quarta-feira, 26 de novembro de 2014

RUBEM FONSECA E LUIZ VILELA

       No dia 18 deste mês, em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, a Câmara Brasileira do Livro realizou, em sessão solene, a entrega dos troféus do Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do país. Na categoria contos e crônicas ficou em primeiro lugar Rubem Fonseca, com o livro Amálgama, e em segundo, Luiz Vilela, com o livro Você Verá, ambos de contos.
        Em sua coluna "Últimos Livros", no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo de 7.10.73, sob o título de "O Conto Moderno", Wilson Martins escreveu sobre os dois escritores:
      "Estilisticamente, Rubem Fonseca e Luiz Vilela não acham necessário recorrer a funambulismos vocabulares ou sintáticos, nem a sinais diacríticos e tipográficos, nem à obscuridade pastosa que passa, ou procura passar, por análise psicológica; eles se contentam com fixar, de forma insuperável, a contextura mesma da língua falada."
        Anteriormente, no mesmo jornal, no Suplemento do dia 12.12.71, sob o título de "Experiências Romanescas - II", Wilson Martins também escreveu:
     "O conto realmente contemporâneo é o de Rubem Fonseca, o de Dalton Trevisan, o de Luiz Vilela. O fator catalisante da modernidade é o que antes de mais nada os distingue  -  são, para empregar um título famoso, os 'pintores da vida moderna'. Não necessariamente porque os seus temas sejam sempre os da atualidade sensacional (isso não acontece, por exemplo, nem com Dalton Trevisan, nem com Luiz Vilela), mas porque falam o idioma do nosso tempo e obedecem a outra gramática narrativa. O ritmo da ação é diverso, é outra a sintaxe dos motivos; também mudou, sem que o tivéssemos percebido, a psicologia do personagem, a do autor, a do leitor."
Veja, aqui, outras menções simultâneas 
a Rubem Fonseca e a Luiz Vilela. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Luiz Vilela, sempre atento e fiel ao presente e à vida

UMAS E OUTRAS
21/10/2014 - Edição 143 - Out/2014
Zaqueu Fogaça

Uma conversa com o escritor Luiz Vilela
LITERATURA - Um dos maiores prosadores da literatura brasileira, o mineiro Luiz Vilela coleciona títulos e prêmios. Com a coletânea de contos Você Verá (Record), lançada no final de 2013, foi contemplado com o Prêmio de Melhor Livro de Ficção do Ano da Academia Brasileira de Letras, um dos prêmios mais importantes do país.
Autor de mais de 30 obras publicadas – entre contos, novelas e romances -, Vilela esteve no pedaço, na noite do dia 30 de setembro, para debater sobre sua literatura no encontro Sempre Um Papo, realizado no Sesc Vila Mariana. Na ocasião, o autor recebeu o Pedaço da Vila para falar sobre sua relação com a escrita e os temas que norteiam sua ficção.
Primeiros passos. Eu sempre li muito literatura. Se ler já era tão bom, pensava, escrever deveria ser melhor ainda. Portanto, escrever, para mim, sempre foi uma grande empolgação; sempre me encantou a possibilidade de inventar personagens. Escrevo desde os meus 13 anos. No início, costumava pegar o que eu havia escrito e comparar com os textos de escritores que admirava.
Processos. Acho que escrever se tornou mais difícil. Escrevo um livro como se fosse o primeiro, é um confronto permanente. Costumo escrever tudo de uma só vez, sem pensar muito, e depois, aos poucos, começo a editar até encontrar o ponto que me agrada; é um escrever e cortar até eu achar que não há mais nada que eu possa retirar. Por último, leio o texto em voz alta, o que me faz perceber algo que não consigo durante a escrita, como o ritmo, por exemplo. Eu nunca dispenso a leitura em voz alta. Às vezes, e isso ocorre mais com o romance, quando me enrosco em alguma parte, eu deixo o texto na gaveta, quieto, e, mais tarde, quando o resgato, tenho melhor consciência do que não está bom.
Escrita espontânea. Quando eu escrevo, prezo muito pela espontaneidade da escrita; mas por trás dessa naturalidade se esconde um processo trabalhoso. Tem uma frase que é assim: “A grande arte esconde a arte”. É como uma casa cuja beleza final esconde todo um aparato de alvenaria, ferros e tijolos, mas que escapa aos olhos de quem vê a casa pronta.
O presente. Em minha literatura, sempre procurei me manter fiel ao presente e à vida; sempre fui muito atento a tudo o que acontece ao meu redor. Aqui cabe aquela frase do Carlos Drummond de Andrade, que gosto muito: “O presente é tão grande, não nos afastemos”.
http://www.pedacodavila.com.br/materia/?matID=1857  

sábado, 1 de novembro de 2014

Luiz Vilela participa de bate-papo sobre o romance "Perdição"


Luiz Vilela participa, nesta segunda-feira, 3 de novembro, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná, de bate-papo sobre seu romance Perdição. Informações no site da instituição estão disponíveis aqui. Reproduzimos abaixo o noticiário que consta na página da UEPG, acrescentando, ao final, o resumo de um estudo sobre o romance realizado pelo Coordenador do GPLV, Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues.

Luiz Vilela nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 31 de dezembro de 1942. Em 1967, aos 24 anos, com Tremor de Terra, seu primeiro livro, ganhou, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção, superando diversos autores consagrados da literatura brasileira. Em 1971, seu primeiro romance, Os novos, provocou polêmicas, em especial, como registra Wilson Martins, por ser "um retrato tanto mais cruel quanto menos contestável" da intelectualidade brasileira de então. Em 1974 ganhou o Jabuti pelo livro de contos O Fim de Tudo, lançado no ano anterior. Em obra que hoje conta com sete coletâneas de contos, dezesseis antologias individuais, três novelas (uma quarta, O Filho de Machado de Assis, está anunciada para 2015) e cinco romances, Vilela amealhou recentemente o Prêmio de Melhor Livro de Ficção de 2013 da Academia Brasileira de Letras para Você Verá, contos, e, com o romance Perdição, o Prêmio Literário Nacional PEN Clube do Brasil 2012.


À beira de um lago, na pequena cidade de Flor do Campo, em Minas Gerais, um jovem, Leo, é convidado para ingressar nas fileiras da organização religiosa comandada por Mister Jones, e se torna o Pastor Pedro. Essa trajetória é narrada por seu melhor amigo, o jornalista Ramon, formado em Letras. Tendo por fio condutor o que os conhecidos de Leo falam de sua atuação como pastor no Rio de Janeiro, o romance traça um painel do Brasil do início do terceiro milênio. A inspiração bíblica perpassa cada página do romance, e a tragédia final que envolve as personagens ecoa os impasses da civilização ocidental.


RECEPÇÃO:

Vilela é um desses estuários que formam o oceano de uma grande literatura. Assim como um Graciliano Ramos e um Tchecov, sua ficção é virtuosa, porque a palavra não é usada para enfeite, mas para comunicar, dizendo sempre mais com o mínimo de recursos. E no bojo de seu projeto criativo, que incorpora uma visão estética da arte e do homem, sua literatura tem um compromisso ético com a verdade e com os destinos do mundo.

                                                    Ronaldo Cagiano, escritor e crítico literário.


Perdição é visceral. Um clássico.
                                                    Whisner Fraga, escritor.


Com uma fatura realista, um uso musical da linguagem, num estilo literário da oralidade, Luiz Vilela constrói o seu romance de maturidade, em que banal cotidiano dos personagens se manifesta como 
                                                    Miguel Sanches Neto, escritor, professor da área de
                                                    literatura na UEPG.


Perdição é obra prima.
                                                    Fábio Lucas, crítico literário.


O livro é retrato fiel da atual realidade brasileira, refletida no quadro provinciano de uma pequena cidade do interior.
                                                    José Bento Teixeira de Sales, cronista.


Perdição é um romance denso, atual e perturbador. Mais uma prova da habilidade de Vilela em dissecar os sonhos e anseios mais íntimos do ser humano.
                                                    MANTIQUEIRA, Jornal.


Ele apenas põe as pessoas falando, ouvindo e se calando. As palavras e os silêncios dão conta do recado.
                                                    João Paulo, jornalista.


Ninguém sai incólume de suas páginas, nem do contato com seus comuns e estranhos personagens.
                                                    Hildeberto Barbosa Filho, professor universitário.



Eis, de Rauer Ribeiro Rodrigues, o resumo de estudo sobre o Perdição:
O escritor Luiz Vilela, que nasceu em Ituiutaba, MG, em 1942, lançou, em 2011, seu quinto romance Perdição. Em quase quatrocentas páginas, Ramon, o narrador, relata a vida de Leonardo, um pescador conhecido como Leo, seu amigo de infância. Leo aceita convite para ingressar em uma nova religião, muda-se para o Rio de Janeiro e se torna o Pastor Pedro. Tendo sucesso na atividade, ganha dinheiro e impressiona a todos quando retorna à pequena Flor do Campo, dirigindo seu carro e trajando terno e gravata. Após muitas informações não comprovadas e versões as mais desencontradas sobre as atividades do Pastor Pedro no Rio, inclusive algumas que garantem que ele foi para o exterior, Leo, em estado de penúria, retorna para sua cidade natal. Qualificado por Luiz Vilela como "épico de inspiração bíblica", em Perdição a pequena Flor do Campo é metonímia do Brasil. Romance polifônico, em que as personagens são desnudadas pelo narrador iluminista e cético, as páginas de Perdição destilam desencanto no laivo amargo de um tempo em que nem a esperança faz mais sentido. 
Palavras-Chave: Ficção e História; Literatura Brasileira; Polifonia.

Para mais informações sobre o Perdição, clique aqui.