terça-feira, 19 de maio de 2015

PAULINHO ASSUNÇÃO RELEMBRA MOMENTO NOSTÁLGICO AO LADO DE LUIZ VILELA

Em texto poético, Paulinho Assunção relembra momento nostálgico, na rodoviária de São Gotardo -  MG, Brasil, ao lado do ficcionista Luiz Vilela. O fato ocorreu em uma madrugada nos idos da década de 70 e, como diz o escritor, volta de tempos em tempos. O texto pode ser conferido abaixo: 

[COM LUIZ VILELA, CERTA NOITE, HÁ MUITOS ANOS]

Era começo de madrugada na pequena (e já demolida) rodoviária de São Gotardo, ali pelos meados dos anos 1970. 

Conversávamos, Luiz Vilela e eu, sobre temas diversos, sentados em um dos bancos de granito semelhantes aos existentes nas duas praças, uma do lado de cima, outra do lado de baixo, com a rodoviária no meio. 

Ocorreu, então, o fato. Fato sorrateiro, mágico, hipnotizante. 

De repente, percebemos que já não falávamos, só ouvíamos a voz que vinha do bar dentro do próprio prédio, voz com os poderes do tom e os poderes da musicalidade. 

Com as cabeças abaixadas, em silêncio, bebericando muito espaçadamente a nossa cerveja, só ouvíamos a voz que parecia sair das páginas de Grande sertão: veredas

O dono da voz era um velho. 

E esse velho contava histórias. 

Esse velho era vaqueiro, condutor de boiada, e estava com a sua boiada estacionada nas imediações da cidade. 

Poderia ser o Manuelzão ou poderia mesmo ser o Riobaldo Tatarana. 

Poderia. 

Mas era apenas um velho boiadeiro de Minas Gerais como os tantos boiadeiros de Minas Gerais que Guimarães Rosa levou para os seus livros. 

Há muitos anos que não converso com o meu amigo Luiz Vilela sobre tal acontecimento naquela madrugada de São Gotardo, Alto Paranaíba. 

Lembrei-me desse acontecimento hoje, como, aliás, de tempos em tempos, volta e meia ele insiste em ser lembrado.

*   *   *

O texto também pode ser conferido no blog do escritor:
http://paulinhoassuncao.blogspot.com.br/2015/05/com-luiz-vilela-certa-noite-ha-muitos.html

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