Em notícia do
site Cartógrafos da vertigem urbana, o escritor Luiz Vilela
fala sobre a necessidade de escrever ficção que o acompanhou por toda a vida.
Confira abaixo
a notícia:
Por Fabrício Marques
Crédito: Luiz Vilela / Arquivo Pessoal
Luiz Vilela no Parque Municipal de Belo
Horizonte, nos anos 1960
Luiz Vilela tinha apenas 24 anos quando estreou na literatura com
o livro de contos “Tremor de
terra”, em 1967. Este mineiro de
Ituiutaba, nascido em 1942, fez uma das estreias mais impressionantes das
letras brasileiras, com um livro maduro e repleto de excelentes contos, o que
resultou em consagrações instantâneas, do livro e do autor.
Um dos contos do livro, “Deus sabe o que faz”, tem uma dos
melhores aberturas da ficção produzida em qualquer país:
“Deus sabe o
que faz e por isso a criança nasceu cega, mas Deus sabe o que faz e ela cresceu
forte e sadia, não teve coqueluche nem bronquite como os outros filhos – o mais
velho, aos vinte e poucos anos já vivia na pinga, cometeu um crime e foi parar
na cadeia; a menina cresceu, virou moça, casou, traiu o marido, separou, virou
prostituta; o cego tinha o ouvido bom e aprendeu a tocar violão e aos quinze
anos já tocava violão como ninguém, um verdadeiro artista, porque Deus sabe o
que faz e para tudo nesse mundo há uma compensação (…)”.
De lá pra cá, já são diversas publicações, entre contos, romances
e novelas.
Antes de sua estreia literária, Luiz Vilela criou, juntamente com outros escritores mineiros,
como Luiz Gonzaga Vieira e Wanda Figueiredo, a revista “Estória”, que em 2015
completa 50 anos de seu lançamento. O primeiro número foi lançado em outubro de
1965. O sexto e último número da revista saiu em 1968.
Primeiro número da revista “Estória”, editada por Luiz Vilela
Sexto e último número
da revista “Estória”, lançado em 1968
Entrevistei Vilela para a edição 1.340 do “Suplemento
Literário de Minas Gerais”, de janeiro/fevereiro de 2012,
quando ele estava lançando seu
romance mais recente, “Perdição” (no mesmo número, há uma resenha de Francisco de
Morais Mendes sobre o livro). Destaco aqui dois trechos dessa conversa:
“Desisti de escrever porque há um excesso de verdade no mundo”,
disse Otto Rank. Como você avalia essa afirmação?
— Como não conheço o contexto em que ela foi feita, não posso
avaliá-la. Quanto a mim, o que eu acho que há no mundo é um excesso de mentira,
o que me causa muita indignação e me leva a continuar escrevendo.
Em 1978, durante o XII Encontro Nacional de Escritores, em Brasília, numa palestra sua intitulada
“Por que escrevo ficção”, mais tarde publicada na edição comemorativa do número
1000 deste Suplemento, você disse o seguinte: “Escrevo ficção por uma
necessidade de contar histórias, não importa a quem nem para quê. Uma
necessidade que surgiu na adolescência e que com o tempo se tornou tão vital
quanto comer e dormir, e, em certas circunstâncias, até mais. Hoje, não consigo
me imaginar vivendo sem escrever. Parar de escrever seria uma espécie de morte — seria realmente morrer. Assim, sabendo ou não sabendo por quê,
escrever ficção é o que eu faço e é o que eu certamente farei até o fim de
minha vida.” Você alteraria algo nesta declaração ou lhe acrescentaria algo?
— Não, eu não alteraria nem acrescentaria
nada. Mas gostaria de dizer, aqui, que, de lá para cá, nestas três décadas, eu
publiquei dois livros de contos, três novelas e quatro romances, além de ter
escrito, nos últimos anos, para próxima publicação, um novo livro de contos,
uma nova novela e um novo romance. Ou seja, eu nunca parei nem me desviei de
minha meta. Tendo começado a escrever aos 13 anos, já são, portanto, 55 anos
escrevendo ficção. E é isso o que eu, agora, espero continuar fazendo até o fim
de minha vida: escrever ficção.
Tirinha publicada no Estado de Minas em 1983 cita músicos e também escritores, como Luiz Vilela
Para
saber mais sobre o escritor, acesse este blog:
http://gpluizvilela.blogspot.com.br/p/noticias.html.
http://gpluizvilela.blogspot.com.br/p/noticias.html.
Informações
sobre a revista Estória estão em um
texto de Luiz Ruffato, aqui:
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/revistas-literarias-em-belo-horizonte/.
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/revistas-literarias-em-belo-horizonte/.
A
entrevista com Vilela e a resenha do livro “Perdição” estão aqui:
http://www.ciclope.com.br/wp-content/uploads/2013/11/2012-janeiro-fevereiro-slmg.pdf.
http://www.ciclope.com.br/wp-content/uploads/2013/11/2012-janeiro-fevereiro-slmg.pdf.
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