Ata da Reunião do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela,
GPLV, em 30 de maio de 2015, na UFMS, Câmpus de Três Lagoas. O coordenador
do GPLV, professor Rauer Ribeiro Rodrigues, abriu a reunião, às 8:00h,
agradecendo aos presentes e informando que Ângela Nubiato Lopes, Karina Torres
Machado, Rodrigo Andrade Pereira, Pauliane Amaral e Waleska Rodrigues Martins
justificaram a ausência. Após a aprovação da pauta, seguiu-se a avaliação do 4º
Seminário de Pesquisa, realizado no dia 4 de maio de 2015, em Corumbá,
MS. Todos os presentes elogiaram o evento, discorrendo sobre a qualidade
e amadurecimento dos trabalhos apresentados. Em seguida, tratou-se do 5º
Seminário de Pesquisa. Ficaram definidos o CPTL e os dias 1º, 2 e 3 de outubro
de 2015 para a realização do evento. Para o 5° Seminário serão convidados pesquisadores
da obra de Luiz Vilela que não integram o GPLV. Foi eleita a seguinte Comissão
para organizar o 5º Seminário: Eunice Prudenciano de Souza (presidente), Elcione Ferreira Silva, Lucas Rodrigues Neves, Natália Tano Portela, Igor Iuri Dimitri
Nakamura e Matheus Antenor Gomes. Seguiu-se a discussão sobre “Constantes
temáticas nos contos de Luiz Vilela”, proposta por Eunice Prudenciano de Souza,
acrescida da abordagem dos contos “Dez anos”, “No bar” e “Solidão”, sob a
perspectiva da “personagem narradora”, conforme proposta feita por Rodrigo
Andrade Pereira. A próxima reunião do GPLV ficou definida para o dia 4 de
julho, das 13h30 às 18h. Fernanda Varela do Prado ficou encarregada de
apresentar os contos “Imagem”, “O buraco” e “O fantasma” para discutirmos o
insólito na obra de Luiz Vilela. Nada havendo mais a tratar, os presentes
assinaram a Ata. Secretária da reunião: Eunice Prudenciano de Souza. Elcione
Ferreira Silva. Elenice Alves de Araújo Oliveira. Fernanda Varela do Prado. Igor
Iuri Dimitri Nakamura. Lucas Borel Cristiano. Lucas Rodrigues Neves. Luciene
Lemos de Campos. Maria do Socorro Pereira Soares. Mateus Antenor Gomes. Natália
Tano Portela. Rauer Ribeiro Rodrigues.
sábado, 30 de maio de 2015
terça-feira, 26 de maio de 2015
O estrangeiro e a alteridade, por Laura Delgado
Um dos trabalhos apresentados no 4º Seminário do GPLV, dia 4 deste mês, em Corumbá, MS, no Câmpus do Pantanal da UFMS, foi uma síntese da pesquisa de mestrado defendida em 2012 por Laura Delgado. Eis os dados da dissertação:
DELGADO, Laura Eliane de Magalhães Alvarez. A alteridade em narrativas de Luiz Vilela. Campo Grande, 2012. 182 f. Dissertação (Mestrado, Estudos de Linguagens) – DLE/CCHS /UFMS. Orientador: Rauer Ribeiro Rodrigues.
Um aspecto do estudo da pesquisadora foi apresentado no GEL de 2012, conforme resumo disponivel em < http://gel.org.br/detalheResumo.php?trabalho=7764 >. Reproduzimos abaixo os dados dessa apresentação.
REFERÊNCIA: LAURA ELIANE DE MAGALHÃES ALVAREZ DELGADO. REPRESENTAÇÕES DO ESTRANGEIRO: A ALTERIDADE E A OUTRIDADE EM CONTOS DE LUIZ VILELA .
IN: SEMINÁRIO DO GEL, 60., 2012, PROGRAMAÇÃO... SÃO PAULO (SP): GEL, 2012.
TÍTULO: REPRESENTAÇÕES DO ESTRANGEIRO: A ALTERIDADE E A OUTRIDADE EM CONTOS DE LUIZ VILELA
AUTOR(ES): LAURA ELIANE DE MAGALHÃES ALVAREZ DELGADO
RESUMO: QUANDO PENSAMOS NO "OUTRO" COMO CONVIVEMOS E REPRESENTAMOS ESSE "OUTRO", ESSE “ESTRANGEIRO”.NAS SOCIEDADES ANTIGAS “O OUTRO”, “ESTRANGEIRO” ERA VISTO E TRATADO COMO INIMIGO, AQUELE QUE ERA RESPONSÁVEL PELAS INFELICIDADES E DERROTAS E NÃO ERA CONSIDERADO COMO UM CIDADÃO. SEGUNDO
JÚLIA KRISTEVA SOMOS “ESTRANGEIROS PARA NÓS MESMOS”, POIS O ESTRANGEIRO HABITA EM NÓS. SE LEVARMOS
EM CONSIDERAÇÃO QUE NA CONSTITUIÇÃO DO POVO BRASILEIRO, INICIALMENTE, TEMOS A PRESENÇA DE TRÊS
POVOS DIFERENTES QUE PARTICIPARAM DA NOSSA FORMAÇÃO E POSTERIORMENTE, TIVEMOS A PRESENÇA DE
IMIGRANTES, OU SEJA, HOUVE UM PROCESSO DE HIBRIDISMO, OBSERVAMOS QUE NÃO HÁ POVOS “PUROS” EM SUA
CONSTITUIÇÃO. DE ACORDO COM TODOROV A RELAÇÃO COM O OUTRO NÃO SE DÁ APENAS NUMA ÚNICA
DIMENSÃO. ELA OCORRE EM TRÊS ESFERAS: NO PLANO AXIOLÓGICO PODEMOS FAZER UM JULGAMENTO DE
VALOR, NO PLANO PRAXIOLÓGICO PODEMOS NOS APROXIMAR OU DISTANCIAR DESSE OUTRO E NO PLANO
EPISTÊMICO PODEMOS IGNORAR OU CONHECER A IDENTIDADE DO OUTRO. PARTINDO DESSAS AFIRMAÇÕES COMO
O “OUTRO” “ESTRANGEIRO” É REPRESENTADO NOS CONTOS DE VILELA. ESTE TRABALHO CONSISTE NA ANÁLISE
DE OITO CONTOS DE LUIZ VILELA COM O OBJETIVO DE ESTUDAR AS RELAÇÕES DE DISCRIMINAÇÃO E DE AFETO
EM RELAÇÃO AO “OUTRO”, AO “ESTRANGEIRO” (MIGRANTES, IMIGRANTES), E ASSIM TRAÇAR UMA TRAJETÓRIA DE
COMO A ALTERIDADE E A OUTRIDADE ESTÃO REPRESENTADAS NA OBRA DESTE ESCRITOR. TRATA-SE DE UMA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E AS OBRAS ANALISADAS SÃO: “MEU AMIGO”, DA COLETÂNEA TREMOR DE TERRA
(1967), “UM CAIXOTE DE LIXO” E “SOFIA”, DA COLETÂNEA NO BAR (1968), “FRANÇOISE”, DO LIVRO TARDE DA
NOITE (1970), “NÃO QUERO NEM MAIS SABER” E “UM RAPAZ CHAMADO ISMAEL”, DA OBRA O FIM DE TUDO (1973),
E OS CONTOS “TODAS AQUELAS COISAS” E “NÃO HAVERÁ MAIS ÍNDIOS”, DO LIVRO LINDAS PERNAS (1979). ESSES
CONTOS FORAM SELECIONADOS POR APRESENTAREM PERSONAGENS EM CONFRONTO COM ALTERIDADES QUE SE
DEFINEM POR SEREM MIGRANTES. NOSSA PRIMEIRA HIPÓTESE NESTE TRABALHO É DE QUE, EM LUIZ VILELA, TAL
COMO VERIFICAMOS NESSES CONTOS, NOS QUAIS EXISTE UM EXPLÍCITO CONTATO DO EU COM O OUTRO
FIGURATIVIZADO COMO ESTRANGEIRO, O ESPAÇO SOCIAL É CRUEL E DESUMANO E O HOMEM É UM SER SEM
COMPLACÊNCIA COM A ALTERIDADE. NO EXTREMO, O QUE PARECE É QUE O “NÓS” ELIMINA O “OUTRO”, QUANDO
NÃO PODE SUBMETÊ-LO AOS SEUS DITAMES. NOSSA SEGUNDA HIPÓTESE, PORÉM, É DE QUE O NARRADOR NÃO É
CONIVENTE COM A CRUELDADE, FORJANDO ALTERNATIVAS DE ENTENDIMENTO ENTRE A ALTERIDADE QUE
SIMBOLIZA O DIFERENTE, O OUTRO, E O EU, QUE REPRESENTA UM “NÓS” DE IDENTIDADE COLETIVA. DIANTE
DISSO, NOSSA PROPOSIÇÃO CENTRAL É DE QUE, EM LUIZ VILELA, O NARRADOR EM PRIMEIRA PESSOA E
PROTAGONISTA EM NARRATIVAS EM TERCEIRA PESSOA PASSAM DA DISSOCIAÇÃO “EU”/ALTERIDADE
PARA A INCORPORAÇÃO, EM SI, DA ALTERIDADE. O TRABALHO ESTÁ DIVIDIDO EM PARTES, A PRIMEIRA PARTE
CONSISTE NO ESTUDO DOS CONTOS QUE TRATAM DA EXCLUSÃO DO “OUTRO”, A SEGUNDA, NO ESTUDO DOS
CONTOS EM QUE CAMINHAM PARA A ACEITAÇÃO DA ALTERIDADE E A TERCEIRA NOS CONTOS EM QUE HÁ A
ACEITAÇÃO DESSA ALTERIDADE. NOSSO ESTUDO SE VALE DE TEÓRICOS COMO JÚLIA KRISTEVA, OCTAVIO PAZ,
REGINA DALCASTAGNÈ, TODOROV, RAUER RIBEIRO RODRIGUES.
terça-feira, 19 de maio de 2015
PAULINHO ASSUNÇÃO RELEMBRA MOMENTO NOSTÁLGICO AO LADO DE LUIZ VILELA
Em texto poético, Paulinho Assunção
relembra momento nostálgico, na rodoviária de São Gotardo - MG, Brasil, ao lado do ficcionista
Luiz Vilela. O fato ocorreu em uma madrugada nos idos da década de 70 e, como
diz o escritor, volta de tempos em tempos. O texto pode ser conferido abaixo:
Em texto poético, Paulinho Assunção
relembra momento nostálgico, na rodoviária de São Gotardo - MG, Brasil, ao lado do ficcionista
Luiz Vilela. O fato ocorreu em uma madrugada nos idos da década de 70 e, como
diz o escritor, volta de tempos em tempos. O texto pode ser conferido abaixo:
[COM LUIZ VILELA, CERTA NOITE, HÁ MUITOS ANOS]
Era começo de madrugada na pequena (e já demolida) rodoviária de São Gotardo, ali pelos meados dos anos 1970.
Conversávamos, Luiz Vilela e eu, sobre temas diversos, sentados em um dos bancos de granito semelhantes aos existentes nas duas praças, uma do lado de cima, outra do lado de baixo, com a rodoviária no meio.
Ocorreu, então, o fato. Fato sorrateiro, mágico, hipnotizante.
De repente, percebemos que já não falávamos, só ouvíamos a voz que vinha do bar dentro do próprio prédio, voz com os poderes do tom e os poderes da musicalidade.
Com as cabeças abaixadas, em silêncio, bebericando muito espaçadamente a nossa cerveja, só ouvíamos a voz que parecia sair das páginas de Grande sertão: veredas.
O dono da voz era um velho.
E esse velho contava histórias.
Esse velho era vaqueiro, condutor de boiada, e estava com a sua boiada estacionada nas imediações da cidade.
Poderia ser o Manuelzão ou poderia mesmo ser o Riobaldo Tatarana.
Poderia.
Mas era apenas um velho boiadeiro de Minas Gerais como os tantos boiadeiros de Minas Gerais que Guimarães Rosa levou para os seus livros.
Há muitos anos que não converso com o meu amigo Luiz Vilela sobre tal acontecimento naquela madrugada de São Gotardo, Alto Paranaíba.
Lembrei-me desse acontecimento hoje, como, aliás, de tempos em tempos, volta e meia ele insiste em ser lembrado.
Conversávamos, Luiz Vilela e eu, sobre temas diversos, sentados em um dos bancos de granito semelhantes aos existentes nas duas praças, uma do lado de cima, outra do lado de baixo, com a rodoviária no meio.
Ocorreu, então, o fato. Fato sorrateiro, mágico, hipnotizante.
De repente, percebemos que já não falávamos, só ouvíamos a voz que vinha do bar dentro do próprio prédio, voz com os poderes do tom e os poderes da musicalidade.
Com as cabeças abaixadas, em silêncio, bebericando muito espaçadamente a nossa cerveja, só ouvíamos a voz que parecia sair das páginas de Grande sertão: veredas.
O dono da voz era um velho.
E esse velho contava histórias.
Esse velho era vaqueiro, condutor de boiada, e estava com a sua boiada estacionada nas imediações da cidade.
Poderia ser o Manuelzão ou poderia mesmo ser o Riobaldo Tatarana.
Poderia.
Mas era apenas um velho boiadeiro de Minas Gerais como os tantos boiadeiros de Minas Gerais que Guimarães Rosa levou para os seus livros.
Há muitos anos que não converso com o meu amigo Luiz Vilela sobre tal acontecimento naquela madrugada de São Gotardo, Alto Paranaíba.
Lembrei-me desse acontecimento hoje, como, aliás, de tempos em tempos, volta e meia ele insiste em ser lembrado.
* * *
O texto também pode ser conferido no blog do escritor:
http://paulinhoassuncao.blogspot.com.br/2015/05/com-luiz-vilela-certa-noite-ha-muitos.html
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Reunião do GPLV: sábado, dia 30 de maio
CONVOCAÇÃO
Convocamos os membros do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela para
reunião do GPLV no dia 30 de maio, sábado, das 8h às 12h, no Câmpus
1 do CPTL.
Pauta:
1. Informes;
2. Avaliação do 4º
Seminário de Pesquisa do GPLV, realizado no dia 04 de maio, em Corumbá-MS;
3. Planejamento do 5º
Seminário de Pesquisa do GPLV;
4. Visão sintética das
constantes narrativas da contística de Luiz Vilela, pela Profa. Dra. Eunice
Prudenciano de Souza, pós-doutoranda junto ao GPLV;
5. Discussão dos contos “Solidão”(Tremor de Terra),
“Dez anos” e “No bar”(No bar), sob o prisma da “personagem
narradora”, conduzida pelo doutorando Rodrigo Andrade Pereira.
Coordenação do GPLV
quinta-feira, 7 de maio de 2015
LUIZ VILELA, RUBEM FONSECA, DALTON TREVISAN: A SANTÍSSIMA TRINDADE DO CONTO
Embora quase vinte anos mais novo que Rubem Fonseca e Dalton Trevisan, os dois perto de completar 90 anos e ainda em plena atividade, Luiz Vilela constitui com eles o que já se chamou de a santíssima trindade do conto brasileiro contemporâneo.
Recentemente este blog deu, por ocasião do Prêmio Jabuti de 2014, em que Fonseca e Vilela foram os vencedores na categoria conto, Fonseca em 1º lugar e Vilela em 2º, dois comentários do crítico Wilson Martins sobre eles.
Hoje, depois de uma pesquisa em jornais das últimas décadas, damos aqui, em atenção aos leitores e estudiosos dos três autores, Vilela, Fonseca e Trevisan, uma série de comentários (citando somente a fonte e o ano) de críticos, jornalistas e escritores sobre eles, às vezes apenas sobre dois deles, incluindo os comentários anteriores de Wilson Martins.
Terminamos com o comentário de um dos três autores, Trevisan, sobre os outros dois, mais Clarice Lispector, numa entrevista, feita às ocultas, na rua, por um jornalista e publicada na revista Status, em 1979. Ao negar que era um grande contista e ser indagado de quem ele assim considerava, Dalton respondeu: "Bom, o Machado de Assis. Dos novos tem muitos: Rubem Fonseca, Luiz Vilela, Clarice Lispector. Pelo menos são três excelentes."
Vale lembrar que Trevisan, avesso a entrevistas, deu uma, talvez a sua maior, a Vilela, em 1968, por ocasião do I Concurso Nacional de Contos, do Paraná, em que ele foi premiado. Vilela, também premiado no mesmo concurso, trabalhava então como redator e repórter no Jornal da Tarde, para o qual fez a entrevista, que saiu sob o título de "A história do contador de histórias".
Lembremos ainda que em 2012, por ocasião do Prêmio Camões, recebido por Trevisan, o tablóide Cândido dedicou a ele sua edição de junho, que trouxe, entre outras coisas, uma entrevista com Luiz Vilela, "De contista para contista", em que o escritor mineiro fala de seus encontros com o escritor paranaense.
Por fim, antes de passarmos aos comentários, registremos aqui, a propósito do gênero conto, a recente observação do escritor Alberto Mussa, no jornal Rascunho, de dezembro de 2014, em sua coluna "Manual de Garimpo", intitulada "Panorama do conto brasileiro": "o conto, destituído da circunstancialidade da crônica e das redundâncias do romance, é a mais nobre das modalidades da prosa; e a única verdadeiramente universal."
"Na linha de Dalton Trevisan, mas interessado numa exploração da realidade mais extensa que a do autor de O Vampiro de Curitiba, Luiz Vilela conhece todos os grandes segredos da arte difícil de contar um conto."
(Arnaldo Saraiva, Suplemento do Jornal do Fundão, Portugal, 1967).
"Não haveria demérito, acreditamos, em se relacionar o trabalho criador de Luiz Vilela com o de Dalton Trevisan. Trata-se de aproximação que se explica por vários motivos: a lavra de temas, a nitidez de traço no desenho de personagens, a secura do discurso... Com uma diferença, talvez: há em Vilela mais amor (malgrado a sátira) às criaturas; prova-o a incidência mínima de fatos violentos, que são uma constante na ficção de Trevisan."
(Darcy Damasceno, Correio da Manhã, 1968).
"O conto resiste com mais denodo: casos como Dalton Trevisan ou Luiz Vilela são exemplares. Neles, a tendência realística e a feição documental da prosa imaginativa de nossos dias são globais, pois enfocam não só a sociedade, também o indivíduo; não apenas comportamentos da vida cotidiana, também os aspectos da comunicação verbal na coletividade."
(Darcy Damasceno, Correio da Manhã, 1968).
"O conto realmente contemporâneo é o de Rubem Fonseca, o de Dalton Trevisan, o de Luiz Vilela. O fator catalisante da modernidade é o que antes de mais nada os distingue - são, para empregar um título famoso, os 'pintores da vida moderna'. Não necessariamente porque os seus temas sejam sempre os da atualidade sensacional (isso não acontece, por exemplo, nem com Dalton Trevisan, nem com Luiz Vilela), mas porque falam o idioma do nosso tempo e obedecem a outra gramática narrativa. O ritmo da ação é diverso, é outra a sintaxe dos motivos, também mudou, sem que o tivéssemos percebido, a psicologia do personagem, a do autor, a do leitor."
(Wilson Martins, O Estado de S. Paulo, Suplemento Literário, 1971).
"Estilisticamente, Rubem Fonseca e Luiz Vilela não acham necessário recorrer a funambulismos vocabulares ou sintáticos, nem a sinais diacríticos e tipográficos, nem à obscuridade pastosa que passa, ou procura passar por análise psicológica; eles se contentam com fixar, de forma insuperável, a contextura mesma da língua falada."
(Wilson Martins, O Estado de S. Paulo, Suplemento Literário, 1973).
"Não resta dúvida de que Luiz Vilela é a maior revelação do conto no Brasil, depois de Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, que o antecederam. Tem uma força impressionante, domínio absoluto do diálogo e uma capacidade rara de captar o cotidiano."
(Fausto Cunha, Jornal do Brasil, Suplemento Livro, 1975).
"O conto, para ele [ Luiz Vilela], não é a construção da trama para um desfecho enigmático, mas a construção em si mesma, como em Rubem Fonseca e Dalton Trevisan, seus colegas de santíssima trindade."
(Manoel Nascimento, IstoÉ, 1979).
"Não se pode ver em Luiz Vilela um autor pessimista, angustiado, seco, na linha, por exemplo, de um Dalton Trevisan, de um Rubem Fonseca. Ao contrário, de suas histórias ressuma uma garoa afetiva pelas coisas, brota muito amor pelos homens, se extrai um toque poético e lírico, que singulariza artisticamente sua expressão."
(Hildeberto Barbosa Filho, O Momento, 1984).
"Na verdade, a visão moderna do conto encarregou-se de despojar a narrativa curta de seu tratamento pomposo e prolixo, tratou de cortar uma floresta de verbosidade, desbastou a escrita de clichês mortos. O trabalho inicial foi o da paródia, ou seja, abandonou-se a função analógica que leva à estilização, e entregou-se à função inversa (que impôs a paródia), revertendo-se o sentido da fórmula consagrada e inserindo-a num contexto oposto. A prosa límpida de Dalton Trevisan, de um Rubem Fonseca, de um Luiz Vilela, é fruto de um longo percurso."
(Fábio Lucas, Do Barroco ao Moderno - Vozes da Literatura Brasileira, 1989).
"O paranaense Dalton Trevisan é um dos mestres do conto brasileiro contemporâneo, ao lado de Rubem Fonseca e Luiz Vilela. Mas, ao contrário dos dois mineiros, que expandiram sua prosa, incursionando de forma relevante pela novela e pelo romance, Dalton fincou seus marcos no território do conto, usando a linguagem para uma concentração radical de meios narrativos."
(Marçal Aquino, Cândido, 2012).
"Num país em que há contistas do nível de Dalton Trevisan, um Rubem Fonseca, um Luiz Vilela e tantos outros, o conto jamais estará em baixa."
(Luiz Bras, Estado de Minas, Pensar, 2014).
terça-feira, 5 de maio de 2015
Estudantes do CPAN acompanham o 4º Seminário do GPLV
Aconteceu ontem, em Corumbá, no
Câmpus do Pantanal da UFMS, o 4º Seminário do GPLV, que reuniu mais de uma
dezena de estudiosos da obra de Luiz Vilela, em sessões que tiveram, cada uma
delas, em média, 60 estudantes do Curso de Letras do CPAN. O evento contou com perto
de duas centenas de inscrições individuais.
Além
dos pesquisadores e dos estudantes, professores das duas habilitações em Letras
do Câmpus e outros interessados também acompanharam as exposições e os debates.
A abertura do evento, que aconteceu em quatro sessões, sendo uma matutina,
duas, simultâneas, vespertinas, e uma noturna, foi feita pela Coordenadora do
Curso, Profa. Dra. Regina Baruki.
As
sessões foram mediadas, respectivamente, pelo doutorando Rodrigo Andrade
Pereira (matutina), pela acadêmica Aglaisse Ramona Orichuela (vespertina / minicurso),
e pelos professores Rauer Ribeiro Rodrigues (vespertina / debate) e Eunice
Prudenciano de Souza (noturna).
A
abertura da sessão da noite foi feita pela Prof. Dr. Edgar Aparecido da Costa,
diretor do CPAN, que discorreu sobre a importância e
o papel dos grupos de pesquisa na atividade científica, enalteceu o trabalho
realizado pelo GPLV, por reunir pesquisadores de diversos campi da
UFMS e de outras instituições, e exortou discentes e docentes do CPAN a
constituírem grupos de pesquisa com trabalhos seminais como o do Grupo de
Pesquisa Luiz Vilela, congregando ― além de pesquisadores da
instituição ― de alunos da graduação a pesquisas de pós-doutoramento.
A Conferência de Encerramento,
"Aspectos das novelas e dos romances de Luiz Vilela", do Prof. Dr.
Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN, líder do GPLV), foi lida pelas Profs. Drs.
Regina Baruki e Kelcilene Grácia-Rodrigues, pois o Prof. Rauer estava afônico.
Reproduzimos, abaixo, o programa que
foi desenvolvido no Seminário e algumas fotos do evento.
4º Seminário do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela
Dia
4 de maio – Corumbá – CPAN / UFMS
Auditório do Bloco H
7h - Cadastramento final dos participantes; controle de frequência
7h20 – Abertura: "Quatro anos de
atividades do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela (GPLV)" – Profa. Dra. Eunice Prudenciano de Souza (UFMS / CPTL)
7h45 – Abertura oficial – Profa. Dra. Regina Baruki, Coordenadora dos
Cursos de Letras do CPAN
7h50 – Palestra de Abertura:
"Constantes temáticas nos contos de Luiz Vilela" – Profa. Dra. Eunice
Prudenciano de Souza (UFMS / CPTL)
9h00 – Comunicação: “Metodologia de pesquisa em acervos literários e fortuna crítica” –
Doutoranda Karina Fátima Gomes (CPTL)
9h40 – Palestra: "Contos de Luiz
Vilela como prática de ensino em uma escola pública – Relato de Caso" –
Mestranda Karina Torres Machado (Profletras / CPTL)
10h50 – Mesa-Redonda:
1.
"Uma leitura de ‘Imagem’ e ‘O
buraco’, do primeiro livro de contos de Luiz Vilela" – Profa. M.ª Luciene
Lemos de Campos (SED/MS) e doutorando Jorge Balestero (UNESP);
2.
“A recepção ao romance Graça,
de Luiz Vilela” – Mestrando Lucas Neves (CPTL)
12h – Encerramento da Seção Matutina
13h-17h20 – Minicurso:
"Narrador, Tempo, Espaço e Personagem no romance Graça,
de Luiz Vilela" – Profa. Dra. Kelcilene Grácia-Rodrigues (CPTL)
13h20 – Sala H-104 –
Banca de Debate: Pesquisa "Alternativas metodológicas: uma análise
de práticas de ensino tendo por corpus a obra de Luiz
Vilela", da mestranda Karina Torres Machado (Profletras / CPTL); Debatedores: Profa. Dra. Regina Baruki-Fonseca (CPAN) e Profa. Dra. Alcione Maria dos Santos
(CPAN); Suplente: Profa. Dra. Eunice Prudenciano de Souza (CPTL); Presidente:
Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN)
16h – Sala H-104 –
Comunicações:
1. "A representação do estrangeiro na ficção
de Luiz Vilela" – M.ª Laura Eliane de Magalhães Alvarez Delgado
(SED/MS e Prefeitura de Corumbá)
2. “Contos
de Luiz Vilela lidos em sala de aula” – Mestranda Angela Nubiato Lopes (CPTL);
17h20 – Encerramento da Seção Vespertina
18h – Palestra:
“A atuação dos Grupos de Pesquisa e a pesquisa científica na universidade
brasileira” – Prof. Dr. Edgar Aparecido da Costa (CPAN)
19h00 – Mesa-redonda:
1.
"A imagem da mulher em contos de
Luiz Vilela" – M.ª (UEM) Lígia Ribeiro de Souza Zotesso;
2.
"O sagrado e o profano em
romances de Luiz Vilela" – Doutoranda Elcione Ferreira Silva (CPTL);
19h30 – "Aspectos do erotismo na
obra de Luiz Vilela" – Bibliotecária Maria do Socorro Pereira Soares
Gonzaga (CPTL) e Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues (CPAN)
20h10 – Comunicação: "Casa Luiz
Vilela: a poética do escritor a partir do acervo e da fortuna crítica" –
Doutorando Rodrigo Andrade Pereira (CPTL)
20h40 – Conferência de Encerramento:
"Aspectos das novelas e dos romances de Luiz Vilela" – Prof. Dr. Rauer
Ribeiro Rodrigues (CPAN)
22h40 – Encerramento do Seminário
OBS.:
As
sessões foram mediadas, respectivamente, pelo doutorando Rodrigo Andrade
Pereira (matutina), pela acadêmica Aglaisse Ramona Orichuela (vespertina / minicurso),
e pelos professores Rauer Ribeiro Rodrigues (vespertina / debate) e Eunice
Prudenciano de Souza (noturna).
Estudantes do CPAN durante minicurso da Profa. Kelcilene Grácia-Rodrigues |
Laura Delgado, mestre em Estudos de Linguagens pela UFMS, apresenta pesquisa sobre a alteridade na obra de Luiz Vilela |
Plateia assiste exposição durante debates |
Monitoras do evento em um raro momento de pausa |
Plateia aguarda início de uma apresentação |
Marcadores:
GPLV,
UFMS,
Universidade
Local:
Corumbá - MS, Brasil
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