Diversos estudos sobre a obra de Luiz Vilela serão apresentados, nesta semana, no XI Seminário de Estudos Literários - SEL, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UNESP de Assis. Eis os resumos desses trabalhos:
METÁFORA E INTERTEXTUALIDADE EM PERDIÇÃO, DE LUIZ VILELA
Anna Caroline Assis Fioravante - PG-CPTL/UFMS
O presente artigo pretende analisar a figura do lago e da canoa presentes no romance Perdição. Nosso objetivo central é realizar o exercício exploratório das possibilidades proporcionadas pela metáfora e pela intertextualidade. Para isso, nos valemos em especial da primeira parte do livro, intitulada “O rapaz dos peixes”. Desse modo, discorremos sobre os significados latentes da presença do lago no centro do cenário do romance e seus significados romanescos. O lago parece catalizar imagem da liberdade de escolha dos indivíduos quanto aos rumos das próprias vidas. Percebemos, desse modo, possíveis significados velados na obra de Luiz Vilela, como se a obra se constituísse além da segunda margem de um rio. Como referencial teórico, nos valemos de obras de Luiz Costa Lima (Metáfora: do Ornato ao Transtorno), de José Paulo Paes (Para uma pedagogia da metáfora) e de Jean Paul Sartre (O existencialismo é um Humanismo).
O OLHAR EM “COM OS SEUS PRÓPRIOS OLHOS”, DE LUIZ VILELA
Janaína Paula Malvezzi Torraca da Silva - PG-CPTL/UFMS
Rauer Ribeiro Rodrigues - UFMS
O artigo tem por objetivo analisar um conto do escritor Luiz Vilela, mineiro de Ituiutaba, onde nasceu em 1942. O tema sob nosso enfoque é o do erotismo, temática constante na ficção de Vilela, tendo por recorte a repressão sexual. O conto escolhido por corpus é “Com seus próprios olhos”, presente na coletânea Tarde da noite, publicada em 1970. Será usada a obra Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida, de Marilena Chauí, para o enquadramento descritivo da repressão sexual, bem como a obra Microfísica do Poder, de Michel Foucault. Nosso referencial de análise também se vale de proposições teóricas compiladas por Adauto Novaes, em O olhar. No conto escolhido, um diretor de escola chama um aluno até seu gabinete para uma conversa. Esse aluno vislumbrara o diretor da escola em uma praça, numa noite, trocando carícias com outro menino. Os olhares que acontecem na sala do diretor são decisivos na conversa entre eles; esses olhares dizem mais que as palavras trocadas. De Foucault, nos valemos especificamente do texto intitulado “O olho do poder”, para um enquadramento do olhar sob o perfil de quem detém o poder. Dos ensaios publicados em O olhar, serão utilizados “O olhar iluminista”, de Sérgio Paulo Rouanet, “Masculino/feminino: o olhar da sedução”, de Maria Rita Kehl, e “Os olhos do poder”, de Katia Muricy. Da obra de Chauí nos é útil a interligação entre economia, religião e poder. O problema sobre o qual nos detemos pode assim ser expresso: qual o efeito de sentido que o escritor constrói a partir dos olhares de ambas as personagens? Nossa proposição é de que Vilela, no conto em questão, faz denúncia do uso do poder institucional para fins pessoais e sexuais.
SOBRE SOLIDÃO, AUTOGNOSE E O PAPEL DA
LITERATURA NA VIDA CONTEMPORÂNEA
Jorge Augusto Balestero - PG-CPTL/UFMS
O presente artigo tem por escopo uma reflexão crítica sobre o pensamento do homem comum na contemporaneidade, partindo, para tal, da leitura do conto "Zoiúda", do escritor Luiz Vilela. Intenta-se estabelecer, por meio desta leitura, uma discussão acerca da Cosmovisão do homem comum, e realizar uma prática de leitura do papel da literatura em comum com essa condição contemporânea do sujeito.
LUIZ VILELA E A RETOMADA INTERTEXTUAL DA FICÇÃO NORTE-AMERICANA
Raquel Celita Penhalves dos Reis - PG-CPTL/UFMS
Rauer Ribeiro Rodrigues - UFMS
Este artigo se volta para a afirmação de que a obra do autor mineiro Luiz Vilela contém apropriações de narrativas de Mark Twain e de Ernest Hemingway, conforme consta na dissertação de Mestrado de Celia Mitie Tamura, defendida na UNICAMP em 2006. Tamura diz: “Torna-se aparente a influência, a partir da leitura de textos de Twain, tais como The adventures of Huckeberry Finn e Tom Sawyer” (TAMURA, 2006, p. 92), a partir da seguinte consideração: “Faz-se visível na literatura de Vilela as apropriações especialmente em relação a Ernest Hemingway e Mark Twain” (TAMURA, 2006, p. 91). Para analisar essas afirmações, estudamos o conto “Meus oito anos” (VILELA, No Bar, 1968) a partir do conceito de intertextualidade, formalizado por Julia Kristeva, e da proposição de antropofagia, feita por Oswald de Andrade. Perguntamo-nos se Luiz Vilela empreende apropriação no sentido de plágio ou se as retomadas de autores de língua inglesa, em específico as dos autores norte-americanos mencionados por Tamura, se dão no âmbito da intertextualidade e da antropofagia. Nossa proposição central é de que, em sua obra, Luiz Vilela realiza antropofagia intertextual.
A ARQUITETURA ROMANESCA DE OS NOVOS, DE LUIZ VILELA
Rosana da Silva Araujo - PG-CPTL/UFMS
Rauer Ribeiro Rodrigues - UFMS
Este artigo estuda o primeiro romance do escritor mineiro Luiz Vilela, Os novos, de 1971. Trata-se de romance de recepção controversa, que recebeu elogios entusiasmados e críticas ferozes. Nosso objetivo central é analisar a relação entre ficção e história, evidente em Os novos, pois seu enredo encena a vida de jovens à procura de seu destino no início dos anos de chumbo do regime militar de 1964. Observa Candido, em Literatura e sociedade, que a arquitetura estrutural do romance, como gênero, dialoga com as estruturas da sociedade a que mimetiza. Goldmann, neste mesmo contexto, assevera que “a forma romanesca é, entre todas as formas literárias, a mais imediata e diretamente vinculada às estruturas econômicas, na acepção estrita do termo, às estruturas da troca e da produção para o mercado”. Dessa maneira, pressupomos que a construção ficcional dialógica de Os novos representa, por antítese, a superestrutura autoritária e excludente do Brasil dos anos 60 do século XX. Sendo assim, este artigo procura trilhar o caminho da intensa tensão política e social do pós 64 para relacioná-la à ficção de Vilela. Para comprovar nossa hipótese, voltamo-nos para o estudo da construção das personagens, para os estudos das relações teóricas entre ficção e história, e para pesquisa que relacione o enredo de Os novos ao momento político, social e econômico do Brasil da segunda metade dos anos 60 do século XX.
LEITURA SEMIÓTICA DA MORTE EM UM CONTO DE LUIZ VILELA
Waleska Rodrigues Martins - PG-UNESP/Araraquara
Rauer Ribeiro Rodrigues - UFMS
A ficção de Luiz Vilela, centrada no cotidiano do homem comum, construída com linguagem coloquial, sintaxe simples e enredos de aparência trivial, tem, sob águas que parecem plácidas, subtextos que elaboram significados, aprofundam sentidos, questionam verdades, satirizam o senso comum e discutem — abordando, entre outros temas, questões filosóficas e do âmbito religioso — o homem, ser ontológico e ser histórico. Este trabalho mostra esses aspectos na obra do ficcionista mineiro tendo por corpus o conto “Um peixe”, da coletânea Tarde da noite (1970). A partir de enredo que narra, na noite de um domingo qualquer, os desdobramentos de uma pescaria, estudamos a relação entre Eros e Tânatos, entre Princípio de Prazer e Princípio de Realidade. Nosso referencial é composto por estudos sobre o tema da morte, como História da morte no Ocidente e O homem diante da morte, ambos de Philippe Ariès, e de estudos que abordam os símbolos e os arquétipos inconscientes, tais como, por exemplo, o Bachelard, de A água e os sonhos. Valemo-nos também de estudos sobre a ficção de Luiz Vilela, para descrever a obra do escritor em suas linhas gerais e para homologar nossas conclusões. Desvelamos o homem como um ser conflitivo, em que grandes temas universais permeiam cotidiano mesquinho, impedindo-o de realizar seus desejos, arrojando-o, fraturado e sem forças, em existência banal.
O CÔMICO E O IRÔNICO NOS CONTOS DE LUIZ VILELA
Weder N. Ferreira-Jr - IFTM
Luciana, C. Gomes – IFTM
Desde tempos antigos, a arte de narrar tem sido uma necessidade humana. Essa necessidade persiste, o que possibilitou que o conto, enquanto gênero literário conquistasse lugar de prestígio entre outros consagrados gêneros narrativos. O conto, quando bem formulado, consegue entrelaçar toda a história em uma narrativa curta e envolvente, possibilitando uma leitura ágil. As formas narrativas mudaram ao longo dos anos e se adaptaram ao modo peculiar de cada época. Isso também aconteceu com o conto o qual, hoje, apresenta características mais contemporâneas que tiveram suas origens na prática regional como espelho do universal. Enquanto manifestação dos conflitos contemporâneos, o conto ganha mais espaço na literatura brasileira com o início do modernismo, que revisita o regionalismo e o expande para além da visão localista, tendendo a uma linhagem mais humanista. Entre os que se destacam nessa linha podemos citar Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Clarisse Lispector, Lygia Fagundes Telles entre outros, e, dos mais recentes, Luiz Vilela. Esse autor, escritor tijucano de contos, romances e novelas possui esse estilo contemporâneo e humanista de narrar suas histórias. O projeto de pesquisa tem como objetivo analisar as obras de Luiz Vilela nos aspectos cômico e irônico de suas narrativas. A ironia na literatura é como uma “pitada de sal” que incrementa e deixa a história fascinante. Já o cômico pode fazer uma parceria com a ironia na literatura, porém pode se concentrar sozinho em uma narrativa. Pretendemos ver como Luiz Vilela trabalha esses aspectos em seus contos.
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