segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Você Verá - 5


José Castello

 / Contos - Você Verá - Luiz Vilela. Record, 128 págs., R$ 30Contos - Você Verá - Luiz Vilela. Record, 128 págs., R$ 30

A inconstância do mundo

Publicado em 19/01/2014 | JOSEGCASTELLO@GMAIL.COM

O mundo humano é maleável e cheio de surpresas. Muitos golpes são desferidos em suas brechas. Muito do que parece ser não é. A duplicidade traiçoeira da existência – que é cheia de sustos e de bruscas revelações – é o tema central de Você Verá, novo livro de contos do mineiro Luiz Vilela (Record). Assim é a vida, por exemplo, de Astrogildo – o Bem, como é mais conhecido –, um desentupidor de privadas que, como todos nós, vive às turras com as reviravoltas do real. Que fazer! Resta a Bem, como se boiasse em um imenso mar negro, se deixar levar. Ser arrastado pelas rasteiras injustas do mundo. Aceitá-las não só como parte essencial, mas até como um benefício da existência. Ele é o protagonista do conto “O Bem”, um dos mais inspirados do livro.
Sua história é narrada por Lauro, que na verdade não se chama Lauro, mas Stanislaw. Simplificaram seu nome para “Lau”. Daí para Lauro foi só um pulo na vida do advogado. Bem lhe presta um serviço, é competente e cobra barato. A amizade surge. Bem tem um terceiro nome, Astro, como a mulher o chama. Nomes deslizam de um lado para outro do relato, indicando a fragilidade do Eu. Ele e Lauro passam a conversar com frequência por telefone. Nesses longos diálogos, cheios de quebras e desvios, Bem está sempre a chorar suas mágoas. Lauro não apenas o suporta: por contraste, sente-se melhor quando fala com o amigo. Envergonha-se do que sente e promete a si mesmo que nunca mais ligará para Bem. Mas, dando uma rasteira em si mesmo, duas semanas depois volta a fazê-lo.
Lauro – que tem um terceiro nome, Stan, tirado de Stanislaw; nomes sob nomes, identidades empilhadas – ouve um dia as agruras de Bem com seu vizinho, Tonhão, um sujeito violento, que anda armado e o enche de ameaças. Pensa até em se mudar para fugir de Tonhão, mas não consegue fazer isso. Um dia, acha que ganhou na Mega-Sena, mas não ganhou – ouviu errado os números no rádio. Já havia até comemorado com a mulher que, ao descobrir a verdade, lhe dá uma vassourada. Cai, bate com a cabeça, tem um sangramento forte, e é Tonhão quem o salva, levando-o a um pronto-socorro. De onde menos poderia esperar que viesse sua sorte grande, é de lá que ela vem. O melhor, muitas vezes, se revela o pior. O melhor sai do pior. Vá se entender o mundo em que vivemos.
A realidade, nas mãos hábeis de Luiz Vilela, é feita de uma matéria inconstante, que está sempre a se transfigurar e a tomar formas surpreendentes. Seus contos são escritos em diálogos seco, substantivos, que quase chegamos a ouvir em voz alta, tal a nitidez e a vivacidade das frases. Vilela é um mestre na arte do diálogo. Em “O Que Cada um Disse”, um homem de bem comete um crime monstruoso. Sua história é narrada por uma série caótica de rápidos depoimentos dados por testemunhas, vizinhos, amigos, a um repórter. “A gente não conhece ninguém: essa é a conclusão que eu tiro”, uma das entrevistadas conclui. “Às vezes, nem a própria pessoa se conhece. Somos um bando de desconhecidos – uns para os outros e cada um para si mesmo”. As surpresas que o mundo nos apronta não vêm apenas de fora, mas de dentro de nós mesmos. Nós somos essas surpresas.
“O ser humano é como uma floresta: você olha de fora, e a floresta é aquela maravilha; mas você entra, e lá dentro você dá com onças, cobras, escorpiões”. Um dos temas prediletos de Vilela é, assim, a ilusão. A ilusão e seu desmascaramento, que é sempre doloroso. A mesma depoente continua: “Por fora uma coisa amável, por dentro uma coisa temível. Ou, como dizia a cartilha na escola, nos meus tempos de menina: por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”. Existir é decifrar a existência. Nunca se chega a uma conclusão final, as surpresas saem umas de dentro das outras, em uma série interminável. E isso é viver.
É o que acontece no imprevisível “Noite Feliz”. Nada mais previsível, em geral, que as grandes datas. O Natal, por exemplo. Mas Vilela consegue transformar a santa data em um inferno. Aristotelina – segundo nome: Lina – recebe os parentes mais próximos para uma ceia de Natal. Eles chegam desconfiados: sabem que algo estranho os espera nas próximas horas, embora não possam imaginar o que será. “Há meses que eu venho planejando esta noite; pensam que eu vou desistir agora? Nunca.” Durante longo tempo, em uma peregrinação paciente de posto a posto de gasolina, Lina armazenou combustível em garrafas. “Chega. É hora. A meia-noite se aproxima. Vamos. Noite feliz, noite feliz, Senhor...” A estranha ceia é armada: “Uma garrafa aqui: assim. Outra aqui... Agora esta... Mais esta... E esta... Pronto”. A tragédia se consuma na noite em que parece menos provável.
Um dos principais elementos da escrita de Vilela é o pessimismo – e isso se expressa com força no relato que empresta seu título ao livro. Não é preciso dizer muito – o que se esconde não está no conto, mas fora dele. Um jovem chega à rodoviária de Brasília. Estamos em abril de 1963, a um ano do golpe militar. Ainda falta um longo tempo para a partida de seu ônibus e ele decide tomar um café. O dono do bar, um nortista sessentão, é um homem deslumbrado com a cidade em que escolheu viver. “O futuro está aqui”, ele diz. “Um novo país está nascendo nesta cidade”. Mas Vilela sabe o que se esconde sob seu entusiasmo. “Eu talvez não verei; mas você, você, que é muito mais novo do que eu, você verá”. Na esperança do homem aparece, de ponta cabeça, a grande noite política que se aproxima. Dizendo de outra maneira: a esperança é o próprio arauto da desesperança.
Nas histórias de Vilela a realidade surge cheia de inversões bruscas e de destinos inesperados. É preciso estar atento para ler a realidade nas entrelinhas, ou a verdade nos escapa. Função da literatura: desmascarar a dupla condição do real, o paradoxo contínuo que o faz andar. Como observou Walnice Galvão, Vilela nos fala “da ilusão de que tudo poderia ser de outra maneira”. Um mundo duplicado, em que esperança e realidade se entrelaçam em uma espécie de dança fatal. Narrativas secas, diretas, sem adjetivos, sem descrições inúteis, sem divagações prolixas, que remexem diretamente no estranho e inconstante coração do homem
CASTELLO, José. A inconstância do mundo. Gazeta do Povo, Curitiba, 19 jan. 2014. Veja aqui
Publicado originalmente em: O Globo, Rio de Janeiro, "Prosa", 11 jan. 2014. Veja abaixo. 

O artigo de José Castello foi também reproduzido no Jornal Folha do Pontal, de Ituiutaba, MG, em 29 de janeiro de 2014, conforme reprodução abaixo. 

Também reproduz o artigo de José Castello, com data de 11 de janeiro de 2014, o blog Conteúdo Livre: veja aqui.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O espetáculo da violência na obra de Luiz Vilela

            Embora encoberta, a violência - em muitas de suas formas - é uma constante na sociedade brasileira. Em muitas de suas faces, essa violência está representada na obra de Luiz Vilela. O pesquisador Moacir Dalla Palma anotou sobre o tema em A Violência nos Contos e Crônicas da Segunda Metade do Século XX, tese defendida na UEL em 2008. O artigo "Era Aqui", Ficção e Sociedade em um Conto de Luiz Vilela, de Rauer Ribeiro Rodrigues, também trata do tema. O livro O menino na literatura brasileira, de Vânia Maria Resende, tem um capítulo sobre o sadismo infantil na obra de Luiz Vilela. Contos como "O Violino", "A Volta do Campeão" e "Escapando Com a Bola", para citar somente alguns entre dezenas, trata da violência interpessoal. A violência política, e seu cinismo correlato, estão - entre outros - em contos como "Más notícias" e o já citado "Era Aqui". A violência física, insinuada em diversos contos, está, por exemplo, em "À Luz do Lampeão" e em "Corpos", este último do recém-lançado Você Verá (Record, 2013; leia aqui a primeira resenha sobre o livro). Reproduzimos abaixo o resumo de uma comunicação em evento científico que destaca o tema da violência em um conto de Luiz Vilela.

1º Seminário Brasileiro de Poéticas Orais, UEL, outubro de 2010
O ESPETÁCULO DA VIOLÊNCIA NO CONTO “JÚRI” DE LUIZ VILELA 
Francielle Aparecida Miquilini de Arcega (G-FAFIPAR) 
Resumo: Este artigo analisa como se dá a relação entre a violência e o espetáculo no
conto “Júri” de Luiz Vilela. A análise parte do pressuposto de que a violência é vista
como espetáculo pela sociedade, no entanto, procura identificar se o espetáculo é um
efeito causal da violência ou se ambos surgem concomitantemente no interior do meio
social.  Outro  ponto  a  ser  trabalho  é  a  maneira  como  a  sociedade  vê  a  violência,
evidenciando a satisfação que o indivíduo encontra no espetáculo da punição, bem
como o elogio que faz à violência como mecanismo de combater a própria violência. 
Palavras-chave: Luiz Vilela; Violência; Espetáculo.
A resumo foi publicado aqui
O texto completo está aqui.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Abertas inscrições para o Doutorado em Letras da UFMS

Está na página da PROPP / UFMS o Edital do Processo Seletivo 2014 do Doutorado em Letras da UFMS do Câmpus de Três Lagoas. As inscrições vão até o dia 25 de Fevereiro. A solicitação de isenção da taxa de inscrição deve ser feita até o dia 31 de janeiro. As informações estão no seguinte endereço: <https://sistemas.ufms.br/sigpos/portal/arquivos/index/cursoId:208 >.

Neste primeiro processo seletivo, o PPG-Letras da UFMS oferece 18 vagas no doutorado. São duas áreas de concentração: Estudos Linguísticos e Estudos Literários. Cada área apresenta duas linhas de pesquisa. Os projetos de pesquisa apresentados pelos candidatos devem ser alinhados com uma das linhas de pesquisa, e apresentarem congruência com o grupo de pesquisa e as pesquisas em desenvolvimento pelos professores orientadores. O Coordenador do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela, Prof. Rauer Ribeiro Rodrigues, oferece uma vaga neste processo seletivo.

Além do Edital, estão no Portal da PROPP os Modelos de Formulários para o processo de inscrição e todas as orientações que o candidato necessita. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail <ufms.doutorado.letras@gmail.com >.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sou escritor de ficção, diz Luiz Vilela

 / Luiz Vilela 

“Sou escritor de ficção”
Flávio de Almeida


Luiz Vilela: escrever exige solidão

escritor Luiz Vilela sempre foi conhecido – e reconhecido – como autor de contos, graças, principalmente, ao sucesso de seu primeiro livro, Tremor de Terra, vencedor do Prêmio Nacional de Ficção, em 1967. Embora não renegue a fama de contista, argumenta que tem uma obra consolidada de novelas e romances. “Se você procurar, vai constatar que todos os meus romances estão esgotados. E nenhum deles parou na primeira edição”, afirma o escritor, que esteve na UFMG em dezembro para uma conferência sobre a dor humana, dentro da série Encontros Transdisciplinares.

Durante visita ao Acervo dos Escritores Mineiros, na Biblioteca Universitária, Luiz Vilela concedeu a seguinte entrevista ao BOLETIM, na qual fala sobre a geração de escritores mineiros que se projetou nas páginas do Suplemento Literário e do seu processo de criação na distante Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
O senhor ganhou projeção nos anos 70 nas páginas do Suplemento Literário, ao lado de escritores como Sérgio Sant’ana e Jayme do Prado Gouvêa. Como era a cena literária daquela época?

Meu nome, de fato, está muito associado à geração do Suplemento Literário, mas, na verdade, eu apareci no cenário nacional da literatura na década de 60. Meu primeiro livro, Tremor de Terra, foi publicado em 67 e ganhou o Prêmio Nacional de Ficção, o mais importante da época. Ainda na década de 60, publiquei meu segundo livro e participei de outros projetos literários, como a Revista, produzida com alguns companheiros, e a Página dos Novos, editada no jornal Estado de Minas pelo Afonso Ávila. Portanto, quando comecei a escrever para o Suplemento, já era conhecido como autor, tinha livros publicados. Independente disso, o Suplemento exerceu papel importante na época, porque aglutinou escritores de vários lugares e possibilitou um convívio muito rico em sua redação.
A geração Suplemento chegou a gerar algum tipo de movimento?

Não. O que havia eram discussões muito espontâneas de nossos trabalhos. Era algo que fazíamos lá na redação e continuávamos nos botecos das imediações da Imprensa Oficial. Os mais freqüentados eram o Saloom e a Cantina do Lucas.
Como conseguiu publicar o primeiro livro?

Juntei todo o dinheiro que tinha na época para publicar Tremor de Terra. Procurei a gráfica mais barata, que ironicamente se chamava Grafiquinha, e fiz uma tiragem muito modesta. Depois de publicado, o inscrevi num concurso em Brasília e ganhei o principal concurso nacional de ficção. Ganhei, mas com muitos protestos de escritores famosos que também concorriam.
De quem por exemplo?

Um dos mais enfáticos era o José Geraldo Vieira, que ficou uma arara. Ele chegou a dizer que objetivo do concurso era aposentar autores de obras feitas e premiar meninos saídos da creche (na época Vilela tinha 24 anos). Os jornais entraram na polêmica e me vi, da noite para o dia, conhecido em todo o Brasil.
Embora tenha também uma obra de romances, o senhor sempre foi conhecido (e reconhecido) como um grande contista. Por que isso aconteceu?
Creio que ter ganhado este prêmio com um livro de contos me tornou muito conhecido. Em seguida, fui premiado nas duas primeiras edições do Concurso Nacional de Contos do Paraná e veio aquela onda do contista mineiro, que virou um fenômeno nacional, e que, de certa forma, eu encabecei. Assim, fiquei marcado como escritor de contos, fenômeno muito natural na literatura. Mas, por outro lado, se você procurar, não encontrará qualquer um dos meus romances. Estão todos esgotados e nenhum deles parou na primeira edição. Sempre fiz ficção. Escrevi romances, novelas e contos. Para mim, não há diferença de valor entre os três gêneros. Meu próximo livro é um romance e se chama Perdição (o livro sairá, neste primeiro semestre, pela Editora Record, que reeditará os 13 livros de sua obra).

Do que ele trata?

Não posso falar muito dele antes de ser publicado, porque acabaria reduzindo o seu valor. O que posso dizer é que é um épico de inspiração bíblica, sem, no entanto, ter sentido religioso.

O senhor tem fama de recluso, até porque mora em Ituiutaba, no Pontal do Triângulo Mineiro, um lugar muito distante. Por que o senhor continua lá, não fixou residência em Belo Horizonte ou partiu para o Rio ou São Paulo, destino quase natural de tantos escritores?

Morei em Belo Horizonte, São Paulo, Estados Unidos e na Espanha. Vivo em Ituiutaba como poderia estar em qualquer outro lugar. E não sou tão recluso como dizem. Há pouco tempo, participei da Festa Literária de Parati e estive também em São Paulo num seminário de literatura. É simples: se me convidam para uma coisa boa, eu vou. Mas a reclusão tem a ver com o ofício do escritor. Escrever exige solidão, obriga o autor a se isolar dos fatos para trabalhar com tranquilidade.
Morar no interior ajuda no seu processo de criação?

Tenho um sítio, mas na verdade fico mais tempo em casa, no centro da cidade. O interior de hoje não é mais o mesmo dos versos de Drummond. Ituiutaba tem 180 mil habitantes (segundo o IBGE, são 91 mil habitantes), vários prédios, assaltos à luz do dia, seqüestros, tráfico de drogas. Enfim, tudo que os moradores das grandes cidades já conhecem. Não disponho de todo o tempo para escrever, devido aos compromissos, família, amigos.
Quanto tempo levou para escrever o último livro?

Se lhe disser que gastei três anos, estarei fornecendo uma informação precária. Até entregar o livro para a editora é um longo processo. Substituo palavras, reescrevo frases e trechos até chegar a uma forma que considero ideal. Todo trabalho tem seu ponto de perfeição, ainda que o leitor o considere uma porcaria. Se é possível melhorar o livro, tento fazê-lo. Considero um texto pronto quando não há nada a acrescentar ou a retirar dele. Aí não há nada mais a fazer.

https://www.ufmg.br/boletim/bol1469/sexta.shtml
BOLETIM, Belo Horizonte, UFMG, n. 1469 - Ano 31 - 20.1.2005

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Nota de Pesar

Nota de Pesar

Terça-feira, 07 de Janeiro de 2014
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul informa o falecimento do professor Dercir Pedro de Oliveira, Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, ocorrido nesta terça-feira, dia 7 de janeiro.
É com pesar que a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul informa o falecimento do professor Dercir Pedro de Oliveira, Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, ocorrido nesta terça-feira, dia 7 de janeiro, no município de Três Lagoas. 
Doutor em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, o professor ingressou na UFMS em 1973. Em Três Lagoas, foi Coordenador do Curso de Direito, Chefe do Departamento de Letras e Diretor do Câmpus. Antes de assumir a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação foi Coordenador da Pós-Graduação na Instituição.
O velório ocorre até a meia noite na Câmara Municipal de Três Lagoas. Posteriormente o corpo será levado para Mirandópolis (SP) onde ocorrerá velório na Loja Maçônica.  

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Doutorado em Letras abre Processo Seletivo

Doutorado em Letras do Campus da UFMS de Três Lagoas
abre inscrições para seu primeiro processo seletivo

José Batista de Sales
Kelcilene Grácia-Rodrigues
Rauer Ribeiro Rodrigues

O Programa de Pós-Graduação Curso de Doutorado em Letras da UFMS, Câmpus de Três Lagoas, com áreas de concentração em Estudos Linguísticos e em Estudos Literários, informou nesta primeira semana de 2014 que o Edital para selecionar os alunos que vão compor, nos próximos quatro anos, a primeira turma de doutoramento em Letras da instituição, será divulgado nos próximos dias. As inscrições serão em janeiro e fevereiro, as provas e a entrevista serão em março, e as aulas terão início no mês de abril, conforme calendário aprovado pela CAPES.
Diante da notícia, fazemos aqui um pequeno histórico do PPG-Letras da UFMS.
Há aproximadamente quinze anos, foi divulgada a informação de que o Câmpus da UFMS de Três Lagoas havia conquistado a autorização (recomendação) do órgão competente — a CAPES — para oferecer o curso de pós-graduação stricto sensu em Letrasnível de Mestrado. Naquele momento, era o primeiro curso desta natureza e nesta área nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o terceiro em todo o Centro-Oeste, sendo o primeiro em cidade que não fosse uma capital (no caso, havia cursos de pós na área de Letras, no Centro-Oeste, àquela época, somente em Brasília e em Goiânia).
Tal conquista coroava o esforço de uma equipe de professores e de dirigentes universitários que trabalhou silenciosa e anonimamente por um objetivo que contribuiria para o aprimoramento do ensino na região, para a sistematização da pesquisa na área de Letras e Linguística na UFMS, e para a consolidação do Câmpus Universitário de Três Lagoas.
E agora, em 18 de dezembro de 2013, recebemos outra grande notícia: o Programa de Mestrado em Letras de Três Lagoas obteve a tão sonhada e difícil autorização para oferecer o curso de Doutorado em Letras. Como ocorrera à época da autorização do mesmo curso em nível de Mestrado, o Doutorado em Letras de Três Lagoas é o primeiro curso desta área do conhecimento e nível, abrangendo Estudos Linguísticos e Estudos Literários, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É,sem dúvida,um marco histórico para a vida universitária de Três Lagoas e de todo o Centro-Oeste.
Desde sua implantação, o Mestrado em Letras de Três Lagoas (PPG-Letras / UFMS) fez esforço para manter-se segundo as determinações do órgão federal responsável pela autorização e avaliação do sistema de pós-graduação stricto sensu no Brasil, a CAPES. No concerto nacional, os representantes da área de Letras & Linguística, nos últimos três anos, dinamizaram as ações. Encontraram, no âmbito do PPG-Letras / UFMS, terreno propício para isso. Pois nos últimos quatros anos, aqui no PPG-Letras, a partir da prática de administração transparente e com decisões colegiadas amplamente debatidas, os docentes implantaram filosofia de seguir rigorosamente os princípios acadêmicos determinados pela CAPES, reformularam procedimentos e adequaram o quadro docente.
Eis algumas das conquistas do Programa nos últimos dois anos:
1. O PPG-Letras / UFMS implantou Doutorado Interinstitucional com a Universidade Presbiteriana Mackenzie (Dinter UFMS / UPM), obtendo recursos da ordem de seiscentos mil reais para capacitar professores da UFMS e de outros órgãos federais de ensino de Mato Grosso do Sul.
2. Implantou o Curso de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), participando da primeira turma em rede nacional, preenchendo todas as vagas oferecidas e com bolsa de mestrado para todos os acadêmicos.
3. Realizou em Três Lagoas diversos encontros regionais com pesquisadores da região do Centro-Oeste, dos quais citamos dois, ambos financiados pela CAPES: o II Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Letras do Centro-Oeste e o IV Simpósio da Rede Centro-Oeste de Pesquisa e Ensino em Arte, Cultura e Tecnologias Contemporâneas (Rede CO3).
4. Promoveu em Três Lagoas eventos de cunho internacional, com palestras de convidados de universidades do exterior, como, entre outros, da Facoltà di Lettere e Filosofia da Università degli Studi di Perugia (Itália), da Universidad Autonoma de Nuevo Leon – UANL (México), da Vrije Universiteit / ILTEC (Holanda) e da Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro / UTAD (Portugal).
5. Realizou o I Simpósio Internacional de Linguística Funcional.
6. Conquistou o estrato superior de periódicos para a revista Guavira Letras, que subiu para o conceito B2.
7. Elevou o Curso de Mestrado para o conceito 4, em avaliação divulgada pela CAPES no início de dezembro de 2013.
8. Conquistou o Doutorado em Letras (Linguística e Literatura), com o primeiro processo seletivo marcado para os meses de janeiro, fevereiro e março de 2014.
Informações ou dúvidas sobre o processo seletivo e de implantação do Curso de Doutorado devem ser tratadas com a profa. Kelcilene Grácia-Rodrigues, nomeada pela Reitora como coordenadora do Curso de Doutorado até que se faça a integração entre os dois Cursos, o de Mestrado, coordenado pela profa. Taísa, e o de Doutorado, que agora se implanta. Durante esta etapa de transição, o e-mail provisório do Doutorado em Letras da UFMS é < ufms.doutorado.letras@gmail.com >.
Ao compartilhamos este momento de júbilo, reconhecemos que nenhuma dessas realizações e conquistas teria sido possível sem o trabalho em equipe dos docentes que se empenharam, entre tantos afazeres, no aumento qualificado de sua produção científica, e sem os apoios da direção do Câmpus, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPP) e da Reitoria da UFMS.
Estamos certos de que a proposta de Doutorado do PPG-Letras da UFMS de Três Lagoas soube conciliar o sonho de muitas gerações de professores de Letras da UFMS com o momento atual da instituição e da pós-graduação no Brasil. No entanto, a justa euforia da conquista não pode ofuscar a atenção e o espírito crítico diante do muito trabalho e árduo caminho que um programa de pós-graduação tem que trilhar, não só para se consolidar no sistema nacional da pós-graduação na área de Letras, mas também para se tornar referência pelas pesquisas que realiza, pela qualificada produção científica de seus Grupos de Pesquisa, pelas publicações de seus docentes e, em especial, pela qualidade dos profissionais que forma.
Como integrantes da Comissão que elaborou o Projeto de Doutorado, Doutorado cuja conquista aqui se celebra, agradecemos a todos que se envolveram nesta luta, bem como dividimos nosso prazer de dever cumprido e objetivos alcançados.

José Batista de Sales, Kelcilene Grácia-Rodrigues e Rauer Ribeiro Rodrigues são professores de Literatura e atuam na PPG Mestrado e Doutorado em Letras da UFMS.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Artigos e estudos sobre o Você Verá

          A coletânea Você Verá, embora lançada no final de 2013, ganhou algumas resenhas entre meados de novembro e o mês de dezembro. Além disso, como alguns contos foram publicados em jornais ou revistas nos últimos anos, alguns deles já foram objeto de estudos. Listamos aqui a recepção, aquela que coligimos até o momento, ao novo livro de contos de Luiz Vilela.
  • 21 de novembro - A arte concentrada do conto: Luiz Vilela lança Você Verá, artigo de Rauer Ribeiro Rodrigues. Para ler, clique aqui.
  • 26 de novembro - Grandeza das coisas miúdas, por Carlos Herculano Lopes. Para ler, clique aqui.
  • Luiz Vilela lança livro na base da simplicidade, por Elemara Duarte. Para ler, clique aqui.
  • O release da Editora Record pelo lançamento. Para ler, clique aqui.
  • Luiz Vilela reúne 11 contos no livro Você Verá. Novo trabalho do autor sugere contraponto entre natureza e cultura com a presença de animais nas histórias. Artigo de Caio Junqueira Maciel. Para ler, clique aqui.
  • Luiz Vilela lança, em BH, novo livro de contos. Chamada no Jornal do Pontal. Para ler, clique aqui

Abaixo, alguns estudos. Para lê-los, clique no título do trabalho. Eles já constam na aba Fortuna Crítica.