicional ao desafio de tentar compreender os sentidos da ficção no mundo contemporâneo. Esta proposta visa discutir aspectos da produção ficcional brasileira publicada dos anos 70 até a atualidade, à luz da literatura comparada, que aqui se compreende como território das múltiplas conexões tanto entre textos de origens culturais diversas, quanto entre textos provenientes de outras artes que suscitam diálogos com a literatura. A amplitude da proposta exige delimitações que a tornem compatível com a duração de um simpósio, sem prejuízo de possíveis desdobramentos no futuro. Dessa forma, a perspectiva comparatista comporta duas vertentes, uma no sentido temporal e espacial, abrigando estudos sobre literatura brasileira recente em relação a literaturas lusófonas, em especial a portuguesa, a angolana e a moçambicana. Em outra vertente, o simpósio acolherá trabalhos que examinem relações de textos literários com outras formas artísticas, preferencialmente o cinema e a pintura. Quanto aos textos ficcionais para discussão, espera-se que, em paralelo à temática de ordem sócio-político-cultural, neles se identifiquem marcas estéticas: consciência do fazer literário, reflexões sobre a linguagem, construções metalinguísticas e intertextuais de vária ordem. Narradores múltiplos e diferentes pontos de vista tanto podem contribuir para o fragmentarismo formal, como podem assimilar vozes outrora excluídas. Quanto à produção recente, não só no Brasil, os romances quase sempre se associam à vida nas metrópoles, veiculando temas como a perda de identidade e de referências, desagregação social e violência, em um contexto diferente do que ocorria sob a repressão de regimes anteriores, mas não menos grave. Por outro lado, ainda há lugar para a narrativa de caráter intimista, a expressão da subjetividade, a “escrita do eu”, a autoficção, e ainda para reinvenções, como a do romance histórico, por meio da metaficção historiográfica. Um romance é uma história que se conta, portanto estão entre seus componentes essenciais uma trama instigante em que atuem personagens consistentes, propiciando ao leitor a possibilidade de reconhecer na ficção seres próximos da realidade humana. Esse reconhecimento significa uma identificação de assentimento ou de negação, sendo que esta última redunda no surgimento de anti-heróis, sobretudo no contexto das metrópoles. Ao lado de espaços e tempos, elementos enriquecedores do conteúdo narrado, destaca-se como componente essencial nesse conjunto a figura do narrador, ou melhor, dos narradores. O narrador em 3ª pessoa, que tentava enunciar de modo imparcial, ausentou-se decididamente da literatura contemporânea. Hoje encontramos narradores múltiplos, expressando-se por meio de vozes que se alternam entre 1ª e 3ª pessoa e que mergulham sem hesitar na interioridade das personagens. São criativos, irônicos e não hesitam em expor o estatuto da obra de ficção, ou seja, referem-se ao próprio fazer literário ou à própria obra enquanto produção em andamento. A aguda autoconsciência, face explícita da reflexividade, é um traço marcante não só da ficção literária, como também da ficção cinematográfica, da pintura e de outras formas artísticas. A redução do espaço da literatura no mundo da mídia encontra seu contraponto nas numerosas “feiras” ou “festas” literárias e nas premiações que, ano a ano, destacam escritores e obras das literaturas em língua portuguesa. Mencionem-se, como corpora (sem exclusividade) para os trabalhos deste simpósio, Cristóvão Tezza, Milton Hatoum, Elvira Vigna, Luiz Ruffato no Brasil; Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge, valter hugo mãe em Portugal; José Eduardo Agualusa, Pepetela em Angola; Paulina Chiziane, Mia Couto, em Moçambique, e tantos outros, contemplados ou indicados em prêmios (Oceanos, ex-Portugal-Telecom, Prêmio Jabuti, Prêmio Camões etc.) A possibilidade de aproximar a literatura de outras realizações artísticas comporta estudo de obras literárias como, por exemplo, Estorvo, Benjamim ou Budapeste, romances de Chico Buarque recriados no cinema, e ainda, em outra perspectiva, os diálogos da narrativa literária com a pintura, em Cinzas do Norte, de M. Hatoum, ou O menino oculto, de Godofredo de Oliveira Neto. Pretende-se, enfim, neste simpósio, discutir a ficção contemporânea em perspectiva comparatista, por meio de seus diálogos no mundo lusófono e em suas interações com outras formas artísticas. 

Palavras-Chave: literatura comparada; literaturas lusófonas; ficção contemporânea.


OS SENTIDOS DOS SILÊNCIOS REPRESENTADOS
PELAS PERSONAGENS PROTAGONISTAS EM
RICARDO RAMOS E LUIZ VILELA

Elcione Ferreira Silva (UFMS) 

Resumo: A proposta desta comunicação é traçar um paralelo entre a personagem Luzia, da novela Os caminhantes de Santa Luzia (1959), de Ricardo Ramos, com o protagonista Leonardo, do romance Perdição (2011), de Luiz Vilela. Os dois comungam de um mesmo padrão religioso, mas ambos lidam de forma distinta com a palavra: é através do silêncio e, consequentemente, do repúdio de Luzia à palavra, e da palavra esvaziada de sentido de Leonardo, que os dois personagens “dialogam”. O silêncio é a construção de um espaço de busca pelo ser; trata-se de silêncio paralelo à busca pelo sagrado, e a construção do significado de tal silêncio. A novela Os Caminhantes de Santa Luzia é composta de quinze capítulos. O drama vivido por Luzia é ambientado no Nordeste brasileiro, mais precisamente na cidade de Santa Luzia, no estado de Alagoas. Luzia mostra suas chagas, ao pagar penitência, passando em procissão em vários espaços. A sua marca de maior percepção é o silêncio que a rodeia, seja nas poucas palavras, seja nas situações protagonizadas. O romance Perdição tem como enredo a transformação de um pescador chamado Leonardo, também conhecido como Leo, em pastor religioso. Casado, é pai de uma menina. Na adolescência, seu passatempo favorito, se não único, era pescar no lago, com o melhor amigo, Ramon, que se torna jornalista e é um narrador testemunha. A partir da trajetória do jovem pescador que se torna pastor, Luiz Vilela traça um retrato desencantado da sociedade brasileira do início do século XXI. A tessitura da narrativa é desvelada no silêncio das personagens. Como fundamentação teórica nos valemos de As formas do silêncio: no movimento dos sentidos, de Orlandi, (1997), de Imagens e símbolo, de Eliade (1991), de O sagrado e o profano, de Eliade (1992), e Lima Barreto e o espaço romanesco, de Osman Lins (1976).

Palavras-Chave: Luiz Vilela; Ricardo Ramos; Sagrado; Silêncio.


A HISTÓRIA DA LITERATURA COMO PROBLEMA:
REFLEXÕES SOBRE A CRISE PERMANENTE NOS
ESTUDOS DIACRÔNICOS DE LITERATURA

Constantino Luz de Medeiros (UFMG) e Roberto
Acízelo Quelha de Souza (UERJ)

Resumo: Desde o surgimento do conceito moderno de história da literatura, no bojo do cosmopolitismo e da conscientização histórica que insuflava os espíritos nas primeiras décadas de 1800, os problemas relacionados à aproximação entre história, teoria e crítica literárias já eram visíveis a muitos estudiosos. August Wilhelm Schlegel, em seus Cursos sobre Literatura Bela e Arte (1801-1804), afirma que a história da literatura pode ser considerada uma ciência porque trata de um objeto no qual ocorre um progresso infinito. No entanto, com as diversas ondas de contestação da história a partir de meados do século XX, o discurso histórico, e nele se enquadra igualmente o discurso sobre a história da literatura, passa a ser motivo de desconfiança. O primeiro ataque, ocorrido já nas primeiras décadas de 1900, se dava por motivos estéticos, no âmbito da busca de autonomia por parte das vanguardas modernistas. Após isso, as correntes críticas de filiação aos estudos intrínsecos, como o formalismo russo, o estruturalismo, e a desconfiança pós-estruturalista com as metanarrativas ou narrativas totalizantes, a partir de 1960, tornam o terreno da história da literatura um campo minado de radicalismos e distorções. Nesse ambiente, poucos ousam empenhar-se na defesa da dimensão histórica da literatura, como os estudiosos da estética da recepção. O panorama atual passa pelo surgimento do materialismo cultural nos anos de 1980, o avanço dos estudos culturais, marxistas, feministas, pós-coloniais, nos quais uma das grandes questões que se colocam é a da representação das vozes oprimidas pelo discurso histórico hegemônico. Diante de tais perspectivas, ainda seria possível falar em crise da história da literatura, ou os estudos diacrônicos não fazem mais sentido? Se a história deve ser lida a contrapelo, como compreendia Walter Benjamin, ou ainda como constructo social e cultural de um discurso hegemônico, na conceitualização de Foucault, então como compreender e delinear o que foram os discursos literários do passado? Em outras palavras, faz ainda sentido estudar a história da literatura? Esse Simpósio pretende levantar estas e outras questões concernentes aos estudos diacrônicos de literatura.

Palavras-Chave: História da literatura; Estudos diacrônicos; Literatura e história; A crise nos estudos de historiografia literária.


O ADVENTO DOS ESTUDOS (AUTO)BIOGRÁFICOS: ENTRE
A ASCENSÃO DO PRIVADO E A IDENTIDADE DO AUTOR

Pauliane Amaral (UFMS) 

Resumo: Se considerarmos que toda ficção tem origem no processo de observação e criação de um homem, entenderemos que toda literatura nasce de uma experiência individual. No entanto, a reflexão sobre esse processo de apreensão e transformação da experiência individual através da literatura ganhou novo impulso após a segunda grande guerra, quando houve uma popularização dos testemunhos dos sobreviventes do holocausto, como mostra Beatriz Sarlo no livro Tempo passado (2007). A emergência dos relatos, acrescida da valorização do espaço privado, que acompanhou o nascimento do romance e o início da idade moderna da literatura, proporcionaram condições ideais para a criação de narrativas que refletem sobre as fronteiras entre a verdade e a imaginação. Na literatura brasileira contemporânea são diversos os exemplos de livros que jogam com o que Philippe Lejeune chamou de “pacto autobiográfico”, a exemplo dos romances O filho eterno (2007), de Cristovão Tezza, e Divórcio (2013), de Ricardo Lísias. Hoje, o que vemos é o desmembramento da ficção autobiográfica em outras subcategorias, como a autoficção. Essas novas designações parecem tentar acompanhar o jogo performático dos autores contemporâneos, que emulam uma aproximação entre a imagem do homem e a do criador. O que nos cabe questionar nesse ponto de inflação e, poderíamos dizer, de saturação da ficção autobiográfica é a pertinência da criação de novas nomenclaturas para classificar as variantes do (auto)biográfico na literatura contemporânea. Assim, refazemos o percurso de críticos como Lejeune, Bourdieu, Gusdorf e Paul de Man que se voltam para o estudo de narrativas em que podemos vislumbrar um “pacto autobiográfico”, mostrando que pensar a ficção autobiográfica na contemporaneidade é pensar a definição do espaço público e privado, assim como a determinação da identidade do autor.

Palavras-chave: Autoria. Ficção autobiográfica. Historiografia literária. Identidade.


O CONCEITO DE EPIFANIA: DISSONÂNCIAS CRÍTICAS

Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS)

Os dicionários informam que epifania tem origem no Grego, sendo formada pelo prefixo EPI-, “sobre”, e PHAINEIN, “mostrar, aparecer”, significando “manifestação, aparecimento dramático”. A palavra tem seu uso vincada pelo campo semântico do religioso, em particular em páginas católicas, que não recuperam o sentido original, pagão. Na antiguidade, o dia dedicado ao deus Dionísio era o Dia da Epifania. Na Wikipédia, o verbete aglutina essas vertentes: "é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Também pode ser um termo usado para a realização de um sonho com difícil realização. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa". O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão "I just had an epiphany", o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural)". Os sentidos indicados decorrem de dicionários disponíveis na internet e de outros sites. Nessa busca, também anotamos epifania se referindo, no âmbito da literatura, a iluminação na vida da personagem e à transformação íntima experimentada por leitores. Destaca-se, também, certo sentido filosófico de haver uma compreensão da “essência das coisas” (em < http://www.significados.com.br/epifania/ >). Temos, pois, uma visão do senso comum quanto ao vocábulo. O significado do conceito, no âmbito da crítica literária brasileira, incorporou essa ampla, diversificada e pouco precisa dimensão que a palavra tomou em sua bimilenar trajetória. O conceito de epifania literária foi proposto por James Joyce, a partir da leitura de Tomás de Aquino, sendo bastante preciso. No Brasil, ampliou-se o sentido, visando contemplar certo modo de narrar construído por Clarice Lispector. Na sequência, passou a designar os mais diversos movimentos em que algo se desvela em um texto literário. Ou seja, a partir de determinado momento, a epifania na historiografia e na crítica literatura brasileira deixou de ser o conceito joyceano e passou a ser a palavra do senso comum, pouco caracterizadora de um modo de narrar. Tal circunstância retira a grandeza e especificidade de autores como Clarice Lispector no concerto dos grandes autores da literatura mundial, banaliza o conceito, empobrece os estudos literários e não permite que visualizemos a riqueza do modo de narrar de outros grandes autores da literatura brasileira. Em dissonância, pois, com a crítica, propomos, neste artigo, que a epifania dramática, “auditiva”, de James Joyce, siga sendo chamada de epifania, e que a assim chamada “epifania” visual de Clarice Lispector receba outra denominação, assim como a “epifania” reflexiva de narrativas intimistas (como a presente no conto “Tremor de terra”, de Luiz Vilela) receba uma terceira denominação. Enfim, defendemos que os movimentos narrativos específicos sejam especificados por denominação única, menos genérica, para que os estudos literários descrevam de modo mais completo e mais amplo a riqueza da literatura produzida no Brasil.

Acesse aqui o Portal da Abralic.


Abaixo, fotos dos integrantes do GPLV na Abralic:

Rauer, Marcos Pasche e André Dias, coordenadores do Simpósio
"Literatura e Dissonância", com duas monitoras da Abralic
Felipe Figueira (UFF), André Ramos (UFRRJ), Maria
Clara Gonçalves (Unicamp) e Pauliane Amaral
Pauliane Amaral (UFMS) durante sua fala, no
Simpósio "Literatura e Dissonância"
Elcione com integrantes do Simpósio "Ficção Brasileira Contemporânea Em Perspectiva
Comparatista"; sentada, à direita, Helena Bonito C. Pereira, uma das coordenadoras
Roberto Acízelo (UERJ), Rauer e Joana Muylaert (UFU), no Simpósio "A História da Literatura
Como Problema: Reflexões Sobre a Crise Permanente nos Estudos 
Diacrônicos de Literatura"; (veja detalhes aqui)
Rauer, ao coordenar uma mesa do Simpósio
"Literatura e Dissonância"
Fonte das fotos, aqui.

sábado, 4 de outubro de 2014

Jornal destaca atividade de Luiz Vilela na UEPG

PROJETO

Luiz Vilela traz romance “Perdição” em evento na UEPG

Autor tem 7 coletâneas, 16 antologias individuais, 3 novelas e 5 romances / FOTO: DIVULGAÇÃO


Da Redação | Ponta Grossa | 04/10/2014 às 03:45h   |  

Autor que é conhecido mundialmente estará em Ponta Grossa em novembro para o programa “Conversa entre amigos”, trazendo como pauta o seu romance “Perdição”

O programa “Conversa entre Amigos” marca encontro com o escritor Luiz Vilela, em 03 de novembro de 2014, às 19h, no Auditório do Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). No encontro, a obra em pauta é o romance “Perdição”, destacada como visceral – e um clássico por Whisner Fraga, escritor.

Os participantes recebem gratuitamente a obra do encontro – e as primeiras 250 inscrições receberão o livro em casa. Considerado como único no Brasil, o Conversa entre Amigos incentiva a leitura através da adesão voluntária e gratuita e destina-se à comunidade universitária e em geral. Com coordenação do professor doutor Miguel Sanches Neto, do Departamento de Letras Vernáculas da UEPG, o programa foi criado pelo engenheiro e deputado federal Marcelo Almeida, em fevereiro de 2014.

Apaixonado por leitura, ele formou o primeiro núcleo de leitura do Departamento de trânsito do Paraná (Detran-PR), órgão do qual foi diretor geral. Na Câmara dos Deputados, criou a Frente Parlamentar Mista da Leitura. A dinâmica do professor Miguel Sanches Neto incorporou o projeto às atividades de extensão universitária da instituição.

O espaço receptivo do programa traz, em novembro, um momento de comunhão artística pela palavra em cena com Perdição que Fábio Lucas, crítico literário, considera uma obra prima. A inspiração bíblica perpassa cada página do romance, e o final ecoa os impasses da civilização.

FAMA
Autor é conhecido mundialmente
Com contos, romances e novelas publicados em países como Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, o escritor ganhou recentemente o Prêmio de Melhor Livro de Ficção de 2013 da Academia Brasileira de Letras. O prêmio foi para “Você Verá”, contos. O romance “Perdição” garantiu ao autor o Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2012.

http://jornaldamanha.arede.info/mix/luiz-vilela-traz-romance-perdicao-em-evento-na-uepg/

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Vilela estará na UEPG para "Conversa entre Amigos"

http://portal.uepg.br/noticias.php?id=6658

02/10/2014 - 15h10 / Atualizada 02/10/2014 - 15h23

Luiz Vilela traz Perdição para o ‘Conversa entre Amigos’


Sobre o romance Sanches Neto diz que, com uma fatura realista, um uso musical da linguagem, e num estilo literário da oralidade, o autor constrói o seu romance de maturidade, em que o banal cotidiano dos personagens se manifesta como tragicomédia


por Marilia Woiciechowski
O programa ‘Conversa entre Amigos’ marca encontro com o escritor Luiz Vilela, em 03 de novembro de 2014, às 19h, no Auditório do Campus Central da UEPG (Praça Santos Andrade, 1). No encontro, a obra em pauta é o romance Perdição (Ed. Record, 2011), destacada como visceral – e um clássico por Whisner Braga, escritor.
Os participantes recebem gratuitamente a obra do encontro - e as primeiras 250 inscrições (http://eventos.uepg.br/conversaentreamigos/inscricoes.php) receberão o livro (pelo Correio) em casa. Considerado como único no Brasil, o Conversa entre Amigos incentiva a leitura através da adesão voluntária e gratuita e destina-se à comunidade universitária e em geral.
Com coordenação do professor doutor Miguel Sanches Neto, do Departamento de Letras Vernáculas da UEPG, o programa foi criado pelo engenheiro e deputado federal Marcelo Almeida, em fevereiro de 2014. Apaixonado por leitura, ele formou o primeiro núcleo de leitura do Departamento de trânsito do Paraná (Detran-PR), órgão do qual foi diretor geral. Na Câmara dos Deputados, criou a Frente Parlamentar Mista da Leitura. A dinâmica do professor Miguel Sanches Neto incorporou o projeto às atividades de extensão universitária da instituição.
Obra Prima
O espaço receptivo do programa traz, em novembro, um momento de comunhão artística pela palavra em cena com Perdição que Fábio Lucas, crítico literário, considera uma obra prima. À beira de um lago, na pequena cidade de Flor do Campo, em Minas Gerais, um jovem, Leo, é convidado para ingressar nas fileiras da organização religiosa comandada por Mister Jones, e se torna o Pastor Pedro.
Essa trajetória é narrada por seu melhor amigo, o jornalista Ramon, formado em Letras. O fio condutor é o que os conhecidos de Leo relatam sobre sua presença, como pastor no Rio de Janeiro. O romance traça um painel do Brasil do início do terceiro milênio. A inspiração bíblica perpassa cada página do romance, e a tragédia final que envolve as personagens ecoa os impasses da civilização ocidental.
O Escritor
Luiz Vilela (Ituiutaba, 1942) ganhou, em 1967, aos 27 anos, com seu primeiro livro “Tremor de terra”, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção, superando diversos autores consagrados da literatura brasileira. “Os Novos”, seu primeiro romance, provocou polêmicas, em 1971, por se tratar de “um retrato tanto mais cruel quanto menos contestável" da intelectualidade brasileira de então, como registra Wilson Martins. Ganhou o Jabuti, em 1974, com o livro de contos "O fim de tudo", lançado no ano anterior.
Com contos, romances e novelas publicados em países como Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, o escritor ganhou recentemente o Prêmio de Melhor Livro de Ficção de 2013 da Academia Brasileira de Letras. O prêmio foi para "Você Verá", contos. O romance "Perdição" garantiu ao autor o Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2012. Hoje, em sua obra, conta com sete coletâneas de contos, dezesseis antologias individuais, três novelas (uma quarta, "O filho de Machado de Assis", está anunciada para 2015) e cinco romances.
Visite o blog do autor: Grupo de Pesquisa Luiz Vilela. Para outras informações sobre o programa ‘Conversa entre Amigos’, os interessados devem acessar http://eventos.uepg.br/conversaentreamigos/index.php.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

MEMBROS DO GPLV APRESENTAM TRABALHOS NO CIELLI


Membros do GPLV participaram do CIELLI – 3º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. O evento ocorreu na UEM – Universidade Estadual de Maringá –, nos dias 27, 28 e 29 de agosto, reunindo pesquisadores e estudiosos de todo o país. Os trabalhos do grupo foram apresentados no Simpósio O CÍRCULO DE BAKHTIN: PROSA/POESIA, coordenado pelo líder do GPLV, Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS), e pela Prof. Dra. Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG). No segundo dia do evento, Eunice Prudenciano de Souza e Ângela Nubiato Lopes apresentaram a comunicação O MUNDO CARNAVALIZADO EM CONTOS DE LUIZ VILELA, e Lígia Ribeiro de Souza Zotesso apresentou A “CONFISSÃO” POLIFÔNICA DE LUIZ VILELA. No último dia, Rauer Ribeiro Rodrigues e Karina Torres Machado apresentaram CARNAVALIZAÇÃO E GROTESCO EM DOIS CONTOS DE LUIZ VILELA. Os trabalhos apresentados geraram discussão e debates. Seguem, abaixo, os resumos das comunicações:


O MUNDO CARNAVALIZADO EM CONTOS DE LUIZ VILELA
Eunice Prudenciano de Souza/Ângela Nubiato Lopes

Resumo: Analisamos a solidão e o desajuste do ser humano na sociedade contemporânea em dois contos de Luiz Vilela: “No bar”, de No bar (1968), e “O buraco”, de Tremor de terra (1967). A partir dos conceitos de carnavalização e grotesco romântico, verificamos como o autor aborda o mote nesses contos e como se dá a relação mundo exterior e interioridade em suas personagens. Para Bakhtin, “o grotesco romântico é um grotesco de câmara, uma espécie de carnaval que o indivíduo representa na solidão, com a consciência aguda de seu isolamento.” Consciente de sua condição, o ser transgride os limites da racionalidade, havendo a dessacralização do lado oficial da vida, com suas normas, regras e condutas estabelecidas, e, em decorrência, os limites todos se relativizam. No conto “No bar”, a personagem Lúcio, consciente da incomunicabilidade de todos os seres, sofre pelo imenso contraste entre a vida idealizada e o meio que o circunda. Diante de seu descompasso, a loucura é a forma encontrada para sobreviver em meio à realidade dilacerante. O conto “O buraco” gira em torno dos conflitos do narrador-personagem Zé que, em crise existencial, cava um buraco e, aos poucos, vai se afastando do mundo exterior, metamorfoseando-se em tatu. Em decorrência da eterna inadaptação humana, a transgressão e o mascaramento são recorrentes na obra de Vilela, pois, ao despir o ser de sua real identidade, relativiza a verdade, celebrando a mudança e a renovação do mundo, inverte e transveste, opondo-se a todas as hierarquias e imutabilidades sociais.

A “CONFISSÃO” POLIFÔNICA DE LUIZ VILELA
Lígia Ribeiro de Souza Zotesso

Resumo: Em Problemas da Poética de Dostoievski (2002), Mikhail Bakhtin descreve a polifonia como uma estrutura dialógica em que várias vozes equipolentes se manifestam em um único texto. Dessa forma, o discurso se constitui a partir de outros discursos, ambos relacionados ao caráter ideológico representado pelos sujeitos em interação. A partir da polifonia, nos termos conceituais propostos por Bakhtin, empreendemos análise acerca do processo polifônico presente no conto ”Confissão”, do livro Tremor de Terra (1967), de Luiz Vilela. Assim, as informações implícitas em um texto, são como dispositivos que proporcionam ao leitor possibilidades de conexões e de hipóteses a respeito do objeto intencionado. No conto "Confissão", as vozes são representadas e demarcadas ideologicamente através da perspectiva do leitor e designadas como tema central: a confissão. Com isso, nossa proposta visa identificar, também, como a polifonia se instaura diante da recepção estética do conto em questão. Nossa fundamentação teórica, além do conceito de polifonia (BAKHTIN, 2002), se volta para as Teorias da Recepção, em especial para a Estética da Recepção (JAUSS, 1994) e a Teoria do Efeito Estético (ISER, 1996; 1999a; 1999b).

CARNAVALIZAÇÃO E GROTESCO EM DOIS CONTOS DE LUIZ VILELA
Rauer Ribeiro Rodrigues/Karina Torres Machado

Resumo: O escritor mineiro Luiz Vilela, em diferentes momentos de sua trajetória de ficcionista, abordou temas religiosos sob a ótica satírica, seja em novelas como O Choro no Travesseiro (1979) ou Bóris e Dóris (2006), seja em romances como Graça (1989) ou Perdição (2011), seja em contos como “Espetáculo de fé”, da coletânea Tremor de Terra (1967), ou “Freiras em férias”, de A Cabeça (2002). Neste trabalho, voltamo-nos para o contista, para verificar, nos dois contos elencados, ainda que com menções a outras narrativas de Vilela, os conceitos do Círculo de Bakhtin relacionados à carnavalização e ao realismo grotesco, para verificar os efeitos construídos pelos contos e, a partir da ideologia subjacente a eles, indiciar aspectos da cosmovisão autoral. A nosso ver, a dessacralização do religioso, a invocação de elementos do baixo ventre e as muitas cenas que descrevem um mundo que parece às avessas indicam, pelo riso literário, crítica de costumes, crítica às instituições religiosas e efeito derrisório que visa o cerne do humano, em suas contradições como sujeito e na sua instável identidade social.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

2º Seminário do GPLV será dia 30 de agosto

2º Seminário de Pesquisa do GPLV

Dia 30 de agosto de 2014, no PPG-Letras Mestrado e Doutorado da UFMS, no Câmpus 1 de Três Lagoas

Programação:

8h
Banca de Qualificação da mestranda pelo PROFLETRAS / UFMS Karina Torres Machado, com o relatório Literatura e Práticas de Ensino: A Leitura de Contos de Luiz Vilela no Ensino Fundamental, sendo arguidoras as Profas. Dras. Alcione Maria dos Santos (CPAN) e Maria Luceli Faria Batistote (CCHS),

sob presidência do Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS / orientador).

9h45
Intervalo

10h
Debate do Projeto de Doutorado Catarse e Epifania: uma leitura semiótica das novelas de Luiz Vilela, de Euzenir Francisca da Silva, sendo debatedoras as Profas. Dras. Maria Luceli Faria Batistote (CCHS) e Eunice Prudenciano de Souza (CPTL).

Presidente: Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos (UFMS).

10h40
Debate do Projeto de Doutorado O Sagrado e o Profano no romance Graça, de Luiz Vilela, de Elcione Ferreira da Silva, sendo debatedores o Prof. Lucas Fernando Gonçalves (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS) e a doutoranda Pauliane Amaral (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS).

Presidente: Profa. Dra. Eunice Prudenciano de S0uza (CPTL).

11h20
Relato do primeiro semestre da Pesquisa-Ação A Obra de Luiz Vilela na Formação de leitores no Ensino Fundamental, desenvolvida pela mestranda em Letras Angela Nubiato Lopes, sob orientação do Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues (UFMS). O projeto terá por debatedoras a Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos (CPAN) e a Profa. Luciene Lemos de Campos (Mestre em Estudos Fronteiriços / CPAN-UFMS).

Presidente: Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues.

12h
Intervalo para almoço.

14h
Debate do Ante-Projeto de Mestrado Dupla Face da Existência nos Contos de Luiz Vilela, de Elenice Alves de Araújo Oliveira, sendo debatedores a Profa. Dra. Eunice Prudenciano de S0uza (CPTL) e o Prof. Lucas Fernando Gonçalves (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS).

Presidente: Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos (CPAN).

14h30
Debate do Ante-Projeto de Mestrado Presença e Efeito de Sentido do Chiste no Romance Graça, de Luiz Vilela, de Sueli Aparecida Racanelli da Silva, sendo debatedoras a Profa. Luciene Lemos de Campos (Mestre em Estudos Fronteiriços / CPAN-UFMS) e a doutoranda Pauliane Amaral (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS).

Presidente: Profa. Dra. Eunice Prudenciano de S0uza (CPTL).

15h
Debate do Ante-Projeto de Mestrado Erotismo ou Pornografia: A Sexualidade em Luiz Vilela, de Maria do Socorro Pereira Soares Gonzaga, sendo debatedores a Profa. Luciene Lemos de Campos (Mestre em Estudos Fronteiriços / CPAN-UFMS) e o Prof. Lucas Fernando Gonçalves (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS).

Presidente: Profa. Dra. Eunice Prudenciano de S0uza (CPTL).

15h30
Debate da Súmula (pré-projeto) de Doutorado Renovando Práticas Pedagógicas: a Ficção de Luiz Vilela na Sala de Aula, de Rodrigo Andrade Pereira (mestre em Letras / Estudos Literários / UFMS), sendo debatedoras as Profas. Dras. Alcione Maria dos Santos (CPAN) e Eunice Prudenciano de Souza (CPTL).

Presidente: Prof. MSc. Luciene Lemos de Campos (SED/MS).

16h
Intervalo.

16h15
Debate do Projeto de Pesquisa de Doutorado Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE): Luiz Vilela na Biblioteca Escolar, de Lígia Ribeiro de Souza Zotesso (Mestre em Letras pela UEM), sendo debatedoras as Profas. Dras. Eunice Prudenciano de Souza (CPTL) e Alcione Maria dos Santos (CPAN).

Presidente: MSc. Lucas Fernando Gonçalves.

16h45
Debate do Projeto de Pesquisa Luiz Vilela e James Joyce: retomadas intertextuais, alusões, citações e referências, de Raquel Celita Penhalves dos Reis (Mestre em  Letras / Estudos Literários / UFMS), sendo debatedoras a doutoranda Pauliane Amaral (Mestre em Estudos de Linguagens / UFMS) e a profa. Dra. Eunice Prudenciano de Souza (CPTL).

Presidente: Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos (CPAN).

17h15
Sessão Plenária de debate para considerações e perguntas dos participantes do Seminário e dos presentes ao evento. 

Presidente: MSc Pauliane Amaral (Doutoranda em Letras / Estudos Literários / CPTL-UFMS).

18h
Encerramento do 2º Seminário de Pesquisa do GPLV - Grupo de Pesquisa Luiz Vilela, pelo Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues, líder do GPLV.

Após o Seminário, haverá confraternização 
no Restaurante Cupim na Telha.

Informações sobre o Grupo de Pesquisa Luiz Vilela, assim como sobre o escritor Luiz Vilela, estão disponíveis no blog do GPLV:
http://gpluizvilela.blogspot.com/.