No início de dezembro estará nas livrarias o romance Perdição. Narrativa que nasceu como conto, cresceu como novela e foi finalizada como romance, Perdição vem sendo - já há quase uma década - objeto das entrevistas concedidas por Luiz Vilela, e alguns capítulos curtos foram publicadas em órgãos de imprensa. O GPLV publicou, na digital luiz vilela, o capítulo "Oração aos cowboys".
A primeira menção a Perdição aconteceu na entrevista "Indestrutíveis diálogos", que Vilela concedeu ao jornal literário Rascunho, de Curitiba, publicada no nº 28, ano 3, em agosto de 2002, tendo por mote o lançamento do livro de contos A cabeça.
Eis o trecho sobre Perdição:
Ressaltam no trecho diversos topoi da ficção de Luiz Vilela:
Fosse novela, Perdição seria - hoje - a quarta de Vilela, que já publicou, no gênero, O choro no travesseiro (1979), Te amo sobre todas as coisas (1994) e Bóris e Dóris (2006). Sendo um romance, é o quinto na obra de Vilela. Para uma relação completa da bibliografia do escritor, veja a lista no final da biografia, atualizada até o lançamento de Perdição, que consta na aba Luiz Vilela.
Como se percebe, àquela época o romance ainda era visto, pelo autor, como uma novela, na terminologia em que a novela é uma narrativa cuja extensão está a meio caminho entre o conto e o romance. Vilela informa que faltavam apenas "retoques finais". Entre tal informação, a primeira sobre o romance, e o livro ser publicado, quase uma década só nos retoques, o que desvela mais uma característa do artesanato literário de Luiz Vilela: o trabalho constante de refazimento, de polimento, de busca da melhor e mais adequada forma para cada palavra, cada frase, cada período, cada parágrafo, cada fala de cada uma das personagens. Não seria assim, se não fosse Luiz Vilela, para quem, em afirmação que ele certa vez fez e que deveria ser um mantra para todos os escritores: "Uma única vírgula fora de lugar destroi um romance".
A primeira menção a Perdição aconteceu na entrevista "Indestrutíveis diálogos", que Vilela concedeu ao jornal literário Rascunho, de Curitiba, publicada no nº 28, ano 3, em agosto de 2002, tendo por mote o lançamento do livro de contos A cabeça.
Eis o trecho sobre Perdição:
E projetos? O senhor está planejando escrever algum novo livro? Ou já o está escrevendo?
Nem uma coisa nem outra. É melhor: eu já estou com um novo livro pronto. Só faltam os retoques finais. É uma novela, a minha terceira, e se chama Perdição. O título é extraído de um capítulo da segunda epístola de São Pedro, chamado "Os falsos mestres": "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá, também, falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E, por avareza, farão de vós negócio, com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." Mas pode também o título, quem sabe, ter sido extraído de uma passagem em que o personagem, depois de dizer que tivera tudo, dinheiro, carro, mulheres, confessa que não tinha mais nada, que perdera tudo. Ou, por que não?, de uma frase do narrador falando dos brincos da mulher que o procura com a aparente intenção de seduzi-lo: "ah, brincos de argolas grandes, minha perdição! será que ela sabia disso? será que ela sabia?" Ou, finalmente, ele não passaria de uma brincadeira do autor com as palavras, numa curiosa paronomásia? São Pedro e Perdição. Qual? Qual deles? O leitor que leia o livro e tire a sua conclusão. Pois mais não diz nem dirá o autor.
Ressaltam no trecho diversos topoi da ficção de Luiz Vilela:
- a presença da religião, invocada pelo intertexto bíblico e pela brincadeira com o nome de São Pedro;
- o erotismo, aqui na suave lembrança de que os brincos da mulher eram causa de perdição;
- o jogo lúdico com a linguagem, na paranomásia entre São Pedro e Perdição;
- o humor, próximo ao cáustico na paranomásia, com algo de ironia machadiana quando o narrador reduz momentaneamente a mulher que o quer seduzir a um par de brincos, escorrendo para a sátira na invocação da Bíblia em trecho que fala da mercantilização da religião;
- o humano hic et nunca, na tragédia da queda, da história sempre repetida do homem que perde tudo após alcançar sucesso, conquistas e glórias.
Fosse novela, Perdição seria - hoje - a quarta de Vilela, que já publicou, no gênero, O choro no travesseiro (1979), Te amo sobre todas as coisas (1994) e Bóris e Dóris (2006). Sendo um romance, é o quinto na obra de Vilela. Para uma relação completa da bibliografia do escritor, veja a lista no final da biografia, atualizada até o lançamento de Perdição, que consta na aba Luiz Vilela.
Como se percebe, àquela época o romance ainda era visto, pelo autor, como uma novela, na terminologia em que a novela é uma narrativa cuja extensão está a meio caminho entre o conto e o romance. Vilela informa que faltavam apenas "retoques finais". Entre tal informação, a primeira sobre o romance, e o livro ser publicado, quase uma década só nos retoques, o que desvela mais uma característa do artesanato literário de Luiz Vilela: o trabalho constante de refazimento, de polimento, de busca da melhor e mais adequada forma para cada palavra, cada frase, cada período, cada parágrafo, cada fala de cada uma das personagens. Não seria assim, se não fosse Luiz Vilela, para quem, em afirmação que ele certa vez fez e que deveria ser um mantra para todos os escritores: "Uma única vírgula fora de lugar destroi um romance".
(Rr).