É possível que o grande público esteja lendo Hilda Furacão (São Paulo: Siciliano, 1991), de Roberto Drummond, como o "brinquedo lúdico" proposto pelo autor, e é certo que alguns resenhista se mostraram irritados com esse ultrajante 1º de abril. Mas, são desleituras, porque, antes de mais nada, Hilda Furacão é o "romance de uma geração", a geração incuravelmente frustrada pelo 1º de abril que os acontecimentos políticos lhe pregaram: tinham um encontro marcado com a revolução fidelista de Che Guevara e foram surpreendidos pela revolução castelista de Olímpio Mourão. Assim, 1º de abril não é somente a data simbólica e sarcástica desta história, é também a chave para a sua leitura.
Nascido em 1939, Roberto Drummond estava com 25 anos em 1964, a idade ideal dos entusiasmos e ilusões revolucionárias; agora, um quarto de século mais tarde, amadurecido e posto à prova pelos fatos, ele se vinga da própria ingenuidade e procurá superá-la por meio do clássico exercício psicanalítico: a confissão no divã. Não é sem razão que a heroína frequenta um analista e o narrador consulta outro. De geração para geração, variam os encontros marcados: em 1956, o de Fernando Sabino [1923-2004] era com Deus, entremostrando, aliás, o mesmo desencanto existencial; em 1971, aos 27 anos, Luiz Vilela marcou o seu encontro com a vida literária, sua frívola superficialidade, pretensões injustificadas, mesquinharias, enganos e amarguras (Os novos), sátira de decepção amorosa que, segundo se diz, pôs de mau humor não poucos dos seus modelos, se não todos.
MARTINS, Wilson. Encontros marcados. In: ______. Pontos
de vista (crítica literária). São Paulo: T.A.Queiroz,
1997. v. 13, p. 86-87. [Publicado no Jornal
do Brasil, em 17 out. 1992].
Registremos que consta, no final da primeira edição de Os novos, lançada em 1971 pela Gernasa, do Rio de Janeiro, a seguinte informação:
Belo horizonte, 1-11-66.
Iowa City, 25-11-68.
Como Luiz Vilela nasceu em 31 de dezembro de 1942, a escrita do romance teve início antes de o escritor completar 24 anos, antes mesmo de lançar o seu primeiro livro, e foi concluída pouco antes de Vilela completar 26 anos.
Embora esta seja, conforme a resenha acima de Wilson Martins, "a idade ideal dos entusiasmos e ilusões revolucionárias", Os novos está, segundo o crítico, em outro patamar.
Para Wilson Martins, o primeiro romance de Luiz Vilela é "um retrato tanto mais cruel quanto menos contestável", sendo "um testemunho e um documento" de "uma geração perdida, não por haver sido reprimida e perseguida, mas por não se ter sabido afirmar e impor enquanto geração" (MARTINS, Wilson. Ilusões perdidas. In: ______. Pontos de vista (crítica literária). São Paulo: T.A.Queiroz, 1995. v. 11, p. 391-392. [Publicado no Jornal do Brasil, em 20 out. 1984]).
Embora esta seja, conforme a resenha acima de Wilson Martins, "a idade ideal dos entusiasmos e ilusões revolucionárias", Os novos está, segundo o crítico, em outro patamar.
Para Wilson Martins, o primeiro romance de Luiz Vilela é "um retrato tanto mais cruel quanto menos contestável", sendo "um testemunho e um documento" de "uma geração perdida, não por haver sido reprimida e perseguida, mas por não se ter sabido afirmar e impor enquanto geração" (MARTINS, Wilson. Ilusões perdidas. In: ______. Pontos de vista (crítica literária). São Paulo: T.A.Queiroz, 1995. v. 11, p. 391-392. [Publicado no Jornal do Brasil, em 20 out. 1984]).