Tido como o maior movimento literário de Minas Gerais, o “Suplemento Literário” começou a ser publicado dentro do “Diário Oficial de Minas Gerais” – no qual até hoje é encartado em um sábado por mês e distribuído para 200 municípios do Estado. Um dos principais méritos de Murilo Rubião foi unir gerações distintas em um mesmo jornal, além de traduzir autores inéditos no Brasil à época – criando uma publicação com peso de grandes escritores e ao mesmo tempo apta a revelar talentos mais jovens.
“É importante dizer que o Suplemento Literário foi assumido por uma geração literária – talvez a última que se articulou com essa magnitude em Belo Horizonte. Víamos tentativas de movimentos desde ‘A Revista’, da turma do Drummond, em 1925. A cidade era marcada por grupos que se sucediam. Teve o grupo Tendência, do Affonso Ávila, a revista “Estória”, do Luiz Vilela. Mas nenhuma durava mais do que três anos. O ‘Suplemento’ foi a resposta a isso porque juntou Drummond e Sérgio Sant’Anna, por exemplo”, pontua Angelo Oswaldo, editor do “Suplemento Literário” entre 1971 e 1973, e atual secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais.
É justamente essa essência que a edição comemorativa de 50 anos do “Suplemento Literário” carrega. Organizada pelo atual editor, Jaime Prado Gouvêa, as 71 páginas do jornal resgatam momentos memoráveis da literatura brasileira. E contam a história de uma publicação modesta, mas poderosa, que na época tinha “oito páginas, que podiam passar a dezesseis em certas edições especiais”, como diz Jaime.
Dividido em contos, poemas e análises acadêmicas inéditas, a publicação reproduz desde o primeiro número do jornal, com ilustração de Álvaro Apocalypse e poema de Breno Rivera, incluindo o fac-símile original de 1966, indo até análises inéditas de Humberto Werneck, um dos escritores revelados pelo “Suplemento Literário”.
Esse resgate histórico das páginas antigas, aliás, está presente nos textos mais importantes selecionados por Jaime Prado. “O ‘Suplemento Literário’ sempre prezou por uma estética dos poemas também. E vários poetas tinham ligação com as artes plásticas, como Sebastião Nunes, Amílcar de Castro e Márcio Sampaio, o que fazia com que as páginas tivessem caráter visual interessante. Por isso, ao republicar os melhores textos e poemas na edição de 50 anos, prezamos por apresentar os textos com o fac-símile original da época”, justifica João Barile, redator do ‘Suplemento Literário’.
Um dos recortes mais interessantes da edição comemorativa são as traduções. À época, os redatores do ‘Suplemento’ costumavam traduzir autores como Gabriel García Marquez e Julio Cortázar “na tora, do jeito que dava”, como lembra o escritor Libério Neves. “Tem muita coisa interessante. Como a tradução do Affonso Sant’Anna para o texto ‘A Banda Policial’, do autor norte-americano Donald Barthelme – um cara que só começou a ser traduzido oficialmente no Brasil no ano passado. Ou uma ousadia maior: a tradução de Humberto Werneck de ‘A Prodigiosa Tarde de Baltazar’. O próprio Humberto brinca que só sendo muito jovem para ter coragem de traduzir Gabriel García Márquez assim, de supetão mesmo. Mas, apesar disso, foram ousadias intelectuais que só provaram a qualidade intelectual que Minas reuniu”, diz Libério
AGENDA
O quê. Lançamento da edição de 50 anos do “Suplemento Literário”
Onde. Livraria Ouvidor (rua Fernandes Tourinho, 253, Savassi)
Quando. Neste sábado (11), a partir das 11h
Quanto. Entrada gratuita
“SUPLEMENTO LITERÁRIO”
Sobrevivência do papel em meio à cultura digitalizada
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Angelo Oswaldo e Julio Cortázar, argentino traduzido pelo ‘Suplemento’ |
Em meio a cinco décadas de história, hoje, o “Suplemento Literário de Minas Gerais” já conta com as suas cerca de mil edições digitalizadas pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – que mantém o trabalho atualizado ano após ano, disponibilizando o material gratuitamente ao público. Ainda assim, e mesmo diante à crise que atinge publicações impressas em todo o mundo, a edição bimestral se mantém no papel, desafiando novos tempos, formas de absorção de leituras e, principalmente, a missão de continuar divulgando escritores talentos da literatura mineira e brasileira.
“Hoje, o ‘Suplemento’ está inserido no contexto de uma cultura digital que é muito forte, em termos de concorrência. Outras mídias se fortaleceram, enquanto o impresso perdeu muito o seu papel, sem querer fazer trocadilhos. Mesmo com todas essas questões, o ‘Suplemento Literário’ tem muito mais pontos positivos do que negativos. Ele criou uma forma de leitura e divulgação nunca vista antes no país”, analisa o poeta Fabrício Marques, editor do “Suplemento Literário” entre 2004 e 2005.
Além disso, Marques ressalta o caráter praticamente perdido em outras publicações culturais do Brasil: tempo para compreender e escrever. “Numa das últimas edições do ano passado, eu fiz uma entrevista de 13 páginas com o músico Tavinho Moura (compositor da geração Clube da Esquina). Eu fiquei quatro meses debruçado em cima disso, entrevistando, apurando e escrevendo com calma. É algo que não se vê hoje em dia mais: textos longos e mais trabalhados, com mais conteúdo”, diz Fabrício.
Em uma análise contemporânea, o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, avalia que hoje em dia o “Suplemento Literário” não é mais “um instrumento de um grupo literário muito competente”.
“É um fato de que, nos dias atuais, o ‘Suplemento’ serve como importante meio de divulgação de autores mineiros e até nacionais. Mas não representa mais escritores conectados por diferentes gerações. É uma mudança natural, que os tempos pedem. Desejo vida longa ao ‘Suplemento’, tão longa que possa abrigar novos movimentos no futuro, mas que, especialmente, jamais deixe de divulgar a bela literatura do Estado e do Brasil”, diz o secretário.
Para o redator do “Suplemento Literário” João Barile, apesar da mudança de contextos, a publicação ainda mantém um de seus principais pilares. “Desde o início, em 1966, o Suplemento busca textos inéditos. Nada de republicar – incluindo as traduções pioneiras de Garcia Marquez e Julio Cortázar. Isso se mantém hoje. O Jaime Prado tem o cuidado de manter o ineditismo, peneirar os autores, trazer o novo direto ao leitor. É fantástico que isso se mantenha há 50 anos, mesmo com várias dificuldades financeiras, de impressão etc. É uma vitória”, analisa João.
Eu não conhecia esse titulo, mas adorei poder conferir suas impressões a respeito. Essas falas em aspas me incomodavam um pouco, mas ja estou me habituando também. Fiquei bem curiosa quanto ao desenvolvimento por conta das características que você destacou. Dica anotada!
Beijos, Fer
www.segredosemlivros.com
Gostei hein.
Só detesto essas falas em aspas, ainda mais em livros nacionais. Na escola a gente aprende que diálogo é travessão e pensamento em aspas. Aí vem um autor e resolve que vai bagunçar isso tudo.
Amo livros nacionais tanto quanto amo a língua portuguesa. Gostaria muito que elas sempre andassem juntas.
Bjksssss
Raíssa Nantes
Não conhecia esse livro e gostei da sua resenha mesmo não tendo como estilo literário esse nas minhas preferências tenho certeza que os amantes devem adorar!
Gostei da dica!
Bjs!
Camila de Moraes - Blog Book Obsession
Não conhecia o livro, mas logo de cara já chamou minha atenção. Apesar de não ser o tipo de livro que gosto de ler, com certeza eu me aventuraria nesse.
Valeu muito a dica!
Abraços.
Nossa achei super interessante esse livro, ideia genial a do autor. Senti vontade de ler o livro e sua resenha foi excelente. Será mesmo que ele teve um filho? Nossa se isso viesse à tona seria uma bomba para a literatura.
Abraços
As falas em aspas não me incomodam, então nesse quesito vai ser de boa pra mim.
Espero poder ler em breve!
Virando Amor
Sobre as aspas, também não me acostumei ainda a ler dessa forma, me confundo de vez em quando, prefiro os travessões. :(
beijos
www.apenasumvicio.com
Bom, se fosse pela capa confesso que não compraria o livro, pois eu sou louca por capas e essa não me chamou muita atenção. A premissa da estória é muito bacana. Não me incomodo com as falas em aspas já li muitos livros assim. Quero muito conhecer um pouco mais sobre a estória, pois parece ser muito boa ♥
Dica anotada, beijos ♥
Que legal que a leitura tenha te agradado tanto e que ela seja leve com um toque de humor.
Não fiquei interessada na leitura, infelizmente, mas acho que é muito válida para quem curte esse estilo de livro e acredito que agradará muitos corações.
Achei a capa singela e linda.
Beijos,
Um Oceano de Histórias
Confesso que de cara, ou melhor, pelo título, em fugiria. kkkk Mas que bom que continuei a ler sua resenha, pois você tocou exatamente nesse ponto. Gostei de saber que a escrita é divertida, e a obra parece mesmo ser bem interessante.
As falas entre aspas também me incomoda um livro. Li apenas um livro assim, e me embolei um pouquinho. kkkkk Um dia, com mais leituras, eu me acostumo. haha Dica anotada!
Eu estou longe de me acostumar com as aspas em diálogos, ainda me confundo muito.
A dica de leitura é ótima, fugindo da modinha, adorei, e é claro que quero saber muito mais sobre essa novela que me atraiu pelo simples fato de ter um toque de humor.
Beijos
Beijos
Não curto muito diálogos com aspas, sempre acho que é outra coisa, nunca dálogo hahaha Infelizmente a premissa do livro não me chamou a atenção, não faz o estilo que eu curto e vou deixar essa dica de lado, por enquanto.
Beijos.
Realmente eu nunca vi resenhas desse livro em blog. Para te falar a verdade eu nem o conhecia. Achei bem interessante essa coisa meio investigativa do professor e o fato dele ser idoso, isso deve gerar muitas desconfianças. Eu não curto nada diálogos entre aspas. Vida longa ao travessão! Hahahha
Beijo
Quanto as aspas é difícil mesmo , estamos acostumados a ler livros limpos. Bem, eu estou! rs
Bjs e Feliz 2017!
É a primeira Ezequiel que vejo esse livro é gostei muito do que ele oferece. Deve ser uma pequena aventura descobrir esse filho e saber como o professor obteve essa informação. Pelo título confesso que não leria, mas a forma em que a história é contada me agrada bastante. Espero ler em breve.
Bjim!
Tammy
Beijos
https://albumdeleitura.blogspot.com.br/
Lilian Valentim
http://speakcinema.blogspot.com.br/
beijinhos
Ainda não conhecia este livro, mas a achei a premissa muito interessante. Adoro Machado de Assis e pretendo ler mais livros dele. Quanto ao livro, fiquei bem curiosa, e sua resenha ficou muito boa, bem clara e nos situando sobre a obra.
beijos
Adoro Machado, impossível seu nome gerar uma rejeição em mim. Mas confesso que não me interessei muito pela trama, achei pouco para sustentar um livro essa simples descoberta. Por isso me surpreendi quando falou sobre esse final, é claro que me deixou curiosa. Talvez, esse livro seja mais do que espero. Por isso, irei dar uma chance. Sua resenha ficou ótima!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Eu não costumo ler muitos clássicos e nem coisas relacionadas à eles, mas já li obras do Machado e gostei bastante, por isso o nome dele sempre me chama a atenção. Esse livro eu ainda não conhecia e achei interessante a proposta do autor e gostei de ver que há pontos engraçados. Enfim, imagino que deve ser bacana acompanhar essa história, mas as aspas iriam me incomodar.
Beijos :*
eu ainda não conhecia o livro, mas curti a intenção, muito interessante. Eu nunca li muito de machado apesar de ter vontade e esse livro inspirado parece ser legal haha que bom que gostou tanto e que indica
beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Realmente, a utilização das aspas tem me deixado um pouco confusa também, mas acho que é uma questão de costume.
Acredito que o livro realmente deve ser interessante e por isso estou afim de me arriscar nessa leitura.
Obrigada pela dica.
Bjs
Acho que o que você disse faz muito sentido, talvez os leitores que não estão acostumados à uma escrita clássica, ou talvez aqueles que leram Machado de Assis e outros escritores, por obrigação por conta do vestibular, podem acabar lendo o título e associando as duas coisas.
Super bem escrita e esclarecedora sua resenha, vale a pena ser compartilhada.
beijo
Leitoras Inquietas