terça-feira, 26 de maio de 2015

O estrangeiro e a alteridade, por Laura Delgado

Um dos trabalhos apresentados no 4º Seminário do GPLV, dia 4 deste mês, em Corumbá, MS, no Câmpus do Pantanal da UFMS, foi uma síntese da pesquisa de mestrado defendida em 2012 por Laura Delgado. Eis os dados da dissertação:
DELGADO, Laura Eliane de Magalhães Alvarez. A alteridade em narrativas de Luiz Vilela. Campo Grande, 2012. 182 f. Dissertação (Mestrado, Estudos de Linguagens)  DLE/CCHS /UFMS. Orientador: Rauer Ribeiro Rodrigues.
Um aspecto do estudo da pesquisadora foi apresentado no GEL de 2012, conforme resumo disponivel em < http://gel.org.br/detalheResumo.php?trabalho=7764 >. Reproduzimos abaixo os dados dessa apresentação.

REFERÊNCIA: LAURA ELIANE DE MAGALHÃES ALVAREZ DELGADO. REPRESENTAÇÕES DO ESTRANGEIRO: A ALTERIDADE E A OUTRIDADE EM CONTOS DE LUIZ VILELA .
IN: SEMINÁRIO DO GEL, 60., 2012, PROGRAMAÇÃO... SÃO PAULO (SP): GEL, 2012.

TÍTULO: REPRESENTAÇÕES DO ESTRANGEIRO: A ALTERIDADE E A OUTRIDADE EM CONTOS DE LUIZ VILELA

AUTOR(ES): LAURA ELIANE DE MAGALHÃES ALVAREZ DELGADO

RESUMO: QUANDO PENSAMOS NO "OUTRO" COMO CONVIVEMOS E REPRESENTAMOS ESSE "OUTRO", ESSE “ESTRANGEIRO”.NAS SOCIEDADES ANTIGAS “O OUTRO”, “ESTRANGEIRO” ERA VISTO E TRATADO COMO INIMIGO, AQUELE QUE ERA RESPONSÁVEL PELAS INFELICIDADES E DERROTAS E NÃO ERA CONSIDERADO COMO UM CIDADÃO. SEGUNDO
JÚLIA KRISTEVA SOMOS “ESTRANGEIROS PARA NÓS MESMOS”, POIS O ESTRANGEIRO HABITA EM NÓS. SE LEVARMOS
EM CONSIDERAÇÃO QUE NA CONSTITUIÇÃO DO POVO BRASILEIRO, INICIALMENTE, TEMOS A PRESENÇA DE TRÊS
POVOS DIFERENTES QUE PARTICIPARAM DA NOSSA FORMAÇÃO E POSTERIORMENTE, TIVEMOS A PRESENÇA DE
IMIGRANTES, OU SEJA, HOUVE UM PROCESSO DE HIBRIDISMO, OBSERVAMOS QUE NÃO HÁ POVOS “PUROS” EM SUA
CONSTITUIÇÃO. DE ACORDO COM TODOROV A RELAÇÃO COM O OUTRO NÃO SE DÁ APENAS NUMA ÚNICA
DIMENSÃO. ELA OCORRE EM TRÊS ESFERAS: NO PLANO AXIOLÓGICO PODEMOS FAZER UM JULGAMENTO DE
VALOR, NO PLANO PRAXIOLÓGICO PODEMOS NOS APROXIMAR OU DISTANCIAR DESSE OUTRO E NO PLANO
EPISTÊMICO PODEMOS IGNORAR OU CONHECER A IDENTIDADE DO OUTRO. PARTINDO DESSAS AFIRMAÇÕES COMO
O “OUTRO” “ESTRANGEIRO” É REPRESENTADO NOS CONTOS DE VILELA. ESTE TRABALHO CONSISTE NA ANÁLISE
DE OITO CONTOS DE LUIZ VILELA COM O OBJETIVO DE ESTUDAR AS RELAÇÕES DE DISCRIMINAÇÃO E DE AFETO
EM RELAÇÃO AO “OUTRO”, AO “ESTRANGEIRO” (MIGRANTES, IMIGRANTES), E ASSIM TRAÇAR UMA TRAJETÓRIA DE
COMO A ALTERIDADE E A OUTRIDADE ESTÃO REPRESENTADAS NA OBRA DESTE ESCRITOR. TRATA-SE DE UMA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E AS OBRAS ANALISADAS SÃO: “MEU AMIGO”, DA COLETÂNEA TREMOR DE TERRA
(1967), “UM CAIXOTE DE LIXO” E “SOFIA”, DA COLETÂNEA NO BAR (1968), “FRANÇOISE”, DO LIVRO TARDE DA
NOITE (1970), “NÃO QUERO NEM MAIS SABER” E “UM RAPAZ CHAMADO ISMAEL”, DA OBRA O FIM DE TUDO (1973),
E OS CONTOS “TODAS AQUELAS COISAS” E “NÃO HAVERÁ MAIS ÍNDIOS”, DO LIVRO LINDAS PERNAS (1979). ESSES
CONTOS FORAM SELECIONADOS POR APRESENTAREM PERSONAGENS EM CONFRONTO COM ALTERIDADES QUE SE
DEFINEM POR SEREM MIGRANTES. NOSSA PRIMEIRA HIPÓTESE NESTE TRABALHO É DE QUE, EM LUIZ VILELA, TAL
COMO VERIFICAMOS NESSES CONTOS, NOS QUAIS EXISTE UM EXPLÍCITO CONTATO DO EU COM O OUTRO
FIGURATIVIZADO COMO ESTRANGEIRO, O ESPAÇO SOCIAL É CRUEL E DESUMANO E O HOMEM É UM SER SEM
COMPLACÊNCIA COM A ALTERIDADE. NO EXTREMO, O QUE PARECE É QUE O “NÓS” ELIMINA O “OUTRO”, QUANDO
NÃO PODE SUBMETÊ-LO AOS SEUS DITAMES. NOSSA SEGUNDA HIPÓTESE, PORÉM, É DE QUE O NARRADOR NÃO É
CONIVENTE COM A CRUELDADE, FORJANDO ALTERNATIVAS DE ENTENDIMENTO ENTRE A ALTERIDADE QUE
SIMBOLIZA O DIFERENTE, O OUTRO, E O EU, QUE REPRESENTA UM “NÓS” DE IDENTIDADE COLETIVA. DIANTE
DISSO, NOSSA PROPOSIÇÃO CENTRAL É DE QUE, EM LUIZ VILELA, O NARRADOR EM PRIMEIRA PESSOA E
PROTAGONISTA EM NARRATIVAS EM TERCEIRA PESSOA PASSAM DA DISSOCIAÇÃO “EU”/ALTERIDADE
PARA A INCORPORAÇÃO, EM SI, DA ALTERIDADE. O TRABALHO ESTÁ DIVIDIDO EM PARTES, A PRIMEIRA PARTE
CONSISTE NO ESTUDO DOS CONTOS QUE TRATAM DA EXCLUSÃO DO “OUTRO”, A SEGUNDA, NO ESTUDO DOS
CONTOS EM QUE CAMINHAM PARA A ACEITAÇÃO DA ALTERIDADE E A TERCEIRA NOS CONTOS EM QUE HÁ A
ACEITAÇÃO DESSA ALTERIDADE. NOSSO ESTUDO SE VALE DE TEÓRICOS COMO JÚLIA KRISTEVA, OCTAVIO PAZ,
REGINA DALCASTAGNÈ, TODOROV, RAUER RIBEIRO RODRIGUES.

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