Em 2007, no Câmpus de Aquidauana da UFMS, a professora Kelcilene
Grácia-Rodrigues realizou o 1º Ciclo de Estudos Literatura em Perspectiva. O
evento teve palestras - distribuídas ao longo do ano - em Aquidauana e também
em Campo Grande e em Corumbá, com pesquisadores como, para citar somente alguns, João Adolfo
Hansen, Ana Maria Domingues de Oliveira, Luiz Gonzaga Marchezan e
Maria Célia de Moraes Leonel. Mais detalhes sobre o evento estão disponíveis aqui.
Algumas dessas palestras, juntamente com textos de
estudiosos especialmente convidados para a obra, como, entre outros, Luís Carlos
Santos Simon, Maria Adélia Menegazzo e Tânia Sarmento-Pantoja, compõem o livro O Universal e o Regional - Literatura em
Pespectiva 1, lançado pela Editora UFMS em 2009. No livro, sobre Luiz Vilela, consta o artigo "A questão autobiográfica em sala de aula:
investigação em torno da obra de Luiz Vilela", de Sheila Dias Maciel e
Maria Rita de Oliveira Wider. Veja esse estudo aqui.
Reproduzimos abaixo o texto de abertura do
Ciclo, pela Profa. Dra. Kelcilene Grácia-Rodrigues, que hoje integra o GPLV, e
o resumo da palestra sobre Luiz Vilela proferida pelo Prof. Dr. Rauer Ribeiro
Rodrigues, hoje coordenador do Grupo de Pesquisa Luiz Vilela. Após a palestra
foi exibido Bóris & Dóris - o filme, adaptação da novela
homônima dirigida por Rauer com alunos da UFMS do Câmpus do Pantanal. Veja o
filme a partir de links na aba Fortuna Crítica.
A LITERATURA EM PERSPECTIVA
KELCILENE
GRÁCIA-RODRIGUES
Ver a literatura em perspectiva
significa ter uma perspectiva da vida humana para além da visão trivial. Estudar
a literatura em perspectiva significa transformar as diversas escolas
literárias, assim como os conceitos teóricos definidos pelos estudos
literários, em algo vital para os alunos, não só os do ensino fundamental, mas
também os estudantes do ensino médio, os acadêmicos da graduação e os
pesquisadores da pós-graduação. Ter da literatura uma visão em perspectiva
transforma a leitura literária em um poliedro, cujas múltiplas interfaces
contemplam diversos campos do conhecimento, tais como – entre outros – a
história, a sociologia, os estudos culturais, a biografia e a lingüística. No
literário, as diversas disciplinas entrecruzam, em fluxos e contrafluxos que
transitam do particular-regional para o cosmopolita-universal e do
factual-empírico para o conceitual-teórico, erigindo-se como humana construção
do conhecimento. Nesse sentido, refletir sobre a literatura significa, em
nossos dias, colocar o humano em perspectiva, para relativizar tudo o que dele
deriva.
BÓRIS E DÓRIS, A ARS POETICA DE LUIZ VILELA
RAUER RIBEIRO RODRIGUES
Em 2006,
com perto de uma centena e meia de contos enfeixados em seis coletâneas, quatro
romances e duas novelas, o escritor mineiro Luiz Vilela – que anuncia para
breve mais um volume de contos e um romance, o aguardado Perdição –
lançou a novela Bóris e Dóris. Desde o título, a narrativa anuncia uma das
constantes do escritor: um homem e uma mulher, um casal. Muitas outras das
fixações temáticas, estilísticas e formais de Vilela são reeditadas nessa obra,
que desse modo compõe como que uma suma da ars poetica do
ficcionista. Além disso, perscrutando o ser humano em latitudes e longitudes
tanto mais inesperadas quanto mais óbvias e corriqueiras, o narrador
de Boris e Dóris desvela o homem comum de nossos dias, cuja medíocre
mediania – pretensamente empreendedora, verdadeiramente amargurada e infeliz –
é o melhor retrato que se pode fazer do Brasil e da humanidade neste início de
terceiro milênio.
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