A dissertação A função-autor no roman à clef : Um estudo sobre
personagem e narrador em O inferno é aqui
mesmo, de Luiz Vilela, defendida em março de 2013 por Pauliane Amaral no Mestrado em Estudos de Linguagens da UFMS, está disponível aqui.
Eis o resumo do trabalho:
AMARAL, Pauliane. A função-autor no roman à clef : Um estudo sobre personagem e narrador em O inferno é aqui mesmo, de Luiz Vilela. Campo Grande, 2013, 177 fls. (Dissertação de Mestrado, Estudo de Linguagens) — CCHS/UFMS.“— Vamos para um bar aí? Comemorar o fracasso”, diz a personagem Tarcísio em certo ponto de O inferno é aqui mesmo, romance de Luiz Vilela lançado em 1979. Avesso a todo o cinza e preto de São Paulo, o artista plástico Tarcísio dá seu grito de guerra imprimindo cores vivas em seus quadros. O romance traz, através do olhar do narrador Edgar, a história de personagens jovens — ou não tão jovens — que escolhem São Paulo como lugar para “fazer a vida”. Centrada na redação do jornal “O Vespertino”, o livro pode ser classificado como um roman à clef, já que grande parte das personagens foram inspiradas em pessoas que conviveram com Luiz Vilela nos corredores do “Jornal da Tarde”, ao longo de 1968. Além do tom autobiográfico do livro, a narrativa oferece ao leitor o retrato de uma época marcada pela liberdade e questionamento das diretrizes que impulsionaram a política sócio-econômica em prol da industrialização nacional durante o governo militar. O retrato de São Paulo como modelo de sucesso proporcionado pela industrialização ressoa até hoje no país e ilustra a atualidade dessa narrativa, cujo espaço reúne personagens tão distintas como Raimundo, representante do migrante nordestino, e Vanessa, uma sintetize humana do que seria a mentalidade da metrópole. Nesse romance, Luiz Vilela retrata os pilares modais de um Brasil muito condizente com a pluralidade dos movimentos políticos e sociais dos conturbados anos do governo militar. A função-autor sustentada pelo discurso desse romance, somado a outros textos de Luiz Vilela, mostra-nos um autor crítico, implacável consigo e com o seu tempo, que se vale da experiência pessoal para construir uma narrativa desmistificadora sobre um tempo marcado pela esquerda festiva, composta por intelectuais com ideais revolucionários, que comemoram seu fracasso no bar, remediando com álcool a impossibilidade de alcançar algum ideal de felicidade.PALAVRAS-CHAVE: Autobiografia e memória; Ficção e história; Literatura brasileira contemporânea; Narrador; Personagem; Roman à clef.
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