Aconteceu na semana passada, em São Paulo, a sexta edição dos
Encontros de interrogação, promovido pelo Itaú Cultural. O evento teve à frente o jornalista Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, e a curadoria da edição esteve a cargo de Claudia Nina e Thiago Rosenberg.
Luiz Vilela participou da mesa "As intranquilidades diante da primeira página: como atravessá-la sem desistir", que ocorreu no dia 8, dividindo os debates, mediados por Claudiney Ferreira, com os escritores Fernando Bonassi, João Paulo Cuenca e Paloma Vidal. Vilela também foi entrevistado em vídeo gravado para compor o
acervo de entrevistas que o Itaú Cultural mantém em sua
Enciclopédia. Na entrevista, em determinado momento, Vilela afirmou: "Meu tema é o ser humano".
Do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela acompanhou a entrevista, assim como todas as mesas desse
Encontros de interrogação, o coordenador do Grupo, professor Rauer, que registra as afirmações dos curadores na apresentação do caderno do evento:
Interrogações intranquilas
As obras literárias nascem de uma série de projeções. E, principalmente, de intranquilidades - sejam as angústias pessoais dos escritores, sejam as ansiedades coletivas que marcam a geração da qual esses autores fazem parte. E, muitas vezes, essas obras também geram uma série de intranquilidades - principalmente quando pensamos na literatura contemporânea, marcada, sobretudo, pela diversidade de vozes. Pensar na organização de escolas ou de genealogias, como se fez no passado, é pensar contra o contemporâneo.
Como compreender essa produção tão fragmentada, caótica, indefinível, sem escolas ou movimentos que possam nos dar uma ideia do todo? São essas intranquilidades - tanto as que movem a criação literária quanto as que são geradas por ela - que a sexta edição dos Encontros de Interrogação pretende debater.
As dificuldades, os temores, a insegurança diante da primeira página em branco, a escolha por um gênero específico em detrimento de outro, a difícil chegada ao mercado e a suposta crise da narrativa são algumas das questões exploradas - a partir do ponto de vista intranquilo de escritores, críticos e pesquisadores - durante o evento.
Explorar, sim, mas não solucionar. Afinal, por que devemos tentar organizar algo cuja beleza vem justamente da desorganização e da fragmentação? Estes encontros de interrogação vêm para potencializar - e defender - a perplexidade.
(Claudia Nina e Thiago Rosenberg)
Reproduzimos a programação completa do evento:
Debates discutem a literatura contemporânea
São 11 mesas e mais de 50 escritores.
Em destaque, a entrevista-homenagem com Lygia Fagundes Telles
VI Encontros de Interrogação
quarta 7 a sexta 9 de setembroentrada franca - ingressos distribuídos com meia hora de antecedência
As mesas são apresentadas na Sala Itaú Cultural, com transmissão ao vivo aqui pelo site ou pela webtv TAL |
|
Quais são as intranquilidades da produção literária contemporânea? Como são vistos o processo de criação, o papel da crítica, a inserção no mercado? Para discutir essas e outras questões, ocorre, em 7, 8 e 9 de setembro, no Itaú Cultural, em São Paulo, a sexta edição do Encontros de Interrogação. São 11 debates com mais de 50 escritores. O destaque é Lygia Fagundes Telles, homenageada pelo evento.
A proposta do Encontros é discutir as angústias de ficcionistas, poetas e críticos literários. Como dizem os curadores Claudia Nina e Thiago Rosenberg, “uma organização em escolas ou genealogias, como se fez no passado, é contra o contemporâneo”. O contexto, hoje, é fragmentado, múltiplo. E “por que devemos tentar organizar algo cuja beleza vem justamente da desorganização?”. Assim, o objetivo é “potencializar e defender a perplexidade”.
Confira abaixo a programação. Nela, você encontra as biografias dos participantes e também entrevistas em vídeo com alguns deles. Para acessá-las, basta clicar no nome [na página do evento].
.
As mesas acontecem na Sala Itaú Cultural, com transmissão pelo nosso site. Você também pode acompanhar as mesas pela webtv Televisión América Latina (TAL).
VI Encontros de Interrogação
quarta 7 a sexta 9 de setembro
entrada franca - ingressos distribuídos com meia hora de antecedência
17h O que Faz um Autor Diante do Próprio Silêncio?
com Adriana Lunardi, Daniel Galera, João Anzanello Carrascoza e Marçal Aquino
mediação Marcelo Moutinho
O que representam, para um escritor, os momentos em que ele não escreve – em viagens, em contato com outros autores e leitores, participando de palestras ou mesmo imerso em leitura? A pausa na produção angustia ou auxilia o processo criativo?
18h30 Escrever É Apenas Narrar?
com João Silvério Trevisan, Joca Reiners Terron, Nelson de Oliveira, Paulo Scott e Rubens Figueiredo
mediação Paulo Werneck
A representação do real ainda tem espaço na contemporaneidade ou contar uma história já não é mais contemporâneo? Qual é o espaço da narrativa num momento em que, ao que parece, a forma precisa ser constantemente reinventada?
20h A Literatura de Lygia Fagundes Telles – Uma Homenagem
com Lygia Fagundes Telles, Fabricio Carpinejar, Marcelino Freire e Maria José Silveira
mediação Flávio Carneiro
O que é literatura? Hoje, mais do que nunca, a pergunta faz-se necessária, pois escritos de diversas naturezas ganham status de trabalho literário, mas não se sabe muito bem o que é joio e o que é trigo. A literatura com L maiúsculo sofre alguma ameaça quando os critérios de julgamento parecem cada vez mais instáveis?
quinta 8
15h Como as Intranquilidades do Mercado Editorial Interferem no Processo de Criação?
com Carola Saavedra, Frederico Barbosa, Luiz Ruffato e Ronaldo Correia de Brito
mediação Flávio Moura
Como acontece o approach com um editor? Blogs e afins se firmam como espaços nos quais autores postam obras à revelia de um julgamento prévio. Postar ou publicar? Por onde caminham os autores em busca da consolidação profissional?
16h30 As Intranquilidades Diante da Primeira Página: Como Atravessá-la sem Desistir?
com Fernando Bonassi, João Paulo Cuenca, Luiz Vilela e Paloma Vidal
mediação Claudiney Ferreira
Aquelas questões, tão antigas quanto atuais e eternas: como se dá o primeiro risco na página em branco – inspiração, leitura, pesquisa? Como e onde buscar as primeiras palavras, os temas e as reflexões? E quando a insegurança bate forte e o que se escreveu vira rascunho descartado? O que se foi merece ser revisitado?
18h Qual É o Espaço da Crítica de Ficção e de Poesia Hoje?com André Vallias, Claudio Daniel, Claufe Rodrigues e João Cezar de Castro Rocha
mediação Marcos Strecker
Qual é o papel, e como se dá a formação, do crítico literário brasileiro? Pode-se associar a suposta crise da literatura a uma crise da reflexão crítica? Quais são os espaços abertos à reflexão existentes hoje no Brasil?
20h Como Nasce uma Obra Quanto ao Gênero?
com Ivana Arruda Leite, Maria Esther Maciel, Michel Laub e Regina Dalcastagnè
mediação Claudia Nina
Quando uma obra é um romance? Quando algumas frases viram um poema? Prosa, poesia: esses termos ainda têm o mesmo sentido de antes? Como se dá o enquadramento de determinado texto dentro das tradicionais classificações literárias? As novas plataformas criam outros gêneros?
sexta 9
15h Vamos Subverter a Geografia Literária?
com Cíntia Moscovich, Claudia Roquette-Pinto, Ferréz e João Filho
mediação Mário Hélio Gomes
Como os autores marginais se centralizam e vice-versa? Como chegar a públicos diversos? Ou ainda: o que significam, hoje, esses termos? O que é margem e o que é centro?
16h30 Quais São os Limites entre a Biografia e a Ficção?
com Micheliny Verunschk, Miguel Sanchez Neto e Tatiana Salem Levy
mediação Claudia Nina
Quando o que se deseja é a confissão, como fazer isso o mais literariamente possível? Quais são os limites entre o que é ficcional e o que é biográfico? O que é autoficção?
18h A Literatura Infantil e Seus Passos de Gigante: A Quantas Anda o Gênero no Brasil?
com Eva Furnari, Leo Cunha, Marcia Camargos e Marisa Lajolo
mediação Suzana Vargas
Como a literatura infantil no Brasil se renova a partir de sua tradição? Existe uma tendência internacional seguida por autores nacionais? Há critérios claros que separam a ficção adulta da ficção infantil?
20h Mesa de Encerramento
com Beatriz Resende, Cristovão Tezza, Florencia Garramuño e Lourival Holanda
mediação Manuel da Costa Pinto
Nesta última mesa, serão debatidas as declarações e ideias lançadas pelos escritores, críticos, pesquisadores e jornalistas que participaram desta edição do Encontros de Interrogação.
sala itaú cultural 247 lugares
Itaú Cultural | Avenida Paulista 149 - São Paulo SP [próximo à Estação Brigadeiro do Metrô] | informações: 11 2168 1777| atendimento@itaucultural.org.br | itaucultural.org.br | twitter.com/itaucultural | youtube.com/itaucultural |facebook.com/itaucultural