segunda-feira, 1 de junho de 2015

LUIZ VILELA É NOTÍCIA EM CARTÓGRAFOS DA VERTIGEM URBANA

Em notícia do site Cartógrafos da vertigem urbana, o escritor Luiz Vilela fala sobre a necessidade de escrever ficção que o acompanhou por toda a vida.


Confira abaixo a notícia:




Por Fabrício Marques

Crédito: Luiz Vilela / Arquivo Pessoal
Luiz Vilela no Parque Municipal de Belo Horizonte, nos anos 1960

Luiz Vilela tinha apenas 24 anos quando estreou na literatura com o livro de contos Tremor de terra, em 1967. Este mineiro de Ituiutaba, nascido em 1942, fez uma das estreias mais impressionantes das letras brasileiras, com um livro maduro e repleto de excelentes contos, o que resultou em consagrações instantâneas, do livro e do autor.

Um dos contos do livro, “Deus sabe o que faz”, tem uma dos melhores aberturas da ficção produzida em qualquer país:

“Deus sabe o que faz e por isso a criança nasceu cega, mas Deus sabe o que faz e ela cresceu forte e sadia, não teve coqueluche nem bronquite como os outros filhos – o mais velho, aos vinte e poucos anos já vivia na pinga, cometeu um crime e foi parar na cadeia; a menina cresceu, virou moça, casou, traiu o marido, separou, virou prostituta; o cego tinha o ouvido bom e aprendeu a tocar violão e aos quinze anos já tocava violão como ninguém, um verdadeiro artista, porque Deus sabe o que faz e para tudo nesse mundo há uma compensação (…)”.

De lá pra cá, já são diversas publicações, entre contos, romances e novelas.


Antes de sua estreia literária, Luiz Vilela criou, juntamente com outros escritores mineiros, como Luiz Gonzaga Vieira e Wanda Figueiredo, a revista “Estória”, que em 2015 completa 50 anos de seu lançamento. O primeiro número foi lançado em outubro de 1965. O sexto e último número da revista saiu em 1968.

       Primeiro número da revista “Estória”, editada por Luiz Vilela

Sexto e último número da revista “Estória”, lançado em 1968

Entrevistei Vilela para a edição 1.340 do Suplemento Literário de Minas Gerais, de janeiro/fevereiro de 2012, quando ele estava lançando seu romance mais recente, Perdição (no mesmo número, há uma resenha de Francisco de Morais Mendes sobre o livro). Destaco aqui dois trechos dessa conversa:

Desisti de escrever porque há um excesso de verdade no mundo”, disse Otto Rank. Como você avalia essa afirmação?

Como não conheço o contexto em que ela foi feita, não posso avaliá-la. Quanto a mim, o que eu acho que há no mundo é um excesso de mentira, o que me causa muita indignação e me leva a continuar escrevendo.

Em 1978, durante o XII Encontro Nacional de Escritores, em Brasília, numa palestra sua intitulada “Por que escrevo ficção”, mais tarde publicada na edição comemorativa do número 1000 deste Suplemento, você disse o seguinte: “Escrevo ficção por uma necessidade de contar histórias, não importa a quem nem para quê. Uma necessidade que surgiu na adolescência e que com o tempo se tornou tão vital quanto comer e dormir, e, em certas circunstâncias, até mais. Hoje, não consigo me imaginar vivendo sem escrever. Parar de escrever seria uma espécie de morte seria realmente morrer. Assim, sabendo ou não sabendo por quê, escrever ficção é o que eu faço e é o que eu certamente farei até o fim de minha vida.” Você alteraria algo nesta declaração ou lhe acrescentaria algo? 

Não, eu não alteraria nem acrescentaria nada. Mas gostaria de dizer, aqui, que, de lá para cá, nestas três décadas, eu publiquei dois livros de contos, três novelas e quatro romances, além de ter escrito, nos últimos anos, para próxima publicação, um novo livro de contos, uma nova novela e um novo romance. Ou seja, eu nunca parei nem me desviei de minha meta. Tendo começado a escrever aos 13 anos, já são, portanto, 55 anos escrevendo ficção. E é isso o que eu, agora, espero continuar fazendo até o fim de minha vida: escrever ficção.



Tirinha publicada no Estado de Minas em 1983 cita músicos e também escritores, como Luiz Vilela

Para saber mais sobre o escritor, acesse este blog: 
http://gpluizvilela.blogspot.com.br/p/noticias.html.

Informações sobre a revista Estória estão em um texto de Luiz Ruffato, aqui: 
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/revistas-literarias-em-belo-horizonte/.

A entrevista com Vilela e a resenha do livro “Perdição” estão aqui: 
http://www.ciclope.com.br/wp-content/uploads/2013/11/2012-janeiro-fevereiro-slmg.pdf.


A notícia também pode ser conferida aqui.

Acesse a entrevista completa aqui e aqui.

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